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PolíticaEspanha

Espanha: direita vence, mas não forma maioria para governar

23 de julho de 2023

Com 99% das urnas apuradas, conservador Partido Popular (PP) teve 33% dos votos, à frente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, com 31,7%.

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Alberto Núñez Feijóo de óculos
Alberto Núñez Feijóo disse que uma coalizão com o Vox não seria o "ideal"Foto: Manu Fernandez/AP/picture alliance

Com mais de 99% dos votos apurados, o conservador de direita Partido Popular (PP) venceu as eleições antecipadas na Espanha neste domingo (23/07), mas ficou aquém da maioria necessária para governar.

O PP de Alberto Núñez Feijóo teve 33% dos votos, ficando um pouco à frente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de esquerda, do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez, que teve 31,7%.

De acordo com o jornal El País, isso daria ao PP 136 assentos na câmara baixa e ao PSOE, 122 assentos.

O Congresso é formado por 350 cadeiras e, portanto, são necessários 176 deputados para maioria absoluta. Desta forma, ambos os partidos precisariam do apoio de legendas menores para formar uma coalizão e poder governar.

O Vox, de extrema direita, que se ofereceu para se aliar ao PP, deve conquistar 33 cadeiras. Mas esse apoio por si só não seria o suficiente para o bloco de direita conquistar o poder. Somadas, as duas siglas teriam 169 cadeiras. 

No entanto, se essa parceria for confirmada no futuro, será a primeira vez que um partido de extrema direita entraria no governo da Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco, na década de 1970.

Por sua vez, o PSOE juntamente com o Sumar, de extrema esquerda, e as demais forças que apoiaram Pedro Sánchez em 2019 também não teriam a maioria absoluta, ficando em 172 assentos.

Pedro Sánchez com a mão direita no peito e a mão esquerda erquida
Pedro Sánchez antecipou eleição para tentar frear a direitaFoto: Emilio Morenatti/AP Photo/picture alliance

Sondagens davam vitória ao PP 

As pesquisas pré-eleitorais sugeriam que o PP ficaria em primeiro lugar, mas era improvável que garantisse maioria absoluta e pudesse depender do apoio do Vox para formar um governo.

Em entrevista publicada na sexta-feira no jornal El Mundo, Feijóo afirmou que um candidato não deveria divulgar suas alianças dois dias antes de uma eleição e acrescentou que um governo com o Vox "não seria o ideal".

No entanto, PP e Vox já se uniram para governar em dezenas de regiões e cidades desde as eleições locais de maio.

O apoio dos espanhóis ao partido anti-islã e antifeminista está em declínio. Na última eleição, em novembro de 2019, o Vox conquistou 52 cadeiras - 19 a mais do que neste domingo.

Por sua vez, para governar, o PSOE precisaria contar com o apoio do novo movimento chamado Somar, que reuniu 15 pequenos partidos de esquerda para tentar formar um governo.

Estas são as 26ª eleições gerais na Espanha desde o fim da ditadura, em 1977. Estavam aptos a votar 37,4 milhões de eleitores, dos quais 2,3 milhões vivem no exterior.

Dos eleitores residentes na Espanha, 1.639.179 podiam votar pela primeira vez, por terem completado 18 anos desde a votação anterior. 

Nesse pleito, foi registrado o recorde de maior votação por correio da história da democracia espanhola, com mais de 2,47 milhões de pessoas optando por essa forma em meio ao período de férias de verão no país.

As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio e na esperança de barrar um crescimento da direita.

Ânimos acirrados

Mais de 5 mil pessoas, entre elas várias que se deslocavam para votar, sofreram com uma avaria ferroviária na linha Madri-Valência, quebrando o clima de tranquilidade deste domingo de eleições.

Segundo relatou a empresa ferroviária pública Renfe, um incêndio ocorrido no sábado à noite em uma caixa de força que requereu a intervenção dos bombeiros provocou a suspensão da circulação devido às chamas, à fumaça e ao alagamento do túnel pela água utilizada para apagar o fogo.

De acordo com estimativas da Renfe, que também ofereceu sua colaboração a operadores privados, o serviço foi "totalmente suspenso" e os passageiros receberam soluções alternativas em outros trens ou ônibus.

O incidente gerou preocupação entre os eleitores e políticos e representantes públicos, como a prefeita de Valência, a conservadora María José Catalá, que cobrou alternativas para que nenhum eleitor ficasse sem exercer seu voto.

A origem do problema foi um incêndio, cujas causas ainda estão sendo investigadas, que desativou as bombas que permitem a drenagem de um túnel.

(AP, AFP, EFE, Reuters)