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HistóriaEuropa

Wolfsschanze, onde Hitler planejou a guerra e o Holocausto

Suzanne Cords
25 de julho de 2022

Escondida nas florestas da Polônia, a "Toca do Lobo" era o quartel-general do líder nazista, onde planos eram traçados para a Segunda Guerra e o genocídio de judeus e onde ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato.

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Antigo bunker de Hitler na Polônia
O bunker de Hitler era fortificado e escondidos numa área de mataFoto: Suzanne Cords/DW

O antigo quartel-general do Führer era perfeitamente camuflado e impossível de ser visto do ar. Altas árvores de folhas caducas e redes escondiam a instalação. Em nenhum outro lugar Adolf Hitler passou tanto tempo durante a Segunda Guerra Mundial – o ditador esteve por cerca de 830 dias no bunker da Wolfsschanze (Toca do Lobo, em português).

Do lado de fora, o bunker de Hitler lembra uma antiga tumba egípcia. Hitler viveu nesta tumba, onde trabalhou e dormiu. "Parecia que as paredes de concreto de sete metros de espessura que o cercavam figurativamente o separavam do mundo exterior e o aprisionavam em sua loucura", diz o guia turístico Lukas Polubinski.

A natureza retorna ao local

Quando o Exército Vermelho, as forças armadas da União Soviética, se aproximavam, a Wehrmacht alemã explodiu os quartéis, em 24 de janeiro de 1945. Mas os enormes edifícios de aço não foram completamente destruídos. Após a guerra, os moradores saquearam materiais de construção das ruínas, mas enormes blocos de concreto ainda estão na floresta, cobertos de samambaias e musgo.

Os campos minados foram limpos, e turistas visitam a Wolfsschanze desde 1959. Quase 80 anos depois, os visitantes ainda podem sentir a atmosfera do lugar onde Hitler, seus generais e marechais não apenas planejaram campanhas, mas também discutiram detalhes do genocídio dos judeus.

Por um tempo, um operador turístico permitiu que os visitantes se sentassem em tanques e jogassem jogos de guerra com armas de ar. Mas a abordagem desencorajou visitantes em potencial, segundo Polubinski. Desde 2017, o lugar está sob gestão estatal. Cerca de 300 mil pessoas o visitam anualmente, a maioria da Polônia, mas também de outros países mundo afora.

É proibido entrar nos restos do bunker, mas alguns visitantes sobem nos poucos corredores restantes. "Tivemos que retirar muitas pessoas que se machucaram", afirma Polubinski, aconselhando o grupo a "ficar nas trilhas". 

Guia turístico Lukas Polubinski explica o mapa da "Toca do Lobo"
Guia turístico Lukas Polubinski explica o mapa da "Toca do Lobo"Foto: Suzanne Cords/DW

Tentativa de assassinato

Poucos passos após entrar na área, há uma placa em homenagem a Claus Schenk Graf von Stauffenberg. Em 20 de julho de 1944, o coronel tentou matar Hitler com uma bomba no local. O ataque fracassou.

"Não foi o primeiro atentado contra a vida do Führer", afirma Lukas Polubinski, acrescentando que houve pelo menos 42 ataques ao ditador. 

Placa em homenagem a Claus Schenk Graf von Stauffenberg
Placa em homenagem a Claus Schenk Graf von StauffenbergFoto: Suzanne Cords/DW

Planejando a invasão da União Soviética

Por que os aliados não atacaram a Wolfsschanze para acabar com o terror nazista? "Simplesmente porque os bunkers eram maciços demais", diz Polubinksi. "Provavelmente os britânicos e os americanos sabiam desde o verão de 1943 que a Wolfsschanze existia, mas eles não estavam preocupados com os edifícios – eles queriam pegar Hitler. E eles não sabiam quando ele estaria lá."

Além disso, argumenta o guia turístico, os aviões da época não tinham autonomia para voar até a Prússia Oriental, lançar bombas e retornar à Inglaterra.

Hitler escolheu o local na Prússia Oriental não só porque era um bom esconderijo, mas sobretudo porque não ficava longe da fronteira russa, segundo Polubinksi. Em 22 de junho de 1941, ele ordenou o ataque à União Soviética a partir da Wolfsschanze.

Sala com foto em tamanho natural de Hitler
Prédio reconstruído onde Hitler sofreu atentado a bombaFoto: Michal Fludra/NurPhoto/picture alliance

Quarto Âmbar em Mauerwald?

A poucos quilômetros de distância, também bem escondido na densa floresta mista de coníferas, o Alto Comando do Exército havia instalado seu quartel-general, conhecido como Mauerwald.

Diferentemente da Wolfsschanze, esses bunkers não foram destruídos. Figuras em tamanho real foram colocadas nas salas úmidas e opressivas. Visitantes podem se maravilhar com uma réplica de um submarino e, surpreendentemente, uma réplica da lendária Sala de Âmbar, uma câmara decorada com painéis de âmbar.

Paredão de pedra com entrada perto de área com plantas
Entrada do Mauerwald, onde ficava o Alto Comando do ExércitoFoto: Suzanne Cords/DW

Foi um presente que o rei prussiano Frederico Guilherme 2º (Friedrich Wilhelm 2º) deu ao czar Pedro 1º, o Grande, em 1716, como sinal de sua amizade e para confirmar a aliança entre seus países.

O czar exibiu a câmara em seu palácio em São Petersburgo. Mas durante a Segunda Guerra Mundial, soldados nazistas o roubaram e até hoje ninguém sabe onde está.

Naquela época, o chefe do distrito da Prússia Oriental, Erich Koch, sugeriu que o precioso salão poderia estar escondido no Mauerwald. Após a guerra, ele não foi executado porque as autoridades esperavam que ele revelasse o paradeiro. Ele se manteve em silêncio, no entanto. Mauerwald foi alvo de buscas várias vezes, mais recentemente em 2017, mas o tesouro segue desaparecido.