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PolíticaHolanda

Ultradireitista desiste de ser premiê na Holanda

14 de março de 2024

Após vencer eleições, populista de direita Geert Wilders abre mão de chefiar governo, mas conversas para coalizão com seu partido continuam. Atual primeiro-ministro, Mark Rutte, fica provisoriamente no cargo.

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Geert Wilders dá entrevista diante de microfones
Wilders construiu a sua carreira numa cruzada contra o que chama de "invasão islâmica” do OcidenteFoto: Bart Maat/ANP/picture alliance

O ultradireitista Geert Wilders, cujo partido venceu as eleições legislativas de novembro passado na Holanda, anunciou nesta quarta-feira (13/03) que não será o primeiro-ministro do país devido à falta de apoio ao seu nome dos partidos com os quais tenta formar uma coalizão de governo.

"Só posso me tornar primeiro-ministro se todos os partidos da coligação me apoiarem. Não foi este o caso", afirmou Wilders em postagem na rede social X, após quase quatro meses de negociações em busca de uma solução.

Ele afirmou que, com sua renúncia a ocupar o cargo, ele abre caminho para um governo de direita com uma política voltada para menos imigração e asilo.

Em 23 de novembro, o Partido da Liberdade (PVV), liderado por Wilders, venceu as eleições legislativas com um discurso abertamente antieuropeu e islamofóbico. A sigla obteve 37 assentos no Parlamento de 150 cadeiras, vencendo confortavelmente o pleito, à frente da aliança de esquerda de Frans Timmermans, com 25 assentos.

Os quatro partidos de direita atualmente em conversas para formar uma coalizão, incluindo o PVV de Wilders, continuam em diálogo para uma aliança governamental, tendo concordado em buscar um acordo nos últimos dias. Os detalhes devem ser anunciados nesta quinta-feira. O Parlamento deve discutir o assunto na próxima semana e decidir sobre as próximas etapas. 

Mensagem anti-imigração repercutiu no eleitorado

mensagem anti-imigraçãode Wilders que inclui o fechamento de fronteiras e a deportação de imigrantes ilegais, parece ter repercutido profundamente entre os eleitores holandeses, embora o PVV tenha ficado aquém de uma maioria que lhe permitiria governar sozinho.

No altamente fragmentado sistema político holandês, onde nenhum partido é suficientemente forte para governar sozinho, o anúncio dos resultados eleitorais marcou o início de meses de negociações.

Nos últimos dias, o jornal holandês Algemeen Dagblad descreveu as conversações como uma "catástrofe à espera de acontecer", repleta de "veneno, críticas mútuas e fofocas".

Com o impasse, o atual primeiro-ministro, Mark Rutte, permanece no cargo enquanto o país aguarda a formação de um novo governo. Ele, no entanto, é o favorito se tornar o próximo secretário-geral da Otan.

Discurso suavizado

Wilders, de 60 anos, e seu cabelo oxigenado fazem parte do cenário político holandês há décadas, onde construiu a sua carreira numa cruzada contra o que chama de "invasão islâmica” do Ocidente.

Nem os seus desentendimentos com a Justiça holandesa, que o considerou culpado de insultar os marroquinos – a quem chamou de "escória" – nem as ameaças de morte, que o mantiveram sob proteção policial desde 2004, o desencorajaram.

Durante a campanha, o ultradireitista procurou polir sua imagem, suavizando algumas das suas posições mais polêmicas. Em particular, afirmou que existem "problemas mais sérios” do que a redução do número de requerentes de refúgio e que poderia deixar de lado algumas das suas posições anti-Islã, prometendo concentrar-se mais na "segurança e saúde”.

No dia da votação, ele chegou a afirmar que iria ser um primeiro-ministro para "todos na Holanda, independentemente de religião, origem ou sexo”.

Analistas políticos apontam que a desistência de Wilders não significa um grande sacrifício para o ultradireitista. Ele poderá ter um papel importante como líder de sua bancada no Parlamento, sem estar sujeito às críticas e responsabilidades do cargo de primeiro-ministro.

rc (Lusa, DPA)