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Quatro garimpeiros morrem em confronto com a PRF

1 de maio de 2023

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, agentes foram recebidos a tiros por garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami e revidaram para se defender. Um dia antes, lideranças indígenas denunciaram ataque de invasores.

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A imagem mostra helicópteros sobrevando uma área de garimpo ilegal nas Terras Indígenas Yanomami no estado de Roraima. Em meio a muitas árvores, é possível avistar uma grande área devastada onde garimpeiros extraíam minérios.
Mais de 300 acampamentos de garimpeiros foram destruídos em três mesesFoto: Edmar Barros/AP Photo/picture alliance

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou nesta segunda-feira (01/05) a morte de quatro garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami. Eles teriam reagido a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o ministério, durante a ação, foi apreendido armamento de grosso calibre.

O confronto ocorreu na noite de domingo em meio a uma operação de controle de um depósito ilegal conhecido como "Oro mil", localizado dentro da Terra Indígena Yanomami.

"Houve confronto na ação de domingo e quatro garimpeiros morreram, entre eles um foragido da Justiça do estado do Amapá. Agentes federais apreenderam 11 armas com criminosos: espingardas calibre 12mm, um fuzil e pistolas calibre 45, de uso restrito. Os corpos chegaram a Boa Vista na noite de domingo", informou, em nota, o ministério.

Segundo um comunicado da PRF, o ataque ocorreu no momento em que uma aeronave das forças de segurança tentava aterrissar no local. Os garimpeiros, portando "armas de alto calibre, dispararam contra os agentes numa tentativa de os repelir", mas sem sucesso.

"Os policias se defenderam e alvejaram quatro homens armados que acabaram não resistindo aos ferimentos", diz a nota.

Morte de indígena

A ação da polícia ocorreu após ataques registrados na Terra Indígena Yanomami. Segundo lideranças indígenas, três yanomami foram baleados na tarde de sábado. Uma das vítimas, um agente de saúde de 36 anos que atuava na comunidade, morreu no local. As outras duas vítimas foram socorridas no posto de saúde que funciona na própria reserva e, posteriormente, transferidas para o Hospital Geral de Roraima (HGR), onde estão internadas.

No domingo, agentes da Polícia Federal (PF) estiveram na comunidade Uxiu da Terra Indígena Yanomami para periciar o local e colher depoimentos preliminares de testemunhas.

De acordo com o ministério, há indícios de que uma facção criminosa controla o garimpo onde ocorreu o confronto. O ataque de domingo foi o quarto contra equipes do Ibama desde 6 de fevereiro.

Em reação ao ataque, o governo federal enviou uma comitiva a Roraima, incluindo as ministras da Saúde, Nisia Trindade, dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, que viajaram nesta segunda-feira a Boa Vista. Marina e Sônia sobrevoaram áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Nisia esteve no HGR para visitar os dois indígenas internados.

Balanço de três meses de operação 

O clima de tensão entre os invasores e os yanomami tem aumentado desde o final de janeiro, quando o presidenteLuiz Inácio Lula da Silvase comprometeu com a eliminação do garimpo ilegal, após o país decretar emergência na Terra Indígena Yanomami devido à grave situação sanitária, provocada também pela intensa atividade dos mineiros, que contaminaram os rios com mercúrio e devastaram parte do território.    

Segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, desde então, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas 36 toneladas de cassiterita – de onde é extraído o estanho –, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos.

De acordo com a Agência Brasil, imagens de satélite apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, conforme os indígenas, apesar dos esforços, as ações do governo ainda são insuficientes. 

le (Lusa, EBC, ots)