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Moscou diz ter levado 700 mil crianças da Ucrânia ocupada

3 de julho de 2023

Informação foi divulgada por senador russo, que afirmou que as crianças "encontraram refúgio" em seu país. Ucrânia e EUA acusam Kremlin de levar as crianças ilegalmente.

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Centenas de pequenos ursos de pelúcia estão próximos de evelas, no chão, em frente a um dos prédios da União Europeia em Bruxelas. A imagem simboliza o protesto pelo retorno das crianças levadas da Ucrânia para a Rússia durante a guerra.
Protesto em Bruxelas, em fevereiro de 2023, pede o retorno das crianças levadas da Ucrânia para a RússiaFoto: NICOLAS MAETERLINCK/Belga/IMAGO

De acordo com uma declaração proferida neste domingo (02/07) pelo senador Grigory Karasin, que chefia o Comitê Internacional no Conselho da Federação, Moscou retirou cerca de 700 mil crianças de zonas de conflito na Ucrânia e as levou para território russo.

"Nos últimos anos, 700 mil crianças encontraram refúgio conosco, fugindo dos bombardeios e ataques nas áreas de conflito na Ucrânia", escreveu Karasin no Telegram.

Conforme a agência de notícias Reuters, Moscou argumenta que o programa de transportar crianças da Ucrânia para a Rússia visa proteger órfãos e crianças abandonadas em zonas de conflito.

Kiev, em contrapartida, afirma que muitas crianças foram deportadas ilegalmente, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos dizem que milhares de crianças foram retiradas à força de suas casas.

A maioria desses movimentos de levar crianças para a Rússia teria ocorrido logo nos primeiros meses da invasão, que começou oficialmente em 24 de fevereiro de 2022, e, portanto, antes de a Ucrânia iniciar sua maior contraofensiva, o que ocorreu no final de agosto do ano passado, para recuperar territórios ocupados no leste e no sul do país.

Ainda segundo a Reuters, em julho de 2022, os EUA estimaram que a Rússia havia "deportado à força" ao menos 260 mil crianças, enquanto o Ministério da Integração dos Territórios Ocupados da Ucrânia destaca que, atualmente, são 19.492 as crianças ucranianas consideradas deportadas de forma ilegal.

Investigação em Haia

Depois de meses de insistência por parte de Kiev, foi aberto nesta segunda-feira em Haia, na Holanda, um gabinete internacional para investigar a invasão russa da Ucrânia, o que seria o primeiro passo concreto para um possível julgamento, futuramente, contra as lideranças de Moscou.

O Centro Internacional para o Julgamento de Crimes de Agressão contra a Ucrânia (ICPA, na sigla em inglês) tem apoio da União Europeia (UE) – que anunciou a criação do ICPA em fevereiro – e dos EUA, e conta com promotores de Kiev, UE, EUA e do Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem sede em Haia.

Por meio das investigações, o gabinete buscará reunir provas contra envolvidos em crimes de guerra na Ucrânia. Esta ação, no entanto, é vista como preliminar para a criação de um tribunal especial que possa, posteriormente, levar funcionários do Kremlin à Justiça por serem responsáveis pelo início da guerra.

O lobby de Kiev para a criação de um órgão investigador contra possíveis crimes de guerra russos em território ucraniano vem ocorrendo principalmente desde a descoberta de centenas de cadáveres de civis enterrados em valas comuns em Bucha, um subúrbio da capital ucraniana.

O TPI já está investigando crimes de guerra e contra a humanidade na Ucrânia, porém são casos mais específicos, e já emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, em março deste ano, devido a supostas deportações de crianças.

gb (Reuters, ots)