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Sucessão na AIEA

1 de dezembro de 2009

El Baradei é sucedido por japonês Yukia Amano no comando da Agência Internacional de Energia Atômica. Egípcio deixa o cargo, sem ter solucionado disputa nuclear com o Irã.

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Novo chefe da AIEA traz experiência e know-howFoto: AP

Ao assumir a direção-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), nesta terça-feira (01/12), o japonês Yukia Amano sucede ao legado de 12 anos ou três mandatos do egípcio Mohamed El Baradei.

Amano herda também a tarefa de resolver um dos principais problemas que El Baradei não conseguiu solucionar: o impasse nuclear com Teerã.

Prêmio Nobel da Paz

Apesar de seus esforços pela paz mundial, El Baradei finalizou seu último mandato justamente em um momento de acirramento do conflito com o Irã. Na última reunião em que participou como diretor-geral da agência, na última sexta-feira (27/11), ele teve que presenciar a adoção de uma nova resolução da AIEA contra o país.

Mohammed el Baradei
El Baradei não conseguiu resolver tarefa importante: disputa nuclear com IrãFoto: AP

El Baradei sempre se esforçou energicamente para melhorar a relação com a República Islâmica e esperava encontrar, ainda no seu mandato, ao menos o início de uma solução para a disputa nuclear com Teerã. Apesar do desapontamento, El Baradei pode se orgulhar dos anos que passou no comando da AIEA.

Em 2003, ele se posicionou contra a Guerra do Iraque e trabalhou incansavelmente a fim de desmontar os argumentos que os EUA utilizaram para justificar a investida militar contra o país do Oriente Médio. El Baradei afirmou que a AIEA não tinha provas da existência ou construção de armas de destruição em massa por Bagdá. Essa postura firme e íntegra garantiu a ele e à sua organização o Prêmio Nobel da Paz em 2005.

Sua relação com os EUA sempre foi tensa. A distensão veio somente após a ascensão de Barack Obama ao poder. A participação dos EUA nas negociações nucleares com o Irã pode ser vista como uma pequena vitória de El Baradei. Mas, ao que tudo indica, a comunidade internacional ainda está longe de encontrar uma solução para o problema.

Experiência e know-how

Essa tarefa cabe agora a Yukia Amano, japonês de 62 anos provindo do único país que foi alvo de bombardeios atômicos. A destruição de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, provocou a morte de 150 mil a 250 mil pessoas. Sua vivência direta do martírio de conterrâneos fez com que Amano se engajasse contra a proliferação de armas nucleares.

Para seu novo cargo, Amano traz experiência e know-how. Em 1983, ele assumiu a direção do departamento de energia nuclear no Ministério japonês do Exterior. Dez anos mais tarde, foi promovido a diretor-geral de ciência e controle armamentista.

O novo diretor-geral da AIEA trabalhou na Embaixada Japonesa em Bruxelas, Vientiane (Laos) e Washington. Desde 2005, representa seu país junto à AIEA em Viena.

Reservado e cuidadoso

Seus colegas o consideram um diplomata reservado e cuidadoso. Alguns o caracterizam até mesmo como um burocrata pragmático, sem lhe atribuir nenhuma ênfase pessoal.

Tal característica pode vir a lhe ajudar em sua atividade em Viena, mas céticos temem que sua cautela exacerbada possa levar à consolidação de conflitos. Isso teria consequências fatais, porque a outra tarefa que o espera, além do Irã, não é nada fácil: a Coreia do Norte.

Ao realizar dois testes nucleares nos últimos três anos, o regime de Kim Jong-il causou grande apreensão na comunidade mundial. E, no momento, parece não existir nenhum esboço de solução para a ameaça do programa nuclear norte-coreano.

Autor: S. Ballweg / P. Philipp / C. Albuquerque

Revisão: Simone Lopes