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G-8: progresso a passos curtos

(rr)8 de julho de 2005

Cúpula do G-8 foi marcada pelas explosões em Londres, mas os líderes dos oito países chegaram ao menos a um acordo – o aumento da ajuda a países em desenvolvimento. ONGs criticam indefinição na questão ambiental.

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Líderes do G-8 e de nações africanas aplaudem premiê britânicoFoto: AP

As explosões em Londres mudaram drasticamente a pauta do encontro de cúpula do G-8. Nunca, nos 30 anos da história da cúpula, os políticos presentes se mostraram tão sérios diante das câmeras. O presidente francês, Jacques Chirac, resumiu a atitude dos políticos presentes em uma frase: "O objetivo dos terroristas era destruir o G-8. Mas eles não conseguiram".

Assim que o premiê britânico, Tony Blair, retornou a Gleneagles, chefes de Estados e governo das sete nações mais ricas do mundo mais a Rússia deram prosseguimento às negociações. O presidente Lula retornou a Brasília na tarde da quinta-feira sem seu encontro bilateral com Blair, que acabou sendo substituído por um encontro do G-4 (Brasil, Alemanha, Índia e Japão), grupo dos países que solicitam reformas estruturais na ONU.

África: ajuda financeira dobrada

O maior mérito do encontro foi o anúncio feito nesta sexta-feira (08/07) de que os países do G-8 concordaram com a proposta britânica de aumentar a ajuda financeira a países em desenvolvimento em 50 bilhões de dólares por ano até 2010. Destes, 25 bilhões serão destinados exclusivamente à África – praticamente dobrando o atual apoio ao continente.

G8 Gipfel in Gleneagels Konferenzraum Teilnehmer
Sala de conferências em GleneaglesFoto: AP

"Não é o fim da pobreza na África, mas aumenta a esperança de que ela possa ser extinta", disse Blair, após o encontro do qual participaram líderes políticos de sete países africanos – Argélia, Etiópia, Gana, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tanzânia –, além do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

Segundo o presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, os 25 países da UE contribuirão com 80% do valor prometido. Com a inclusão da garantia financeira no relatório final do encontro, o Reino Unido conseguiu fazer valer sua vontade, apesar do receio por parte dos EUA, Alemanha, Itália e Canadá. A Alemanha temia que o simples fornecimento de créditos financeiros, sem uma cláusula de controle, poderia se tornar numa forma de incentivo a governos corruptos. A criação de um imposto sobre passagens aéreas foi discutida, mas sem resultados.

O relatório fala em "uma oportunidade histórica para a África" e confirma também o anúncio, feito em junho, do perdão imediato da dívida externa para os 18 países mais pobres do globo, 14 deles situados na África. Trata-se de um montante avaliado em 40 bilhões de dólares.

Acordo informal quanto ao clima

Os países do G-8 também chegaram a um acordo, embora apenas informal, quanto à questão climática. Devido à disparidade de opiniões entre os Estados Unidos e a União Européia, o grupo desistiu de incluir no relatório final dados concretos sobre a redução da emissão de gases poluentes, bem como a estipulação de limites para o aquecimento global.

Edinburgh Protestmarsch G8 Gipfel
Protestos em EdimburgoFoto: AP

Organizações ecológicas criticaram severamente a falta de dados concretos. O Greenpeace falou em "uma chance perdida". Na luta contra o aquecimento global, "pouco ou quase nada foi alcançado".

Para a organização ambiental WWF, o encontro na Escócia não representou nenhum avanço concreto, apesar de os líderes haverem reconhecido que a questão climática não necessita apenas de uma solução técnica, mas antes depende da mudança de comportamento da população.

Especialmente quanto ao presidente dos EUA, George W. Bush, não se poderia notar "nenhum movimento". Dos oito países do grupo, os Estados Unidos são o único que ainda não ratificou o Protocolo de Kyoto, que prevê a redução da emissão de gases poluentes.

"O encontro de cúpula do G-8 falhou em fornecer declarações claras com o objetivo de manter o aumento da temperatura global abaixo da marca de dois graus Celsius", criticou a diretora do programa climático da WWF, Jennifer Morgan.