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Estrangeiros dão boas notas às universidades alemãs

(rr)27 de junho de 2004

Boas notícias no mundo acadêmico alemão: pesquisadores internacionais se dizem satisfeitos com a situação das universidades alemãs, diz estudo da Fundação Humboldt, realizado com mais de 1700 pesquisadores de 98 países.

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Prédio principal da Universidade Humboldt, em BerlimFoto: dpa zb

Os alemães reclamam de salas de aula lotadas, falta de docentes qualificados, universidades mal equipadas. Entretanto, um estudo feito pela Fundação Alexander von Humboldt vem resgatar o prestígio das instituições científicas alemãs no meio acadêmico internacional.

A pesquisa foi feita entre mais de 1700 pesquisadores de 98 países, com faixa etária média de 34 anos e que passaram mais de 15 meses em instituições de pesquisa alemãs entre 1997 e 2001. Mais de 60% dos entrevistados vêm de países em desenvolvimento. As nações melhor representadas são a China, a Rússia, os EUA e o Japão.

Do total, mais de 93% disseram ter obtido resultados científicos positivos durante a estadia no país, informou Wolfgang Frühwald, presidente da fundação. Quanto à vida fora das universidades, 86% afirmaram estar muito satisfeitos com o cotidiano nas cidades alemãs.

Até a fama de antipatia dos alemães foi refutada: apesar de tantos preconceitos, eles foram descritos como um povo amigável, prestativo e carinhoso com as crianças, embora muitos tenham se queixado do fato de muitos alemães não falarem inglês.

Um dos aspectos mais elogiados foi o alto nível científico. "O resultado mostra que o ambiente acadêmico é excelente e as bibliotecas e universidades estão equipadas de forma que se possa trabalhar bem", relatou Frühwald. "Mas me parece que, especialmente no caso das bibliotecas, atingimos um limite mínimo, abaixo do qual não podemos nos situar se quisermos manter uma boa reputação internacional", reconhece.

Nem tudo são flores

Críticas também houve, tais como o difícil acesso a computadores e à internet. Mas a principal queixa dos bolsistas foi quanto à antipática recepção nos Ausländerbehörde, os órgãos públicos nos quais todo estrangeiro residente na Alemanha deve se registrar. Apenas 20% das declarações obtidas pelo estudo a respeito destes departamentos foram positivas.

Houve comentários do tipo "difícil de entender por que eles convidam cientistas estrangeiros, enquanto tais práticas xenófobas são toleradas nos Ausländerbehörde" ou "embora eu tivesse todos os papéis exigidos pela fundação, eles me trataram como se eu estivesse pedindo asilo político". Não foi à toa que a fundação decidiu premiar o "departamento de estrangeiros mais simpático do país".

Outro problema é a dificuldade de encontrar apartamentos mobiliados, uma vez que muitos pesquisadores, principalmente da África e da Ásia, viajam com suas famílias e não podem hospedar-se a longo prazo em moradias para estudantes.

Universidades de elite?

O estudo também comprova que, quando é possível convidar cientistas sob condições semelhantes às oferecidas, por exemplo, pelos Estados Unidos, muitos optam por vir para a Alemanha. Segundo Georg Schütte, secretário-geral da fundação, "a dominância dos Estados Unidos começa a diminuir". Para ele, é cada vez mais importante convidar cientistas de primeira classe, pois "os bons estudantes procuram estar onde os melhores de suas áreas estão".

Frühwald pleiteou ainda a criação de universidades de elite, um projeto polêmico e intensamente discutido na Alemanha. Segundo ele, tais instituições tornariam o ambiente acadêmico alemão mais interessante para cientistas internacionais. "Se realmente for distribuído 1,9 bilhão de euros durante os próximos cinco anos para as melhores universidades, esse seria o maior programa de incentivo às universidades nos últimos 15 ou 20 anos", argumenta.