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Das telas para a sala de aula

av21 de julho de 2003

O ensino alemão descobre a sétima arte. Como já ocorre com a literatura, haverá uma lista de filmes “obrigatórios” para os escolares.

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Filme do espanhol Pedro Almodóvar é o mais recente no cânon das obras de valor educativoFoto: AP

Até recentemente o cinema não tinha muito lugar nas salas de aula da Alemanha. Uma situação que deverá mudar em breve: com a colaboração dos principais cineastas do país, o Centro Federal de Educação Política (BPB) elaborou uma lista de 35 filmes a serem incluídos no currículo escolar a partir do próximo ano.

Através dessas obras exemplares, a organização espera incorporar o mundo do cinema, como elemento permanente, na educação escolar. E assim, familiarizar as crianças com “um meio que, como nenhum outro, tem influenciado a cultura e o quotidiano do homem moderno”, comentou Thomas Krüger, presidente do BPB.

Essencial para a educação

Segundo Krüger: “Embora a imagem em movimento seja um dos meios universais que marcaram o século 20, sua importância não se reflete nos programas escolares, como acontece com a literatura”. A idéia de estabelecer um cânon pedagógico-cinematográfico nasceu no fórum Film goes to school, realizado em março deste ano.

Agora, 19 pela política de ensino e representantes das áreas de produção e distribuição cinematográficas – inclusive os diretores Tom Tykwer (Corra, Lola, corra) e Volker Schloendorff (O tambor) – reuniram-se para aprofundar a discussão. Eles selecionaram, dentre 271 películas importantes, as 35 essenciais à educação cinematográfica infanto-juvenil. O número inicialmente planejado, de 25, teve que ser ampliado, numa prova da extrema dificuldade da tarefa, sobretudo no tocante às produções mais recentes.

Luz e câmara. Ação, não!

Charlie Chaplin
Charlie Chaplin em 'O garoto'Foto: AP

O cânon inclui tanto obras alemãs como internacionais: de clássicos incontestados como O mágico de Oz (1939) e A estrada (1954), de Federico Fellini, a filmes aclamados porém relativamente recentes, a exemplo de Taxi driver (1975), de Martin Scorsese, e Alice nas cidades (1973), do alemão Wim Wenders.

Como um dos critérios era as obras haverem comprovado seu valor durante, pelo menos, uma década, o cânon inclui apenas duas dos anos 90: O doce amanhã (1997), de Atom Egoyan e Tudo sobre minha mãe (1999), de Pedro Almodóvar.

Embora a lista abarque quase 100 anos de produção, é notável a ausência de filmes de ação e dos mais leves sucessos de bilheteria modernos. “Nem todo filme que ‘todo o mundo’ vai assistir é apropriado à educação”, explicou o diretor do BPB. Favoritos recentes do público mundial – sobretudo às técnicas de animação por computador empregadas – como Matrix ou O Senhor dos Anéis, por exemplo, estão fora do cânon.

Segundo Alfred Holighaus, diretor da programação alemã do Festival Internacional de Cinema de Berlim, seria “absurdo” incluir uma película de ação como Matrix no cânon.

A permanência dos clássicos

“Há muito nos clássicos que é relevante ainda hoje em dia”, afirmou Helmut Prinzler, que dirige o Museu do Cinema de Berlim. Isso não significa que o Gordo e o Magro, por exemplo, ou A corrida do ouro de Charlie Chaplin tenham garantia de permanência na lista. A atual seleção será discutida pela Conferência Permanente dos Secretários Estaduais de Educação e Cultura da Alemanha, responsável pelos currículos escolares. O órgão decidirá no segundo semestre de 2003 quais filmes os professores deverão exibir a seus alunos.

A partir de 21 de julho, o BPB abre um fórum para discussões em seu site.

(Para ver a lista dos 35 selecionados, clique no link "Cânon cinematográfico para as escolas")