1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
VariedadesGlobal

Cometa verde volta a aparecer no céu depois de 50 mil anos

11 de janeiro de 2023

Descoberto há menos de um ano, o C/2022 E3 (ZTF) passou perto da Terra pela última vez quando ela era habitada pelos neandertais e ficará visível por algumas semanas.

https://p.dw.com/p/4M1CG
Cometa C/2022 E3 (ZTF)
A cor verde, pouco comum, possivelmente se deve à presença de carbono diatômico, em especial em torno da cabeça do cometaFoto: Dan Bartlett/NASA

Um cometa de cauda verde recentemente descoberto será visível pela primeira vez em 50 mil anos nesta quinta-feira (12/11) e ao longo das próximas semanas.

O cometa, chamado C/2022 E3 (ZTF), é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, e foi descoberto em março de 2022 pelo programa Zwicky Transient Facility (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin, do Observatório Palomar, na Califórnia.

Ele foi detectado quando passava pela órbita de Júpiter e alcançará seu periélio (ponto mais próximo do Sol) nesta quinta-feira, quando estará a uma distância de 166 milhões de km do astro.

O ponto mais próximo da Terra, a uma distância de 42 milhões de km, será alcançado no dia 1º de fevereiro, segundo os astrônomos que estudaram a trajetória do cometa.

Por que verde?

Quando um cometa se aproxima do Sol, o gelo ao redor do núcleo dele passa para o estado gasoso, e o resultado é uma larga cauda que reflete a luz solar, conhecida pelo nome técnico de coma.

É esse rastro que poderá ser visto a partir da Terra, inicialmente no Hemisfério Norte, à medida em que o cometa for se aproximando do planeta.

A cor verde, pouco comum, possivelmente se deve à presença de carbono diatômico, em especial em torno da cabeça do cometa.

O cometa brilhará com todo o seu esplendor quando estiver mais perto da Terra, o que deverá ocorrer em 1º de fevereiro.

Mesmo assim, será menos espetacular que os cometas de Hale-Bopp (1997) ou o Neowise (2020), que eram muito maiores.

Melhor período de observação

Com um bom par de binóculos, ou até mesmo a olho nu, o cometa poderá ser visto à noite, desde que o céu esteja limpo e sem poluição luminosa.

No Hemisfério Norte, o melhor período para a observação será no fim de semana dos dias 21 e 22 de janeiro e na semana seguinte, quando o cometa passará pelas constelações da Ursa Menor e da Ursa Maior.

Depois poderá ser visto no Hemisfério Sul, tendo sua melhor visibilidade no início de fevereiro, antes de voltar para os confins do Sistema Solar.

Na época dos neandertais

Os astrônomos calculam que a origem do cometa verde seja a Nuvem de Oort, uma enorme nuvem esférica de cometas situada a quase 1 ano-luz de distância do Sol, no limite do campo gravitacional da estrela.

Acredita-se que todos os cometas de longo período, como o C/2022 E3 (ZTF), tenham origem na Nuvem de Oort, ao passo que os cometas de curto período (menos de 200 anos) se originem no Cinturão de Kuiper.

O C/2022 E3 (ZTF) já visitou o interior do Sistema Solar há cerca de 50 mil anos, no Paleolítico Superior, quando também passou perto da Terra, então habitada pelos neandertais.

Alguns astrônomos dizem que ele retornará em 50 mil anos, enquanto outros afirmam haver uma boa chance de ele ser ejetado para sempre do Sistema Solar.

A órbita do cometa ao redor do Sol é tão longa que ela ultrapassa os limites do Sistema Solar. Isso explica por que ele leva tanto tempo para voltar.

Cientistas pretendem observá-lo para aprender um pouco mais sobre a composição dos cometas, em especial com a ajuda do poderoso telescópio James Webb.

"Vamos observá-lo por todos os lados. Não é o cometa do século, mas estamos contentes de poder observar cometas como este a cada um ou dois anos, porque os consideramos vestígios da formação do Sistema Solar", explicou o cientista Nicolas Biver, do Observatório de Paris-PSL.

as/lf (AFP, ots)