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Brasileira e croata deixam casamento de lado durante jogo

Marcela Mourão13 de junho de 2006

Depois de 23 anos de união, só o futebol é capaz de separá-los. Mas a rivalidade será embalada por um clima de festa. Colônia é o lar de Lúcia Mendes Cerne, 50 anos, e Nenad Cerne, 69. Ela, brasileira. Ele, croata.

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Nenad e Lúcia torcem por lados opostosFoto: Cerne

Na noite desta terça-feira (13/06), o casal receberá amigos para acompanhar a estréia de Brasil e Croácia na Copa do Mundo, em partida válida pelo grupo F. Durante os 90 minutos de jogo, o casamento ficará de lado e a paixão pelo futebol sobressairá.

Nascida no Rio Grande do Sul, Lúcia não dispensa um churrasco e, de acordo com ela, o croata já é praticamente gaúcho e sabe como assar uma boa carne. Esse será o cardápio oferecido na casa deles, que está toda decorada com bandeiras das duas seleções e da Alemanha.

"Vai ser uma festa muito divertida, com um bom churrasco e caipirinha. Vou estar vestida com camiseta do Brasil, maquiada de verde, amarelo e azul e com uma bandana da bandeira na cabeça. O Nenad vai estar com a camiseta da Croácia", comenta Lúcia, jornalista esportiva.

Perder com dignidade

Ela fala que os amigos estão há dias provocando o casal, dizendo que a noite do jogo vai terminar em divórcio. Mas, de acordo com Lúcia, o marido, engenheiro, é uma pessoa bem racional e está conformado. "Ele sabe que a Croácia vai perder. A única coisa que ele espera é que o time apresente um bom desempenho e não perca de goleada", conta.

Ela diz que perder com dignidade é muito importante para os croatas, principalmente, pela questão política. "Diferentemente do Brasil, isso conta muito para eles, ainda mais porque a Sérvia e Montenegro, apesar de ter perdido para a Holanda, jogou bem."

Lúcia diz que está bastante ansiosa, principalmente em razão do fantástico time que o Brasil tem. "Vai ser difícil porque eles entram como favoritos, e equipes pequenas, quando jogam contra os brasileiros, dão tudo de si. O Brasil precisa estar bem atento na sua defesa", alerta. Para ela, uma derrota brasileira seria uma tragédia. Mas, em Colônia, a festa seria enorme, porque há muitos croatas morando na cidade.

Romance à beira do rio

Lúcia e Nenad se conheceram em 1982, em Porto Alegre. Ela trabalhava como assessora de imprensa da Assembléia Legislativa do Estado e ele estava na cidade trabalhando no Pólo Petroquímico, na área de prospecção de petróleo para a empresa Copesul.

Num final de semana de outubro, o destino resolveu fazer os dois se conhecerem totalmente por acaso. Ela estava com os colegas de trabalho na Praia de Ipanema, nas margens do Rio Guaíba, e ele, com os amigos dele. Os dois grupos se uniram naquela tarde e ali nasceu o romance.

Poucos meses depois, o croata, que já tinha nacionalidade alemã, a pediu em casamento. No ano seguinte, Lúcia se mudou para a Alemanha, hoje sua segunda pátria. "Sou brasileira, depois alemã e a Croácia é meu terceiro lar", afirma. E, no final, é esse o espírito que prevalecerá na casa dos Cerne. Independentemente do resultado do jogo, o divórcio ficará só na brincadeira dos amigos.