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Força dos emergentes

Julia Carneiro e Alexandre Schossler29 de agosto de 2008

Mercados dos países emergentes, entre eles o Brasil, são cada vez mais importantes para a Volkswagen, afirmou o vice-presidente de Recursos Humanos da montadora alemã no Brasil, Josef-Fidelis Senn.

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O Gol é um dos principais veículos produzidos pela Volkswagen no BrasilFoto: VW

De acordo com Senn, os chamados países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) registraram taxas de crescimento em torno de 20% nos últimos anos. O vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen no Brasil participou de um painel sobre a indústria automotiva brasileira no Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que ocorreu esta semana em Colônia.

Ele concedeu entrevista a DW-WORLD.DE sobre a situação da montadora alemã e da indústria de automóveis no Brasil.

DW-WORLD.DE: No painel o senhor falou sobre a crescente importância do Brasil para a Volkswagen.

Sim, o Brasil desempenha um papel cada vez mais importante para a Volkswagen. O Brasil se tornou o segundo mercado mais importante para a marca. O Brasil vem depois da China e só depois vem a Alemanha. Isso não vai mudar a longo prazo, porque todos os países BRIC apresentam grandes taxas de crescimento, enquanto os mercados tradicionais, na América do Norte ou na Europa, ficam muito para trás. Nos países BRIC tivemos crescimentos de 20% nos últimos anos e esse não é o caso na Europa.

Mesmo que as taxas de crescimento caiam no Brasil, o que eu acredito que vá ocorrer, elas continuarão sendo claramente superiores às da Europa ou dos Estados Unidos.

Foi dito aqui que esta é a hora de investir no Brasil. Como o senhor vê isso e como é ser uma empresa alemã no Brasil?

Este é um bom momento para se investir no Brasil porque o país mantém sob controle os problemas econômicos que teve no passado. Por exemplo a dívida externa, que não existe mais, e a inflação, que está mais ou menos sob controle – temos agora que cuidar para que ela não volte a subir. Esses são bons requisitos macroeconômicos para investir no Brasil.

A Volkswagen está desde 1953 no Brasil e tem uma longa tradição no país. Somos também vistos como uma empresa brasileira. Desenvolvemos veículos no Brasil, para os mercados interno e externo, e esses veículos são desenvolvidos por brasileiros. E isso será necessário também no futuro.

A Volkswagen planeja expandir sua presença no Brasil?

Josef-Fidelis Senn
Josef-Fidelis SennFoto: VW do Brasil

Fizemos grandes esforços no ano passado e também neste ano para elevar nossa capacidade de produção. E por isso fico satisfeito, como diretor de Recursos Humanos, em poder afirmar que contratei mais de 2,5 mil pessoas em 2007 e 2008. Claro que isso é uma mostra dessa fase de crescimento.

O senhor acredita que essa fase se manterá?

O mercado brasileiro não crescerá mais nas taxas verificadas em 2007 e 2008. Foram taxas de 20% ou 30%. Isso não é normal e aconteceu porque as regras de financiamento de automóveis foram alteradas. Mas as taxas que podemos alcançar no Brasil podem se manter bem acima das verificadas nos Estados Unidos ou na Europa. Fala-se em taxas de crescimento de 5% para o PIB brasileiro e acredito que o mercado automobilístico crescerá acima desse percentual a longo prazo.

A Volkswagen brasileira trabalha com 100% da capacidade?

Pode-se dizer que sim. Mas é sempre uma questão de como você define capacidade. Se você fizer investimentos em "gargalos" da produção, pode aumentar a capacidade da fábrica e voltar a contratar. É importante fazer esses investimentos antes de pensar em abrir uma nova fábrica, por exemplo.

Qual a atual produção brasileira da Volkswagen e quanto fica no mercado interno?

Nossa produção para este ano é de mais ou menos 800 mil veículos. Destes, 180 mil deverão ser exportados.

A indústria automobilística brasileira respeita o meio ambiente?

Por causa da tecnologia flex fuel [que permite o uso de gasolina e álcool no mesmo motor], os automóveis brasileiros são ambientalmente mais adequados do que um carro movido a gasolina. Porque no ciclo de produção de etanol há absorção de gás carbônico pela cana-de-açúcar.

A maioria dos carros brasileiros é menor do que os carros alemães. Um carro popular, mesmo movido a gasolina, tem uma taxa de emissão de gás carbônico menor. Isso em média. Se você ainda acrescentar o uso do álcool, em cujo ciclo de produção há absorção de gás carbônico, o balanço final é positivo para os carros brasileiros.