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Ala da AfD é enquadrada como extremista no leste alemão

12 de julho de 2023

Agentes da Proteção da Constituição afirmam que juventude do partido no estado de Brandemburgo atua como organização extremista de direita. Partido afirma que vai recorrer.

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Uma ecobag da Junge Alternative de Brandemburgo, que reúne a militância jovem da AfD, onde se lê: nossa casa, nosso futuro.
Material promocional da Junge Alternative de Brandemburgo, que reúne a militância jovem da AfD.Foto: Patrick Pleul/dpa/picture alliance

A Junge Alternative, congregação que reúne a militância jovem do partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), foi enquadrada pelo Departamento Federal de Proteção da Constituição, seccional de Brandemburgo, como organização extremista de direita.

Na prática, essa classificação pode comprometer a empregabilidade de militantes da organização junto a órgãos públicos ou a capacidade dessas pessoas de obterem porte de armas de fogo. Também significa que os agentes à frente da investigação terão mais poderes para colher provas contra a Junge Alternative.

A decisão se soma à de outros estados alemães que já chegaram à mesma conclusão a respeito da Junge Alternative, mas ainda não tem alcance nacional – em abril, a Proteção da Constituição estendeu a classificação a todos os escritórios na Alemanha da Junge Alternative, mas teve que recuar temporariamente porque o caso está em disputa judicial.

Os militantes estavam sob investigação dos agentes em Brandemburgo desde 2019. O próprio diretório estadual da AfD é monitorado como caso suspeito desde 2020. Pelas contas do órgão, Brandemburgo tinha no ano passado 730 extremistas de direita dentro da legenda e outros 90 dentro da militância jovem.

A Junge Alternative é presidida desde outubro do ano passado por um político com assento no Bundestag – o Parlamento Federal –, Hannes Gnauck. Ele e outros membros da militância jovem mantêm contatos com um instituto no estado da Saxônia-Anhalt acusado pelos agentes de manter "esforços extremistas" – ou seja, cometer atos com vistas a aniquilar valores fundamentais da ordem liberal-democrática. A investigação de parlamentares com mandato constituído pelos agentes de Proteção da Constituição, porém, só é autorizada em casos excepcionais.

AfD vai contestar decisão na Justiça

Ao anunciar a decisão nesta quarta-feira (12/07), o secretário para assuntos internos do estado de Brandemburgo Michael Stübgen afirmou que as posições da Junge Alternative (alternativa jovem, na tradução para o português) contradizem claramente a Constituição Federal e que isso teria sido verificado repetidas vezes em circunstâncias concretas. Por este motivo, explicou o político democrata-cristão, a organização representa um "perigo" para a juventude, a segurança pública e o regime democrático e de liberdades.

O diretório do partido em Brandemburgo, chefiado por Birgit Bessin, anunciou que levará o caso à Justiça. Bessin sugeriu que a ação "descarada" contra a Junge Alternative seria motivada pela falta de provas contra o diretório da AfD.

O Departamento Federal de Proteção da Constituição funciona como um serviço secreto voltado apenas para assuntos internos que possam ameaçar a ordem democrática alemã, o Estado de Direito e os direitos humanos – é o caso, por exemplo, de organizações possivelmente extremistas que atuam dentro do país.

Sobre a AfD

Fundado em 2013 como um ajuntamento de direitistas desiludidos com a União Democrata Cristã (CDU), que chefiava o governo à época, e a política da União Europeia, a AfD se projetou nacionalmente com uma retórica nacionalista a partir da crise de refugiados em 2015, com a eclosão da guerra na Síria. Com o fim da pandemia, o partido atualizou seu discurso  para incluir o debate climáticoe a guerra na Ucrânia.

O partido está sob observação dos agentes da Proteção da Constituição. Uma fração populista-nacionalista, Der Flügel (A Ala), já é considerada extremista de direita, e alguns de seus mais proeminentes líderes já foram acusados de flertar com o nazismo. Apesar disso, o partido goza atualmente de cerca de 20% de aprovação dos eleitores alemães.

ra (ots)