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"Trufafa", o fenómeno musical que ridiculariza a FRELIMO

8 de novembro de 2023

"Trufafa" é a febre de momento em Moçambique. Mais do que um canto de campanha da RENAMO, tornou-se um símbolo nacional de descontentamento, revolta e escárnio em relação ao partido no poder, a FRELIMO, nas autárquicas.

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Joel Amaral, músico moçambicano
Foto: Privat

A música "trufafa" atravessou fronteiras onde mereceu até uma versão em kuduro, em Angola. A DW entrevistou o autor do 'hit', o zambeziano Joel Amaral, que obviamente só não ouve o "trufafa" nas emissoras estatais. 

DW: imaginou que a canção teria tão grande impacto?

Joel Amaral (JA): Na verdade não, mas durante a marcha que o partido RENAMO fazia, eu fui introduzindo várias brincadeiras, depois acabei introduzindo o trufafa, um texto que foi uma referência para mim do ensino primário. Imaginei que o que estava a acontecer naquela altura era um trufafa, porque é um comboio que tem o partido a conduzi-lo neste momento, despedindo-se da governação do partido FRELIMO. Um partido que não encontrou adesão nas eleições. Então, aquilo era um trufafa.

DW: O trufafa teve um impacto tão grande, que até um dj angolano fez uma versão em kuduro. Acredita que este "hino" também venha ser um símbolo de luta ou de revolta em Angola?

JA: Acredito que sim, porque há similaridades na governação dos dois países, Moçambique e Angola, praticamente os regimes são semelhantes. Então, ao usarmos o trufafa praticamente estaríamos a acordar o povo para uma nova governação, para uma nova máquina de governação que pode trazer a diferença.

Mosambik Quelimane | Proteste Oppositionspartei RENAMO
População de Quelimane protesta contra as supostas fraudes eleitorais cometidas pela FRELIMO Foto: Marcelino Mueia/DW

DW: O Joel é politicamente engajado ou é apenas músico ou apaixonado pela música?

JA: Sou apaixonado pela música. Sou artista, sou baterista, compositor da banda..., onde eu cresci. Mas também sou o maestro dos grupos corais da igreja católica do Coloane, em Quelimane.

DW: Não está ligado a nenhum partido em Moçambique?

JA: Identifiquei-me com o partido RENAMO, justamente por causa dos projetos que apresentam para a governação e acabo por abraçar a causa. E com tantas coisas  que tem vindo a acontecer ultimamente na governação do partido atual [FRELIMO], que faz com que me junte a RENAMO. Praticamente sou um novato na política.

DW: As emissoras estatais transmitem a sua música trufafa?

JA: Não, não. Mas está a circular em todas as festas, espetáculos. Os ouvintes, a população, acaba pedindo que se toque o trufafa, quer seja numa ou noutra versão.

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Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África
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