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Estado de DireitoÁfrica

Isabel dos Santos é relacionada em novas alegações de fraude

Marion Betjen | tms | Lusa
21 de setembro de 2020

Com o novo vazamento "FinCen Files", consórcio de jornalistas cita Isabel dos Santos e Sindica Dokolo em atividades financeiras suspeitas. Investigação explica como os bancos globais podem ter sido usados em fraudes.

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Unternehmerin Isabel dos Santos
Foto: Miguel Riopa/AFP

A empresária angolana Isabel dos Santos e o seu marido Sindika Dokolo foram alvo de dois relatórios sobre atividades suspeitas em 2013 nos Estados Unidos. A informação foi avançada pelo jornal português Expresso, no âmbito de uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).

A partir de mais de dois mil documentos bancários confidenciais, os chamados "FinCen Files”, a investigação aponta como alguns dos maiores bancos mundiais, entre os quais o Deutsche Bank, da Alemanha, podem ter sido usados em vários processos de fraude em diferentes países.

A investigação não tem foco específico em Isabel e Dikolo e cita cinco grandes bancos de alcance global: JP Morgan Chase, HSBC, Standard Chartered, Deutsche Bank e o Bank of New York Mellon. Essas instituições terão movimentado capitais provenientes de atividades criminosas associadas a políticos, traficantes de drogas e golpistas - segundo os relatórios obtidos pelo portal Buzzfeed News e avaliados pelo ICIJ.

A investigação avança evidências do branqueamento de grandes volumes de capitais. "Pode-se ganhar muito lidando com dinheiro de fontes criminosas. É por isso que é difícil para os bancos dizer não ao dinheiro criminoso", considerou o porta-voz do Parlamento Europeu, Sven Greens.

Isabel dos Santos é relacionada em novas alegações de fraude

Negócios com diamantes

O jornal português Expresso - que integra o consórcio jornalístico que lidera a investigação - a filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos "foi alvo de dois relatórios sobre atividades suspeitas em 2013 nos Estados Unidos.

Um documento refere-se ao banco JP Morgan e outro ao Standard Chartered" e revelaria transações suspeitas a " ligadas à Unitel e ao negócio com diamantes, no qual Dokolo foi sócio do Estado angolano".

O primeiro relatório, do banco JP Morgan, enviado à FinCen - agência federal norte-americana responsável por processar e reecaminhar suspeitas sobre potenciais esquemas de lavagem de dinheiro - revela como o banco esteve indiretamente ligado a uma transferência feita por Sindika Dokolo em março de 2012.

Naquele ano, o marido de Isabel dos Santos terá enviado 4 milhões de dólares para uma conta de uma empresa holandesa, a Melbourne Investiments BV, que passaram por uma conta correspondente do JP Morgan. No entanto, o relatório citado pelo Expresso diz que o banco "foi incapaz de identificar qualquer outra transferência relacionada” com a referida empresa "nem qualquer perfil público sobre ela”, o que "reforçou a possibilidade de se tratar de uma empresa de fachada sem nenhum propósito comercial".

SPERRFRIST  20.09.2020 19 Uhr / Deutsche Bank, Frankfurt
Deutsche Bank também terá sido usado para transações duvidosasFoto: picture alliance/dpa/A. Dedert

O montante terá sido usado por Dokolo "para se tornar sócio da empresa estatal angolana Sodiam numa companhia de diamantes de luxo na Suíça, a De Grisogono”, refere o Expresso. A joalharia que abriu falência em janeiro deste ano já foi alvo de denúncias no âmbito da investigação jornalística "Luanda Leaks”, que revelou a utilização de dinheiro público angolano para a sua aquisição. 

FinCen e Unitel

O segundo relatório, enviado para a FinCen pelo banco Standard Chatered, não menciona diretamente Isabel dos Santos, mas cita a Unitel, empresa de telecomunicações da qual a empresária e filha dos ex-Presidente José Eduardo dos Santos é acionista e foi presidente. 

Segundo o texto que baseou a reportagem do Expresso, tratar-se-ia de "uma transferência de 18,7 milhões de dólares” ocorrida em 2006, tendo como origem a Unitel e que tinha como destino o BPI em Lisboa, numa conta em nome da empresa Vidatel Limited, e que tinha passado por outra conta em Nova Iorque. 

"A Vidatel”, segundo a investigação jornalística, "é uma companhia offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas que tem como beneficiária Isabel dos Santos e, através da qual, ela detém 25% da Unitel em Angola".

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