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Conferência de Durban e República Democrática do Congo na imprensa alemã

16 de dezembro de 2011

A resistência aos resultados das eleições presidenciais na República Democrática do Congo e os resquícios da conferência do clima em Durban dominaram as páginas dedicadas a África nos jornais alemães durante esta semana.

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"O mundo continua, em vão, à espera de grandes reviravoltas em questões de proteção do clima"
"O mundo continua, em vão, à espera de grandes reviravoltas em questões de proteção do clima"Foto: picture-alliance/landov

Na quinta-feira, dia 8 de dezembro, ainda o fim da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas estava longe – terminou na madrugada de domingo, ao fim de 30 horas extra – e o Zeit alemão previa "ao que tudo indicava", que no fim da cimeira saísse um "Plano de Durban ou algo parecido". Isto, "depois de um Protocolo de Quioto, um Plano de Bali, um Acordo de Copenhaga ou de Cancún". Não houve. Como lembrava o jornal de Hamburgo, mesmo antes de saber o resultado de Durban, "tirando alguns estados insulares, o mundo tem atualmente outras preocupações". Uma das poucas decisões palpáveis prendeu-se com o chamado 'Fundo Verde para o Clima', um fundo de ajuda financeira para os países menos desenvolvidos. As negociações deverão terminar em 2015 e o acordo deverá entrar em vigor a partir de 2020.

De acordo com o Frankfurter Allgemeine Zeitung, "até lá, os estados teriam tempo de aplicar juridicamente os documentos". O objetivo será "limitar o aquecimento da Terra a 1,5 ou, no máximo, 2 graus celcius".

Já o Neue Zürcher Zeitung escreveu que "o mundo continua, em vão, à espera de grandes reviravoltas em questões de proteção do clima". Este jornal suíço referia-se, na segunda-feira (12.12.), ao facto de os estados "tentarem vender como grande êxito qualquer acordo que alcançassem em Durban". A presidente da conferência [a ministra dos negócios estrangeiros da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane] afirmou mesmo que as partes tinham "escrito história". Quem, na realidade, acabou por fazê-lo foi o Canadá, ao declarar que, para o país, o "Protocolo de Quioto pertencia ao passado", tornando-se, horas depois do fim da cimeira de Durban, o primeiro país do mundo a retirar-se deste acordo internacional de proteção do clima.

O vencedor e o vencido – ou será ao contrário?

A semana ficou também marcada pelos acontecimentos que se seguiram ao anúncio dos resultados das eleições presidenciais na República Democrática do Congo, realizadas no passado dia 28 de novembro.

Etienne Tshisekedi (esq.) ou Joseph Kabila - quem venceu, na realidade, as presidenciais na República Democrática do Congo?
Etienne Tshisekedi (esq.) ou Joseph Kabila - quem venceu, na realidade, as presidenciais na República Democrática do Congo?Foto: picture alliance/dpa/DW-Fotomontage

Os números avançados pelo governo dão 49% dos votos ao presidente cessante, Joseph Kabila, e 33% ao seu mais forte opositor, Etienne Tshisekedi. Os resultados alternativos, lembra o Tageszeitung, conferem a vitória a Tshisekedi, com 53%, e a derrota a Kabila, com 26%. Segundo um congolês, citado no artigo do dia 12 do diário de Berlim, "os observadores internacionais estiveram [no país], mas são cúmplices, porque fecham a boca [perante a fraude nas eleições]".

Mas os observadores internacionais, como a missão de observação do centro de defesa dos direitos humanos norte-americano Carter, uma das encarregadas de vigiar o processo eleitoral no país, disse logo ter "fortes provas de irregularidades" no processo. De acordo com David Pottie, do centro Carter, que o Tageszeitung citou, "é perfeitamente compreensível que Tshisekedi não reconheça os resultados", uma vez que, segundo os observadores, nos seus bastiões – a capital Kinshasa ou Kasai, a sua terra-natal – a participação eleitoral esteve muito abaixo da média. Além disso, milhares de boletins teriam desaparecido.

Entretanto, a resistência aos resultados aumentou pelo país: não só o próprio Tshisekedi convocou manifestações pacíficas como também o terceiro colocado, Vital Kamerhe, apresentou recurso contra a vitória de Kabila no tribunal.

De qualquer forma, a oposição "pouco tinha a contrapor", comentou o Neue Zürcher Zeitung: "nem um candidato convincente nem ideias empolgantes, capazes de motivar a sociedade destroçada e ainda cansada da longa guerra civil a reconstruir o país".

Em caso de conflito puramente militar, escreveu o Neue Zürcher Zeitung, Kabila teria as "melhores cartas – tal como [em 2006] quando afastou violentamente o seu opositor Jean-Pierre Bemba".

Autora: Marta Barroso
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha