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Perspectivas

Manuela Kasper-Claridge (mb)18 de agosto de 2008

Não há motivo para pessimismo em relação à economia alemã, diz Martin Wansleben, diretor executivo da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), em entrevista à DW-TV.

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O crescimento real da economia é de 2%Foto: AP

Segundo uma análise do Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW) publicada nesta segunda-feira (18/08), a economia alemã não sofrerá grandes alterações nos próximos meses. O atual Barômetro Conjuntural da instituição prevê para o atual trimestre um aumento no

desempenho econômico de apenas 0,1% comparado ao último trimestre. No entanto, "seria algo totalmente despropositado falar numa recessão", afirma o especialista em conjuntura do DIW Stefan Kooths.

Esta avaliação coincide com a que foi feita por Martin Wansleben, diretor executivo da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), com quem a DW-TV conversou a respeito.

DW-TV: Os alemães são conhecidos por não serem otimistas. O copo está sempre "meio vazio" ao invés de "meio cheio", e os prognósticos econômicos geralmente acompanham essa tendência pessimista. Qual é a sua impressão sobre isso?

Martin Wansleben: Minha impressão é boa. As atuais discussões eram previsíveis, é claro que em um determinado momento a conjuntura sofre uma alteração para baixo e nós estamos muito bem preparados para lidar com esses altos e baixos da economia.

Martin Wansleben
Martin Wansleben, diretor executivo da DIHKFoto: picture-alliance/ dpa

Se tem falado de uma recessão na Alemanha. Como o senhor avalia a atual situação?

Eu tenho sido cuidadoso. Nós estamos acostumados a avaliar o crescimento econômico por trimestre, ou seja, comparando o trimestre atual com o anterior. Porém antigamente nós o fazíamos de outra forma: nós comparávamos o atual trimestre com o mesmo trimestre referente ao ano anterior. Se usarmos esse método para avaliar o ano de 2008, veremos que houve um crescimento de 3% no segundo trimestre de 2008 comparado com o segundo trimestre de 2007. Mas se compararmos o segundo trimestre de 2008 com o primeiro, então se pode constatar uma decaída na taxa de crescimento. Na verdade, ainda há pelo menos 2% de crescimento este ano. Não há recessão.

Isso quer dizer que não há motivo para se preocupar com a economia alemã?

Eu me preocupo muito mais com a economia em geral e com a maneira como as decisões em torno dela são tomadas. Além do mais, eu me preocupo com o impacto essas decisões no país.

Mas este tipo de preocupações se pode ter a qualquer momento. Afinal, quem não conhece a sensação de que ele próprio, ou os outros, ou a sociedade como um todo deveria estar fazendo mais do que está fazendo atualmente?

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Aumentos no preço da energia afetam a percepção da situação econômicaFoto: AP

Está se fazendo "uma tempestade em copo d água", é isso o que o senhor quer dizer?

Acredito que o clima na economia atualmente está pior do que aquilo que geralmente poderia ser considerado normal. Mas isto faz parte, é normal. Quando a conjuntura econômica de um país realmente atravessa três anos em alta, ninguém precisa se preocupar quando ela de repente tem uma decaída.

O que não quer dizer que se possa então recostar-se na cadeira e cruzar os braços. Muito mais do que isso é necessário arregaçar as mangas e trabalhar duro, de forma que se possa lidar de forma clara tanto com oscilações econômicas quanto com uma economia enfraquecida.

Um enfraquecimento na economia alemã é sentido em toda a Europa. Quais são as consequências disso?

Primeiramente é importante não esquecer que também outros países europeus já sofreram fortes oscilações econômicas, isso muito antes de a Alemanha sequer começar a sentir um certo enfraquecimento na economia. Itália, Irlanda, Espanha, França... todos esses países têm seus problemas nesta aérea.

O enfraquecimento da economia na Alemanha – por mais normal que ele seja – é, porém, sentido de uma forma mais forte atualmente, primeiro por causa do preço da energia e das matérias-primas, que vem causando uma queda considerável no poder aquisitivo, e em segundo lugar por causa da crise no mercado financeiro, que tem destruído os bens de pessoas físicas e jurídicas.

Nós começamos com uma pergunta sobre o copo "meio vazio" ou "meio cheio". Qual é a situação da economia alemã? O copo está "meio vazio " ou "meio cheio "?

Eu acredito que estamos exatamente onde era esperado que estivéssemos. Este ano de 2008 ainda será um ano bom, mas todo mundo sabe que uma hora as coisas vão piorar. Agora temos alguns indícios de que no próximo ano será assim.

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Empresas alemãs atuam de forma independente em diferentes mercadosFoto: AP

O importante é muito mais como a estrutura econômica é constituída, e a nossa estrutura é boa. Estamos bem representados no mundo inteiro, existem pouquíssimos países no mundo onde empresas de médio porte agem de forma independente nos mais diferentes mercados, não ficando nem um pouco aquém das grandes empresas.

Essa ancoragem internacional nos ajuda a potencializar oportunidades, não importa onde elas apareçam, seja na Rússia, na China, na Índia ou na América Latina.

Outro ponto importante é que as empresas alemãs aprenderam muito com a crise financeira no início dos anos 90. Ao longo dos últimos 10, 15 anos houve uma grande reestruturação de custos, de produção e de produtos. Não acho que tenhamos motivo agora para sermos pessimistas.

O que me preocupa é muito mais a incapacidade de ação na política, o que mostra que o governo fica muito aquém daquilo que agora seria necessário que ele fizesse.