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Desarmamento químico

Dirk Eckert (jdc)10 de junho de 2008

A pequena cidade de Pochep tem 17 mil habitantes e 7.500 toneladas de armas químicas. A Rússia iniciou lá a construção de um complexo para destruir esse arsenal. Para isso, contou com 140 milhões de euros de ajuda alemã.

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Complexo russo é o sexto de um total de seteFoto: picture-alliance/ dpa

A Primeira Guerra Mundial foi a primeira a lançar mão do terror das armas químicas. Ao longo do século 20, o uso de gases tóxicos marcou conflitos como a Guerra do Vietnã e a guerra entre Irã e Iraque, por exemplo. Tais armas foram enfim proibidas em 1997, quando entrou em vigor a Convenção de Armas Químicas (CWC).

Os países signatários (hoje são 184) têm até 2012 para destruir seus arsenais. Mas, para a Rússia, o tempo está passando rápido demais: até lá, o país dificilmente terá zerado as 40 mil toneladas de gases que declarou ter em 1997.

Nesta terça-feira (10/06), o país deu um passo importante ao lançar a pedra fundamental para construção de mais um complexo de destruição de armas químicas, em Pochep, no oeste do país.

A partir do início de 2009, o complexo deverá destruir 7.500 toneladas de gases nervosos (como Sarin, Soman e Vx). Trata-se do sexto complexo no país, de um total de sete projetados.

Desarmamento com ajuda alemã

Agent Orange-Spätfolgen
Jovem vítima do 'agente laranja', usado no VietnãFoto: AP

O complexo será erguido por uma empresa alemã e conta com suporte técnico do Departamento Federal de Técnica Militar e Aprovisionamento, que há anos vem ajudando a Rússia no desarmamento químico. O projeto recebeu 140 milhões de euros da Alemanha.

Em 2002, os países do G8 anunciaram, num encontro em Kananaskis, no Canadá, a formação de uma "parceria global contra a proliferação de armas de destruição em massa" e concordaram em destinar 20 bilhões de dólares para promover o desarmamento ao longo dos dez anos seguintes. Na época, a Alemanha se comprometeu a contribuir com até 1,5 bilhão de dólares.

População pode protestar

G8 Teilnehmer am runden Tisch
Líderes do G8 assinaram acordo em 2002Foto: AP

As armas químicas devem ser destruídas no local onde estão armazenadas, pois seu transporte seria caro e, principalmente, perigoso demais. "Os mecanismos das armas são antiquados. Há armas que chegam a ter 60 anos. Por isso, é praticamente impossível transportá-las sem correr riscos muito altos", diz Stephan Robinson, da Cruz Verde Internacional.

A própria organização atua na Rússia, mantendo 12 escritórios nas localidades onde existem arsenais químicos. Seu papel é fazer a ponte entre o governo e a população, insatisfeita por saber que tais arsenais foram armazenados durante anos em direta proximidade e agora precisam ser desativados, explica Robinson.

O objetivo da instituição, explica, é "criar uma atmosfera em que a destruição das armas químicas se torne possível". Para isso, recebe 1,5 milhão de euros de países industrializados. Pois: "sem o apoio da população, corre-se o risco de fazer investimentos milionários em vão. Um complexo pode ser concluído sem nunca entrar em funcionamento por causa de protestos públicos".

Sucesso no desarmamento

Vernichtung von Chemiewaffen
Contêineres vazios após destruição nos EUAFoto: AP

De acordo com uma declaração recente do chefe do departamento responsável em Moscou, Valeri Kapashin, do total de 40 mil toneladas de armas químicas que a Rússia possuía, um quarto já foi destruído.

Esse é mais um indício de que armas químicas podem estar próximas do fim. Ao contrário das armas nucleares, parece haver uma predisposição, inclusive entre as grandes potências, para destruir os arsenais químicos. "Com o advento da bomba atômica, armas químicas se tornaram uma faca muito cega", compara Robinson.

No entanto, diversos países ainda se recusam a assinar a Convenção de Armas Químicas, entre eles Egito, Israel e Síria. Enquanto os dois primeiros parecem dispostos a negociar, a Síria recusa qualquer diálogo, diz Robinson.

Mesmo assim, ele se diz animado com a maneira como o desarmanento tem funcionado, à exceção de alguns países do Oriente Médio. "Se isso der certo, será a primeira vez que conseguimos desarmar um sistema completo de armas de destruição em massa", ressalta.