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Premiação

Agências (sm) 4 de junho de 2008

Anselm Kiefer recebe Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, entregue no encerramento da Feira de Frankfurt. Ao valorizar a forma do livro, o artista aponta sua permanência como forma de transmissão de saber.

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Anselm Kiefer no seu ateliê em Barjac, no sul da FrançaFoto: Picture-Alliance /dpa

Em suas obras de arte, ele desenvolveu uma linguagem "que transforma o observador em leitor". Por meio de instalações que aludem a textos, ele tornou o livro um "suporte decisivo da expressão".

Buch mit Flügeln
'Livro com Asas', 1992–94Foto: Anselm Kiefer

"Contra o derrotismo que se atreve a negar o futuro do livro e da leitura, seus fólios monumentais de chumbo parecem verdadeiros escudos de proteção." Foi com esta justificativa que o comércio livreiro alemão conferiu ao artista plástico Anselm Kiefer o Prêmio da Paz de 2008.

Nascido em Donaueschingen em 1945, Anselm Kiefer – um aluno de Joseph Beuys – vive desde 1993 na França. Suas obras monumentais, que colocam em evidência a materialidade do objeto de arte, tiveram uma recepção entusiástica sobretudo nos EUA.

Em suas imagens, Kiefer resgata elementos simbólicos e míticos da história alemã. Ao estabelecer um vínculo entre arte e mensagem política, ele sempre desencadeou muita discussão com seu trabalho.

Alemão e universal

Anselm Kiefer é um artista que sempre questionou se ainda seria possível haver artistas alemães, após o holocausto e a assimilação da tradição cultural e artística da Alemanha pelos nazistas.

Bildgalerie Deutsche Kunst der Nachkriegszeit Anselm Kiefer Deutscher Maler, Bildhauer, Plastiker und Objektkünstler, aufgenommen am 19.10.1990.
Anselm KieferFoto: dpa

Filho de um professor de desenho, ele primeiro estudou, a partir de 1965, Direito e Letras Neolatinas antes de fazer o curso superior de Artes Plásticas em Freiburg e Karlsruhe. No início dos anos 70, ele se transferiu para Düsseldorf, onde trabalhou como aluno de Beuys.

Ao produzir encenações de personalidades de acordo com modelos históricos, como Adolf Hitler ou o rei Luís 2° da Baviera, Kiefer questionou naquela época as formas de culto do herói. Posteriormente, ele se dedicou a pinturas sobre madeira, nas quais resgatou a mitologia e ideologia da história alemã.

Com suas primeiras exposições em Nova York, Kiefer se tornou um artista cobiçado no mercado de arte internacional. A revista Time chegou a designá-lo "o melhor artista da sua geração dos dois lados do Atlântico".

Peso da matéria contra a efemeridade

A biblioteca de pesados fólios de metal, representada numa obra de 1991 intitulada Censo, é um forte símbolo do futuro do livro e uma visão crítica da efemeridade da mídia, da aceleração do tempo e da simultaneidade dos acontecimentos.

Gemälde Lilith von Anselm Kiefer
'Lilith', 1987-89Foto: AP

Numa pintura de 1987-89, intitulada Lilith, o artista se deixou inspirar por uma visita a São Paulo e projetou uma visão apocalíptica do caos urbano e do colapso da comunicação.

No início dos anos 90, Kiefer abandonou a Alemanha e se transferiu para a França. Em 2007, sua obra teve grande destaque numa grande exposição no White Cube de Londres, numa retrospectiva no Guggenheim de Bilbao e em sua contribuição para a Monumenta, no Grand Palais de Paris.

Anselm Kiefer foi o primeiro pintor e escultor a receber o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão. A justificativa da premiação destaca que Kiefer apareceu no momento certo, "para reverter o ditame do abstracionismo descompromissado do pós guerra".