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Olmert na Alemanha

12 de fevereiro de 2008

Em suas visitas à Alemanha, o premiê israelense pode sempre contar com respaldo do governo alemão no conflito do Oriente Médio. Porém, tal apoio mais prejudica do que impulsiona o processo de paz, comenta Bettina Marx.

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O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, tem tudo para se sentir em casa em Berlim. Em nenhum outro país ele é recepcionado com tantos gestos de amizade como na Alemanha. Em nenhum outro lugar se mostra mais compreensão para com o Estado de Israel e suas necessidades de segurança como em Berlim. No entanto, pode ser que a amizade ostensiva que a premiê alemã, Angela Merkel, faz questão de mostrar e que a distingue de seu antecessor, Gerhard Schröder, mais prejudique do que auxilie Israel. Afinal, ela apóia Israel da forma errada, de uma forma que não trará paz para o Estado judaico. "Juntos com Israel defendemos a existência de dois Estados como solução do conflito no Oriente Médio", declarou Merkel antes de seu encontro com Olmert. No entanto, é justamente isso infelizmente que não dá certo. Apesar de se referir, por um lado, à coexistência de dois Estados como solução para o problema, Israel faz ao mesmo tempo tudo para impedir que isso se realize. A região onde poderia ser fundado um Estado palestino diminui cada vez mais, sendo hoje 25% menor do que a Palestina da época do mandato britânico. O muro penetra cada vez mais o território palestino. Priva cidades e vilarejos na Cisjordânia de terra, fontes de água e recursos econômicos. Destrói a base de vida da sociedade palestina e o pressuposto de um Estado com futuro. E o que é pior: a política de colonização de Israel desintegra o futuro território do Estado palestino, fragmenta-o em pequenos cantões, em homelands no modelo do Estado de apartheid sul-africano. Não apenas Gaza, com 1,6 milhões de habitantes, está completamente isolada do mundo. A cidade de Belém também está murada e sitiada por colônias israelenses. Nablus, Tulkarm, Jenin, Ramallah – todos esses importantes centros econômicos palestinos se transformaram em guetos e seus habitantes foram privados de toda liberdade de locomoção. O problema fica especialmente nítido em Jerusalém, a cidade que os israelenses denominam sua eterna e indivisível capital, também reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. O Ministério israelense da Habitação acabou de anunciar a construção de centenas de novas moradias no Leste de Jerusalém – moradias para israelenses, evidentemente, não para os palestinos, submetidos a uma carência de habitação cada vez maior e transformados em cidadãos de segunda classe. Onde está portanto a coexistência de dois Estados que Israel, com respaldo da Alemanha, defende em palavras? Onde poderá surgir um Estado palestino? E como ele poderá ter futuro? Essas são perguntas a serem colocadas por qualquer pessoa que se preocupe com o destino de Israel. Qualquer um que se sentir compromissado com a existência de um Estado judeu, como o governo alemão, deveria fazer tudo para impedir que se mine ainda mais uma futura coexistência de dois Estados. (sm)

Dr. Bettina Marx, redatora da DW-RADIO em Berlim, foi durante cinco anos correspondente da emissora ARD em Tel Aviv.