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documenta 11 prossegue debate sobre arte e política em Berlim

Simone de Mello, de Berlim

Teóricos e artistas discutem durante três semanas, em Berlim, as condições de produção, distribuição e recepção da arte contemporânea no mundo globalizado.

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Democracy Unrealized: democracia como processo inacabado é o tema da primeira plataforma de discussão, iniciada em Viena, em março, como preparação para a mostra de Kassel.

A “seção de Berlim”, iniciada a 9 de outubro, na Casa das Culturas do Mundo (não muito distante do Parlamento alemão, altamente vigiado, após o início da guerra contra o terrorismo), prossegue o debate sobre o intercâmbio cultural no mundo globalizado, sob o signo dos atentados contra os EUA e dos bombardeios contra o Afeganistão.

Us against them”: uma posição que ameaça minar a concepção do curador Okwui Enwezor? “Continente: isso é uma coisa que não importa mais hoje em dia”, afirmava o nigeriano naturalizado americano, por ocasião de sua nomeação para a curadoria da documenta 11, em 1998.

O auditório lotado espera em vão a chegada do conferencista da noite, Homi Bhabha, teórico de estudos pós-coloniais e professor de teoria literária em Harvard. Impossibilitado de viajar a Berlim, sobretudo após os bombardeios norte-americanos contra o Afeganistão, Bhabha participa do evento em live streaming, dialogando com o público através de um telão.

Após o empenho teórico de toda a sua obra em desconstruir antíteses como colonizador x colonizado, centro x periferia, o teórico indiano se vê mais uma vez obrigado a desmascarar a nova polarização entre mundo “civilizado” e “não-civilizado”. Para ele, o atual discurso político ocidental, após os atentados em Nova York e Washington, apenas reproduz a tirania dos terroristas.

Para superar esta nova polarização do discurso político, é necessário perceber, mais uma vez, a coexistência de fenômenos culturais conflitantes, alerta Homi Bhabha. Para reconhecer de fato a alteridade, é preciso assumir que toda perspectiva é necessariamente local e restrita. O discurso sobre a globalização, ressalta ele, não descreve uma condição da vida contemporânea, apenas representa uma meta política e ética.

Na tentativa de sondar as manifestações culturais e artísticas de uma perspectiva descentralizada e não-eurocentrista, a documenta 11 dá continuidade (após Viena, Nova Délhi e Berlim) à sua série de debates em St. Lucia, no Caribe, e na capital nigeriana, Lagos. Como contextualizar a arte contemporânea entre o global e o local continuará sendo um desafio para Okwui Enwezor e os co-curadores da documenta 11.