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'Interbau' 50 anos

Carlos Albuquerque21 de junho de 2007

Há 50 anos era aberta a exposição internacional de arquitetura ("Interbau" ou "IBA 1957") no bairro Hansaviertel em Berlim. No ano em que Oscar Niemeyer faz cem anos, seu único prédio na Alemanha completa meio século.

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Estátuas de mães dos anos de 1950 em HansaviertelFoto: CASH

Fez muito calor no verão de 1957, informa o diário Berliner Zeitung. A temperatura elevada não impediu, no entanto, que cerca de 1,4 milhão de pessoas tenham visitado a exposição internacional de arquitetura de Berlim (Interbau), inaugurada em 6 de julho de 1957.

Quando a mostra fechou suas portas, no final de setembro, 900 mil pessoas já haviam visitado os prédios no Hansaviertel e 375 mil haviam usado o teleférico, acrescenta o jornal.

No início dos anos de 1950, a população de Berlim Ocidental estava bastante chocada com a visão da Alameda Stalin (hoje Alameda Karl Marx), em Berlim Oriental, e também com o elã com que a então jovem Alemanha Oriental construía "palácios para os trabalhadores", explica o autor Nikolaus Bernau para o Berliner Zeitung.

Como forma de contrapeso, deveria ser retomada, na então Alemanha Ocidental, a tradição de exposições de arquitetura como foi, por exemplo, a exposição do conjunto habitacional Weissenhof Siedlung de 1927, em Stuttgart.






















Resposta à então Alemanha Oriental

Como resposta ao primeiro grande projeto de reconstrução da Alemanha Oriental, a Interbau deveria "mostrar para o mundo a nova e democrática Alemanha Ocidental, que estava do lado de franceses, britânicos, italianos e norte-americanos não só politicamente, mas também de forma cultural", esclarece Bernau.

Esta tomada de posição talvez possa explicar os altos custos do projeto: em vez de reconstruir ruínas e, sobretudo, reaproveitar a infra-estrutura, as parcelas do antigo bairro de grande densidade habitacional foram redivididas, novas estradas foram construídas e a exposição de arquitetura foi encarada como resposta aos edifícios monumentais da Berlim Oriental e como mostra competitiva da modernidade internacional dos anos de 1950.

"Verde social" na "cidade de amanhã"

Para tal, um concurso urbanístico foi aberto em 1953. Willy Kreuer e Gerhard Jobst venceram a competição com a idéia de construções soltas. Em vez dos antigos quarteirões fechados da desestimada Mietskasernenstadt (cidade de casernas de aluguel), os edifícios são ordenados de forma solta para que, entre eles, espaços livres possam se constituir.

Um "verde social" deveria surgir na "cidade de amanhã". A floresta do Tiergarten foi integrada no Hansaviertel, que, por sua vez, deveria ser rodeado de arranha-céus, prédios residenciais, residências unifamiliares e igrejas. Restaurantes, cinema, biblioteca e uma estação de metrô constituíam o centro comercial na praça Hansaplatz.

De todo o mundo ocidental

Quando a exposição terminou, em 1957, somente 601 das atuais 1160 moradias estavam prontas. O restante do total de 35 prédios do areal de exposição foi construído até 1960.

Para tal, foram convidados 53 arquitetos de todo o mundo ocidental, entre eles representantes renomados como o brasileiro Oscar Niemeyer, o dinamarquês Arne Jacobsen, o finlandês Alvar Aalto e o alemão fundador da Bauhaus, Walter Gropius – "que desde sua emigração para os EUA, em 1937, enfatizava sempre que era norte-americano" –, informa o Berliner Zeitung.

Arne Jacobsen, que como "meio judeu" teve que fugir para a Suécia durante a Segunda Guerra, construiu quatro residências unifamiliares para a exposição em Berlim, bem no estilo das casas-pátio projetadas por Mies van der Rohe nos anos de 1930.

Para a Interbau, Oscar Niemeyer realizou seu único projeto na Alemanha. Hoje, no ano do seu centésimo aniversário, o prédio residencial de oito pavimentos na rua Altonaerstrasse, apoiado por pilares em "V", festeja seus 50 anos.

Homenagem à modernidade

Anos mais tarde, a Casa das Culturas do Mundo, então centro de convenções, e um prédio residencial de Le Corbusier, em Charlottenburg, foram integrados à Interbau. Desde 1995, os edifícios da exposição de 1957 estão tombados pelo patrimônio histórico.

Eles são uma homenagem à modernidade e aos princípios da Carta de Atenas, estabelecidos pelo 4° Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Ciam) em 1933, em Atenas. A Alemanha teve, no entanto, de esperar até o final da Segunda Guerra Mundial para vivenciar esta modernidade.