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Brasil na CeBIT

Geraldo Hoffmann20 de março de 2007

Presença de multinacionais no país, fuso horário favorável e mão-de-obra versátil impulsionam vendas brasileiras de serviços de tecnologia da informação, mas carga tributária e encargos sociais freiam o setor.

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Estande coletivo do Brasil na feira de TI em HannoverFoto: APEX

A prestação de serviços de tecnologia da informação e da comunicação é um dos mercados cada vez mais visados por algumas das empresas brasileiras que participam da CeBIT, a maior feira internacional do setor, em Hannover.

Embora a contratação mundial de offshore represente apenas cerca de US$ 36 bilhões do total de atividades de TI transferidas de uma empresa para outra (um mercado avaliado em US$ 650 bilhões), o setor vê boas perspectivas de negócios.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços para Exportação (Brasscom), enquanto o crescimento mundial do outsourcing de TI é de cerca de 6% ao ano, o offshoring (a contratação de serviços) cresce 40%.

A empresa paulista Stefanini IT Solutions, especializada em offshore, prevê para este ano um aumento de 20% em seu faturamento, que foi de US$ 152 milhões em 2006. A multinacional brasileira atua com cinco mil funcionários na América Latina, em Portugal, na Espanha, na Itália e no Reino Unido, e tem até uma fábrica de software na Índia, país líder mundial em offshore.

Brasil: alternativa à Índia

Segundo o diretor europeu da Stefanini, Sandro Carsava, a empresa planeja também entrar no mercado alemão, "onde o governo está incentivando a terceirização em TI, inclusive para aumentar a competitividade das firmas nacionais".

"Não queremos concorrer com os indianos ou chineses e, sim, oferecer uma alternativa a eles", diz Carsava. Um dos obstáculos, segundo ele, é a falta de conhecimento no exterior sobre a competência brasileira no setor de tecnologia da informação.

Antonio Loureiro, CEO von Conquest One, am brasilianischen Stand auf der CeBIT
Antônio Loureiro, diretor executivo da Conquest OneFoto: APEX

Segundo o diretor executivo da Conquest One, Antônio Loureiro, a prática de offshore no Brasil é favorecida pela presença de muitas multinacionais, pelo fuso horário bem como pela qualificação e a versatilidade da mão-de-obra.

"Os profissionais brasileiros são capazes de entender melhor o contexto geral de um projeto e contribuem com sugestões, enquanto os indianos estão muito focados na execução de determinadas tarefas", explica.

Briga de preços está perdida

Segundo David Britto, diretor-presidente da Quality Software, o Brasil não tem condições de disputar o mercado de offshore com a Índia e a China ou com os países do Leste Europeu.

"No Leste Europeu, um profissional de TI custa oito dólares por hora, contra 23 dólares/hora no Brasil. Na Índia, um programador ganha 500 euros por mês. Isso é pouco mais do que custa um estagiário brasileiro", exemplifica.

Britto diz que a carga tributária e os encargos sociais e trabalhistas elevam tanto os custos dos produtos e serviços brasileiros de TI que eles não são competitivos em termos de preços. "O Brasil só tem chances na área de offshore, se fugir da briga de preços", garante.

David Britto, CEO von Quality Software, brasilanisches Software-Unternehmen
David Britto, da Quality, concentra-se em tecnologias emergentesFoto: APEX

A estratégia da Quality, uma empresa de médio porte com 150 funcionários, é oferecer serviços em tecnologias emergentes (por exemplo, nas áreas de TV digital e software embarcado) e procurar agregar mais valor aos projetos. "Somos muito seletivos na oferta e buscamos parcerias com empresas que não querem o trivial", explica Britto.

Segundo ele, o Brasil ainda não tem mão-de-obra qualificada suficiente para exportar software. No ano passado, as exportações brasileiras do setor atingiram 500 milhões de dólares, ficando muito aquém da meta de 2 bilhões de dólares, estabelecida pelo governo em 2003.

Na opinião de Britto, o governo precisa viabilizar linhas de créditos com acesso rápido e fácil para cobrir os custos de desenvolvimento de software. "A burocracia ainda atrasa muito a distribuição dos recursos destinados a este fim. E isso é fatal para empresas que atuam num mercado extremamente rápido, como é o de tecnologia da informação", afirma.

Brasil na CeBIT

O Brasil participa da Cebit 2007 com 14 empresas, numa iniciativa da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), da Softsul (RS) e da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos).

Integram a missão brasileira a 3Corp Technology, All Tasks, Conquest One, Eccox e Stefanini, de São Paulo; Quality Software, do Rio de Janeiro; Set Consultoria, do Paraná; Zênite, Farol Digital, Insiel Tecnologia e Light Infocon, da Paraíba; Iativa Tecnologia e Comunicação, do Ceará, e Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Procempa (Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre), do Rio Grande do Sul.