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Neonazistas querem usar a Copa para fazer propaganda

(gh)11 de abril de 2006

Extrema direita pede seleção alemã "branca", planeja CD para torcedores e "ações de solidariedade" ao Irã durante a Copa. Federação Alemã de Futebol processa NPD, enquanto revê seu próprio passado sob o nazismo.

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Ativistas da extrema direita preocupam organizadores do MundialFoto: picture-alliance/dpa

"Futebol sob a suástica" foi o nome de um simpósio realizado pela Federação Alemã de Futebol (DFB), no último final de semana, em Bad Boll, no Estado de Baden-Württemberg. Os debates deram continuidade a um processo de revisão do papel da entidade durante o regime nazista (1993–1945).

O tema ganhou atualidade com o recente caso de racismo contra o zagueiro Patrick Owomoyela (do Werder Bremen) e – indiretamente – contra o atacante Gerald Asamoah (do Schalke) – ambos de origem africana e integrantes da seleção alemã.

O presidente da DFB, Theo Zwanziger, disse que o futebol alemão deve agir com determinação contra o racismo, o anti-semitismo e a xenofobia. "Cada jogo com incidentes racistas é um jogo demais", afirmou.

Processo por racismo

Confed-Cup Fußballnationalspieler Patrick Owomoyela Deutschland
Zagueiro Owomoyela: vítima de ataques racistasFoto: dpa

Atendendo a uma queixa apresentada pela DFB e pelo zagueiro Owomoyela, a Promotoria Pública de Berlim está apurando denúncias sobre propaganda racista do NPD.

O partido distribuiu recentemente panfletos com o seguinte conteúdo: "Branco. Algo mais que a cor de uma camisa. Por uma seleção realmente branca". O texto foi ilustrado com a camisa de número 25 da seleção, a de Owomoyela, filho de pais nigerianos nascido em Hamburgo.

A promotoria acusa o NPD de incitação ao ódio, racismo e difamação. O porta-voz do partido, Klaus Beier, reagiu ao processo acusando a DFB e o jogador de "mania de perseguição".

O partido também estaria planejando um CD com músicas direitistas para distribuir aos torcedores. As autoridades encarregadas da segurança da Copa estão preocupadas também com as ligações entre a extrema direita alemã e os hooligans poloneses, considerados extremamente violentos.

"Ações de solidariedade" ao Irã

Segundo a autoridade alemã de proteção à Constituição, o NPD pretende usar a Copa como plataforma de propaganda. A sigla já anunciou manifestações em cidades-sedes do torneio.

O parrtido, que acolhe neonazistas, defende também "ações de solidariedade" ao Irã no jogo que será disputado em Leipzig, dia 21 de junho, contra Angola. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, se tornou uma figura "popular" para a extrema direita desde que questionou o Holocausto e defendeu o fim do Estado de Israel.

A possibilidade de Ahmadinejad vir à Alemanha acompanhando a sua seleção disparou o alarme nos serviços de segurança do país. Os riscos da visita, que já seriam altos, ficaram ainda maiores devido ao apoio dos neonazistas.

DFB revê passado

Segundo o ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble (CDU), o esporte e o futebol alemão demoraram décadas para se confrontar com o passsado. "O esporte falhou exatamente como falhou o resto do nosso povo. Mas é bom que a DFB esteja revisando a sua história. O processo precisa continuar", disse. Até mesmo para enfrentar as provocações dos neonazistas.

Após completar seu centenário, em 2000, a DFB encomendou ao historiador Nils Havemann um estudo sobre o papel da entidade no período do nazismo, publicado no ano passado. Segundo Zwanziger, o futebol pode contribuir para que um regime como o nazista jamais se repita na Alemanha.