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Brasil quer exportar mais calçados à Alemanha

Stefanie Leipert / Neusa Soliz11 de março de 2004

Novas tendências do mercado calçadista brasileiro estão na Feira Mundial do Calçado, em Düsseldorf.

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Com 642 rubis, o calçado mais caro do mundo: 1,5 milhão de eurosFoto: AP

O estande Brazilian Footwear, com 560 m², é a atração brasileira na GDS - Feira Mundial do Calçado, que acontece entre os dias 11 e 14 de março, em Düsseldorf, na Alemanha.

Com a coordenação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o estande conta com informações sobre a indústria de calçados, desfiles de moda, bar com sucos e caipirinha, abrigando 13 empresas do ramo e a divulgação de produtos de 10 indústrias brasileiras, que vão expor calçados em outros pavilhões.

De acordo com o consultor da Abicalçados, Ênio Klein, o objetivo do programa Brazilian Footwear é aumentar as exportações, sobretudo para a Alemanha, porque o país representa o segundo maior mercado mundial, depois dos EUA. "O Brasil exporta muito pouco para a Alemanha hoje, o que é grave, pois tínhamos uma participação maior no mercado durante os anos 70 e 80", constata em entrevista à DW-WORLD.

Segundo dados da Abicalçados, em 2003, a Alemanha importou um total de 350 milhões de pares, sendo que o Brasil não chegou a exportar 1% desta quantia. Em relação ao mercado norte-americano, o Brasil detém 5% das exportações.

Conquistando o mercado alemão

A expectativa da Abicalçados é conquistar pelo menos 5% do mercado de importação de calçados da Alemanha. "Este já será um grande avanço, mas, para conquistarmos tal resultado, temos que investir mais na divulgação dos calçados brasileiros. A feira de Düsseldorf é uma grande oportunidade para mostramos que o Brasil produz sapatos de qualidade, com criatividade, beleza e conforto", declara.

Na última feira, que ocorreu em setembro de 2003, o estande brasileiro movimentou 3,9 milhões de dólares.

Franziska van Almsick mit Badelatschen
A nadadora alemã Franziska van Almsick apresenta o chinelo da empresa TatamiFoto: AP

A intenção é conquistar espaço no mercado de calçados de praia, lazer e prática de esportes, com associação ao calor, ao verão brasileiro. "Queremos que várias fábricas se especializem em produzir o ano todo calçados de praia, como a Grendene, que tem grande presença nos mercados internacionais e a Azaléia, que cria sandálias e sapatos leves durante o ano inteiro", relata Klein.

A indústria calçadista brasileira é responsável pela produção anual de cerca de 650 milhões de pares de calçados para pelo menos 130 países. Em 2003, o setor calçadista exportou um volume de 1,5 bilhão de dólares, com uma soma de 188 milhões de pares. Deste total, o Reino Unido, Espanha, Países Baixos e Alemanha compraram 13 milhões de pares, somando 142 milhões de dólares.

Obstáculos logísticos

A principal dificuldade a ser superada é a logística. O fato de o Brasil estar localizado no hemisfério sul encarece o custo do frete e prolonga o tempo normal de entrega do produto. O consultor da Abicalçados afirma que essa é uma das questões mais preocupantes. "Nós temos que fazer o sapato chegar no momento certo, não pode haver atraso", ressalta.

Outro obstáculo a ser superado é a fabricação de sapatos com a fôrma americana, que não agrada o consumidor europeu. De acordo com Ênio Klein, o alemão prefere o conforto à moda. "Ele prefere adquirir um sapato que possa usar de manhã para fazer caminhadas e, ao mesmo tempo, para o trabalho", exemplifica.

Mesmo com dificuldades a serem superadas, o mercado calçadista nacional está otimista com a venda do estilo brasileiro de se viver através de modas temáticas, relacionadas ao verão e à sensualidade.

Famosos designers brasileiros

Com uma mistura de tradição, criatividade e tecnologia, o Brasil vem conquistando mais espaço no mundo da moda. Um exemplo é o designer brasileiro Icarius, chefe de design da coleção italiana Lancetti desde 2003. Já o designer de sapatos Mauricio Medeiros terá seus modelos exibidos nas próximas edições da série de televisão americana Sex and the City. Durante a Feira do Mundial do Calçado, Medeiros vai coordenar os desfiles de moda.

A feira, que acontece duas vezes por ano, em março e setembro, espera - nos quatro dias do evento realizado numa área de 80 mil m² - 1500 expositores de 50 países, com suas marcas e design.

A influência da imigração alemã

A forte identificação da indústria calçadista brasileira com a cultura européia, em especial a alemã e italiana, existe em razão da imigração de europeus no século 19. Em 1824, chegaram os primeiros imigrantes alemães no sul do país, que trouxeram conhecimentos de agricultura, mecânica e manipulação do couro. Foram seus descendentes que, décadas depois, deram origem às modernas empresas de calçados.

Segundo o consultor Ênio Klein, a estratégia na feira é aproveitar a comemoração dos 180 anos da imigração alemã no Brasil, cujo ponto alto será em julho próximo, para mostrar aos varejistas alemães que muitos calçados produzidos no Brasil e exportados para a Alemanha são feitos por descendentes de alemães. "Nas fábricas das pequenas cidades do Rio Grande do Sul, como Dois Irmãos, Ivoti e Campo Bom, muitos trabalhadores ainda falam dialeto alemão", observa.