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Europa pobre

Monika Lohmüller / (sv)21 de setembro de 2002

A União Européia registra um total de 62 milhões de pobres. Com a ampliação do bloco em direção ao Leste Europeu, é provável que esse contingente venha a crescer mais ainda, alertam especialistas.

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A pobreza é um problema crescente também entre os ricosFoto: Bilderbox

"62 milhões de pessoas. Trata-se de um número muito alto", avalia Ludo Horemans, presidente da Rede Européia Anti-Pobreza (EAPN). A associação, que congrega 23 organizações não-governamentais e várias redes de combate à pobreza, divulgou na quarta-feira (18), em Berlim, seu último boletim sobre a pobreza na Europa. Pobre é considerado todo aquele que dispõe de menos da metade da média salarial do país onde vive.

Falta de direitos –

A pobreza não é definitivamente um tema novo na UE. Há mais de duas décadas debate-se sobre a questão, mas apenas há poucos anos os membros do bloco decidiram estabelecer um plano de metas visando ao combate do problema.

Além disso, a EAPN reivindica maiores direitos às populações carentes de cada país: direito ao trabalho, à moradia, à segurança básica e ao acesso a sistemas sociais e de saúde. Isso implica, segundo Horemans, que a Carta Européia de Direitos Básicos seja reformulada e, finalmente, ancorada à Constituição Européia.

Os relatórios nacionais sobre a pobreza nos países da UE mostram quantas caras a pobreza pode ter. Os índices na Grécia e em Portugal, por exemplo, são especialmente altos, em torno dos 20%. Dinamarca, Finlândia, Luxemburgo e Holanda têm os índices mais baixos, com cerca de 12% de pobres.

Em Portugal e na Itália, são registrados cortes cada vez maiores nos sistemas sociais, observa Horemans, que alerta para o perigo de que essa tendência atinja também outros países da UE. Em alguns deles, os padrões sociais foram reduzidos de forma drástica nos últimos tempos, em função de novos governos. Através disso, percebe-se um retrocesso em uma Europa que pretende se tornar socialmente mais equilibrada.

Crianças –

Na maioria dos países da UE, as famílias com muitas crianças são o setor social mais atingido pela pobreza. O ápice da pirâmide é preenchido por Portugal e Espanha. No Reino Unido, Irlanda e na Alemanha, as mães solteiras formam o principal grupo atingido. A pobreza infantil, segundo Erika Biehn, da Conferência Nacional sobre a Pobreza, é um problema crescente em território alemão.

"Falamos de quase três milhões de menores. E não se pode esquecer que a família é a instância de socialização mais decisiva para o crescimento de crianças e jovens", denuncia Biehn. Em sua opinião, uma sociedade rica como a alemã não pode permitir que 14% das crianças sejam pobres.

As famílias mais atingidas, segundo Biehn, são as de imigrantes estrangeiros, o que faz com que a discussão sobre a pobreza se transforme em uma discussão sobre a igualdade de chances. Os grupos menos favorecidos, de acordo com a especialista, correm o risco de, dessa forma, manterem-se isolados do resto da sociedade.