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Escândalo da Volks: figura central conta tudo

(fs)29 de setembro de 2005

O ex-gerente de recursos humanos da Volkswagen, Klaus-Joachim Gebauer, fala sobre esquema de desvio de dinheiro à revista "Stern": "Ninguém mais imaginava uma viagem sem prostitutas. Os executivos só pensavam nisso."

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Gebauer organizou cerca de 50 encontros em todo o mundoFoto: dpa

Klaus-Joachim Gebauer, a figura central do escândalo de desvio de dinheiro da Volkswagen para pagamento de despesas pessoais e de festas com prostitutas para altos executivos da companhia, deu uma entrevista no estilo "conta-tudo" à revista alemã Stern, nas bancas nesta quinta-feira (29/09).

Volkswagen-Manager Peter Hartz
Hartz: apontado como beneficiárioFoto: AP

Gebauer, ex-diretor de RH da empresa, que assinou um termo de veracidade das informações que prestou, envolveu Peter Hartz, diretor de Recursos Humanos afastado, e Klaus Volkert, ex-presidente do conselho de fábrica da Volkswagen, no escândalo. Ambos deixaram os cargos depois que as acusações de mau uso do dinheiro da empresa foram divulgadas, há três meses.

Beneficiário

Gebauer contou à revista que Peter Hartz não só aprovava o sistema de favorecimento a executivos, como também foi beneficiário dele. O ex-gerente afirmou que "providenciou mulheres" para seu ex-chefe: "Na maioria das vezes, eu pagava as prostitutas e depois lançava os custos como despesa. Às vezes, Hartz me dava algum dinheiro, mas nem sempre. Ele não sabia quanto se paga por um serviço pessoal deste tipo", disse.

O ex-gerente de RH disse ter organizado cerca de 50 encontros, em vários lugares do mundo, entre Klaus Volkert e sua amante brasileira, Adriana Barros. Para as viagens, Volkert recebia entre 10 mil e 15 mil euros (entre 28 mil e 40 mil reais), de acordo com Gebauer.

O outro lado

Em depoimento ao Ministério Público em Braunschweig, nesta quarta-feira, Peter Hartz disse que não tinha conhecimento do esquema de pagamento de festas com prostitutas. No interrogatório que durou seis horas, ele afirmou que havia um clima de confiança entre funcionários e executivos da Volkswagen. Por isso, afirmou que o controle sobre o uso do dinheiro de viagens não foi tão municioso quanto deveria ter sido.

Der VW-Betriebsratsvorsitzende Klaus Volkert
Klaus Volkert: amante brasileiraFoto: AP

Procurado pela revista Stern, o ex-presidente do conselho de fábrica da Volkswagen disse, por meio de seu advogado, que não pretende se pronunciar sobre o assunto e que as alegações até agora divulgadas, além de ser parcialmente falsas, têm o objetivo de difamá-lo.

Mais envolvidos

Klaus-Joachim Gebauer afirmou à Stern que vários outros profissionais com cargos de chefia, além de um membro do conselho fiscal que se elegeu deputado pela Baixa Saxônia e de um ex-diretor do conselho de fábrica que hoje é deputado federal pelo SPD, também participaram das festas pagas com dinheiro da companhia.

"Ninguém mais imaginava uma viagem sem prostitutas. Os executivos só pensavam nisso. Quando me viam, já peguntavam: 'Gebauer, onde estão as mulheres?'", disse o ex-gerente de RH.

Procurados pela revista, os políticos citados por Gebauer – cujos nomes ainda estão sendo mantidos em anonimato – também negaram participação no esquema.