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HistóriaGlobal

1940: Assassinato de Trotski no México

Jens Teschke (gh)Publicado 20 de agosto de 2016Última atualização 20 de agosto de 2020

No dia 20 de agosto de 1940, o chefe de Estado soviético, Josef Stalin, se livrou de um inimigo incômodo quando um agente stalinista matou Leon Trotski, que vivia exilado no México.

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Foto histórica em que homem de dedo em riste fala a soldados em sua volta
Trotski fala a soldados do Exército VermelhoFoto: picture-alliance/akg-images

"Piero" (a pena) era seu nome no exílio, Janowski foi sua autodenominação na fundação do primeiro Conselho Soviético, em 1905, mas era chamado também de "Jovem Águia". Trata-se de Leon Trotski (1879–1940), como ficou conhecido o revolucionário e teórico russo Lev Davidovitch Bronstein.

Nascido na Ucrânia, de uma família de agricultores judeus, foi um dos melhores alunos de Matemática, Literatura, Alemão e Francês em Odessa. Ainda como estudante, iniciou por acaso sua atividade contra o czarismo.

No verão europeu de 1896, cerca de 30 mil trabalhadores se rebelaram em São Petersburgo. A revolta não fora motivada pela frente de luta pela libertação da classe operária, recém-criada por Lenin e, sim, consequência da fome e da catastrófica situação social. Impressionado com as notícias sobre a greve e munido do idealismo de um jovem de 17 anos, Lev Bronstein fundou a Liga dos Trabalhadores do Sul da Rússia.

Estudantes e alunos escreviam panfletos, conclamações e pequenos textos de formação política para os trabalhadores. O serviço secreto do czar levou dois anos até descobrir as atividades subversivas da liga e prender o propagandista Bronstein em janeiro de 1898.

Difícil relação com Lenin

Deportado para a Sibéria, ele leu, pela primeira vez, no verão de 1902, um escrito de Lenin intitulado O que fazer?. Bronstein sabia o que tinha de fazer: fugir para o exílio. Escondido sob a palha numa carreta de agricultor, chegou a Irkutsk, onde amigos lhe arranjaram um passaporte falso, mudando seu nome para Leon Trotski – nome de um antigo carcereiro.

Seguiu-se o primeiro encontro com Lenin em outubro de 1902, sem que daí resultasse uma amizade entre os dois. Nos anos seguintes, eles oscilavam entre relações de conveniência e inimizades. Trotski era o mais inteligente e visionário dos dois revolucionários. Presidiu o primeiro soviete de Petrogrado até a derrota da primeira revolução contra a monarquia russa, em dezembro de 1905.

Novamente deportado, fugiu da Sibéria em 1907 e passou os anos seguintes no exílio, tendo se refugiado também nos Estados Unidos. Voltou à Rússia em 1917, quando participou ativamente da organização da Revolução de Outubro.

Na noite em que completou 38 anos (7 de novembro), tropas de choque ocuparam estações de trem, pontes, o banco estatal e as principais repartições públicas de Petrogrado. Por volta do meio-dia, Trotski proclamou a destituição do governo, em nome do Comitê Revolucionário Militar.

Inimizade com Stalin

Foi uma revolução sem derramamento de sangue. O terror e a crueldade viriam mais tarde. Trotski tornou-se comissário das Relações Exteriores e assinou a paz com a Alemanha em Brest-Litovsk. Com a nomeação de ex-oficiais czaristas para o Exército Vermelho, provocou a fúria do comissário político superior da décima Armada, Josef Stalin, que passou a lutar sistematicamente contra ele, por meio de intrigas e rumores.

Trotski, por sua vez, culpou Stalin pela derrota da Rússia na guerra contra a Polônia em 1920. A partir de 1923, com o adoecimento de Lenin, organizou a oposição a Stalin. Após a morte de Lenin, em 1924, Stalin concentrou o poder em suas mãos e se vingou de Trotski, expulsando-o do Partido Comunista em 1927 e deportando-o para a Turquia em 1929.

No exílio, Trotski passou por vários países. Na França, foi informado do "suicídio" de sua segunda filha. Seus dois genros foram deportados para a Sibéria e seus quatro netos desapareceram.

Em 1937, chegou ao México, onde foi assassinado dia 20 de agosto de 1940 pelo agente stalinista Ramón del Rio Mercader, que havia conquistado a confiança da família com o pseudônimo Frank Jacson.

O pensamento do teórico russo é polêmico e abrange as duas revoluções russas, o colapso da 2ª Internacional, a fundação da 3ª Internacional, as ascensões de Stalin na URSS e de Hitler na Alemanha, bem como a Revolução Espanhola.