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HistóriaAlemanha

Do 1º Império à Ascensão da Prússia

5 de abril de 2013

O Império Alemão foi criado em 911 e perdurou até 1806. O século 16 foi marcado pela Reforma Protestante de Lutero. No século 17, a Prússia destacou-se entre os estados territoriais, tornando-se uma potência militar.

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Selo imperial de 962
Selo de Otto, o GrandeFoto: Landeshauptarchiv Sachsen-Anhalt/Hans-Wulf-Kunze

A extinção da dinastia dos carolíngios, no início do século 10º, representou a desintegração do império franco, que tivera seu apogeu no reinado de Carlos Magno, morto em 814 d.C. Dentre as nações originadas por essa dissolução, a Alemanha não tinha solo tão fértil quanto a França ou a Itália e era mais atrasada culturalmente, sobretudo em suas regiões orientais.

Os grandes ducados em que se dividiam os territórios alemães passaram a concentrar o poder, até que o duque dos francos Conrado foi eleito rei em 911, data que marca a fundação do Império Alemão. Conrado 1º é considerado o primeiro rei alemão. A denominação do império sofreu várias alterações ao longo dos séculos:

– Império Romano, a partir do século 11
– Sacro Império Romano, a partir do século 13
– Sacro Império Romano de Nação Germânica, a partir do século 15.

Tratava-se de uma monarquia eletiva, em que o rei era escolhido pela alta nobreza. Na Idade Média, não havia capital do reino ou império: o governo era itinerante. Não se arrecadavam impostos: o rei custeava a sua manutenção com o produto do "patrimônio real", por ele administrado. O monarca só conseguia impor respeito aos poderosos duques das diversas etnias quando fazia acompanhar sua autoridade de força militar e de uma hábil política de alianças. Essa proeza só foi alcançada plenamente por Otto 1º (936–973), que chegou a ser coroado imperador alemão em Roma, no ano de 962.

A partir de então, os reis germânicos eram candidatos à dignidade de imperadores. Na sua concepção, o império era universal e outorgava ao soberano o domínio sobre todo o Ocidente. Mas essa ideia jamais chegou a ser realidade política plena. Por um lado, devido aos propósitos desagregadores dos príncipes, que se opunham à ação centralizadora da monarquia. Por outro, devido à influência da Igreja Católica, numa época em que o poder secular estava atrelado ao eclesiástico.

Em 1138, começou o século da dinastia dos Hohenstaufen. Frederico 1º Barba-Roxa (1152–1190) fez o império florescer. Lutou contra o papado, as cidades do norte da Itália e seus rivais na Alemanha. Em seu reinado, porém, iniciou-se uma excessiva divisão territorial, que acabou enfraquecendo o poder central. Esse processo, continuou nos reinados de seus sucessores.

Com a decadência da dinastia dos Hohenstaufen, o império universal do Ocidente chegou ao fim em 1268. As forças desagregadoras no seio do império não deixaram que a Alemanha se transformasse num Estado nacional – um processo que começava a se impor em outros países da Europa Ocidental. Esse foi um dos diversos fatores que fizeram com que a Alemanha se tornasse uma "nação tardia".

Fim da Idade Média e começo da Idade Moderna

Desenho de homem do século 12
Frederico Barba-Roxa (1123-1190)Foto: imago/United Archives International

Rodolfo 1º (1273–1291) foi o primeiro monarca da dinastia de Habsburgo. Como o patrimônio real se perdera, os "bens dinásticos" da respectiva linhagem passaram a ser a base material do império. Fortalecer o poder da dinastia tornou-se a ocupação principal de cada imperador.

Em 1356, a Bula de Ouro de Carlos 4º, uma espécie de Constituição do império, conferiu a sete importantes príncipes, os príncipes eleitores, o direito exclusivo de eleger o rei, concedendo-lhes ainda outras prerrogativas em relação aos demais nobres. Enquanto os pequenos condes, senhores feudais e cavaleiros iam perdendo influência, as cidades adquiriam importância graças a seu poder econômico.

As alianças estabelecidas entre as cidades trouxeram-lhes ainda mais força. A mais importante aliança foi a Liga Hanseática, que assumiu a liderança na região do Mar Báltico, no século 14. Formalmente, o império continuava sendo uma monarquia eletiva. Na prática, porém, desde 1438 a coroa era hereditária na dinastia de Habsburgo, que se tornara o mais forte poder territorial.

No século 15, exigia-se uma reforma do império. Maximiliano 1º (1493–1519) tentou realizá-la, mas não obteve muito sucesso. As instituições imperiais por ele criadas ou reorganizadas – Parlamento, circunscrições, Tribunal Superior – se manteriam até o fim do império, em 1806, mas não foram capazes de conter o seu progressivo parcelamento.

Entre "imperador" e "império" desenvolveu-se um dualismo. As corporações imperiais – príncipes eleitores, príncipes e cidades – opunham-se ao soberano. O poder dos imperadores foi sendo limitado pelos acordos que eram obrigados a fazer nas eleições. Os príncipes, sobretudo os mais poderosos, expandiam seus direitos em detrimento do poder imperial. Apesar disso, o império ainda se mantinha coeso, pois os territórios pequenos só tinham segurança contra ataques dos poderosos vizinhos no seio da federação imperial.

Se o poder econômico antes tinha cunho feudalista, agora se transferia cada vez mais para as cidades, beneficiadas pelo crescente comércio. Na indústria têxtil e no setor de mineração surgiam novas formas de economia que assumiam dimensões pré-capitalistas, ao ultrapassar o corporativismo artesanal. Ao mesmo tempo, o Renascimento e o Humanismo acendiam a chama de uma grande transformação intelectual e cultural. O espírito crítico recém-despertado voltava-se contra os abusos eclesiásticos.

Reforma e Contrarreforma

O descontentamento com a Igreja tornou-se patente com as pregações de Martinho Lutero, a partir de 1517, desencadeando a Reforma protestante. Suas consequências foram amplas: ultrapassaram o âmbito religioso e provocaram movimentos e conflitos sociais. Poucos anos após um levante dos Cavaleiros Imperiais, teve lugar em 1525 a Guerra dos Camponeses, o primeiro movimento revolucionário da história alemã. Aliando aspirações políticas e sociais, ele foi reprimido violentamente.

Os principais beneficiados da Reforma, depois de acirradas lutas, foram os príncipes territoriais. Com a Paz Religiosa de Augsburg, em 1555, eles conquistaram o direito de determinar a religião dos seus súditos. A religião protestante foi reconhecida em pé de igualdade com a católica, selando-se assim a divisão religiosa da Alemanha.

No tempo da Reforma protestante, o imperador Carlos 5º (1519–1556) ocupava o trono. Por direito hereditário, ele tornara-se senhor do maior império do mundo desde Carlos Magno. Muito ocupado com seus interesses políticos internacionais, porém, ele não conseguiu conter a ebulição interna na Alemanha. Abdicou do trono, e o império foi dividido. Os estados nacionais da Europa Ocidental e os estados territoriais alemães constituíam a Europa do século 16.

Quando a Paz Religiosa de Augsburg foi firmada, em 1555, 80% da Alemanha era protestante. Mas nem por isso a luta religiosa cessara. Nas décadas seguintes, a Igreja Católica conseguiu recuperar muitas regiões com a Contrarreforma. As diferenças acentuaram-se, formaram-se partidos religiosos, até que um conflito local na Boêmia (a "Defenestração de Praga") desencadeou a Guerra dos Trinta Anos. O conflito acabou se alastrando por toda a Europa. Entre 1618 e 1648, foram arrasadas grandes regiões da Alemanha, e sua população foi dizimada.

Quadro mostra muitos homens com papeis nas mãos
Assinatura da Paz da Vestfália em MünsterFoto: Wikipedia/geheugenvannederland.nl

A guerra foi encerrada com a Paz de Vestfália, conjunto de tratados firmados em 1648. A Alemanha perdeu territórios para a França e a Suécia, e foi confirmado o desmembramento da Suíça e da Holanda do império. Aos estados foram assegurados todos os direitos essenciais de soberania em questões religiosas e seculares, permitindo-lhes formar alianças com parceiros internacionais.

Ao fim da guerra, os estados territoriais alemães, quase soberanos, seguiram o exemplo da França e adotaram o Absolutismo – caracterizado por um soberano com poderes ilimitados, estruturas administrativas rígidas, economia financeira organizada e a formação de exércitos permanentes. A política econômica mercantilista fortalecia economicamente os estados absolutistas. Os principais se tornaram centros independentes: Baviera, Brandemburgo, Saxônia e Hannover.

A Áustria, que conseguira conter a invasão turca e havia incorporado a Hungria e parte dos Bálcãs, tornou-se uma grande potência. No século 18, ela ganhou um rival, a Prússia, que se formara a partir de Brandemburgo e se transformou numa grande potência militar durante o reinado de Frederico, o Grande (1740–1786).