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Cinema

1 de dezembro de 2010

Festival em Berlim exibe filmes de todo o mundo que não chegam ao circuito comercial na Alemanha. Organizador da mostra é amante da sétima arte e reúne seus longas prediletos todo ano para o público.

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Cena do filme turco '10 to 11', dirigido por Pelin EsmerFoto: Festival

Bernhard Karl é um colecionador e um homem obstinado. Fundador do Festival "Around the world in 14 films" (Ao redor do mundo em 14 filmes), ele é um colecionador por frequentar todo ano em torno de dez festivais em diversos lugares do planeta, para escolher, entre os aproximadamente 500 filmes a que assiste, seus prediletos.

Obstinado ele é por ter simplesmente optado por fundar seu próprio festival. Diretor de teatro e à procura de um novo desafio profissional, ele percebeu logo que, vindo de outra área, jamais teria uma chance de trabalhar nos grandes festivais, como o de Berlim, por exemplo.

Bernard Karl
Bernard Karl, fundador do festivalFoto: Christian Riss

"A volta ao mundo imaginária é, por assim dizer, a minha vida. Venho de um pequeno povoado na Baviera e, quando lá vivia, sempre quis ir a todos os outros lugares do mundo, fora da Baveira", explica Karl. Além disso, ele sempre se sentiu incomodado com o fato de que todos os bons filmes a que ele assistia em festivais internacionais jamais eram exibidos nos cinemas alemães. "Comecei a colecionar esses filmes e assim surgiu para mim uma espécie de mapa mundi imaginário.

O melhor do cinema de todo o mundo

Karl não quer privar o público alemão desse mapa mundi cinematográfico. Por isso, todos os anos ele mostra em Berlim aqueles filmes que, por razões de ordem estética ou artística, o impressionaram em festivais internacionais, mas que ainda não haviam sido exibidos na cidade. "São muitas impressões e horizontes novos. Pode também ser cansativo e dependendo do contexto até doloroso", explica Karl.

Um belo exemplo do que ele chama de novo, mas que não é de forma alguma cansativo, é o documentário Benda Bilili!, que mostra cadeirantes desabrigados e meninos de rua em Kinshasa. No entanto, os protagonistas desse filme não aparecem na tela como símbolo de pobreza, miséria e falta de esperança, como de costume, mas de uma indescritível energia positiva de vida.

Film Benda Bilili von Renaud und Florent de la Tullaye Barret FLASH Galerie
Cena de 'Benda Bilili!', dos diretores Renaud Barret e Florent de la TullayeFoto: Festival

Os "Benda Bilili" são músicos que, ao longo do filme, conseguem apresentar-se em grandiosos festivais ao ar livre na Europa. Hoje o grupo é chamado até mesmo de "Buena Vista Social Club" do Congo.

Filme com temática musical do Congo: isento de clichês

Essa visão inusitada do Congo existe graças ao diretor francês Florent da la Tullaye. "As pessoas na África recebem os funcionários das emissoras europeias de televisão e depois só veem reportagens sobre miséria e catástrofes em seus países. Ou seja, eles nem se reconhecem nessas reportagens. Por outro lado, as pessoas têm orgulho de sua música e de seus músicos e essa foi a chave para esse filme."

Benda Bilili! foi o filme de abertura no Festival de Cannes deste ano, ovacionado com entusiasmo pelo público. Agora o longa é exibido no pequeno festival "Around the world in 14 films", em Berlim.

Para o diretor do filme, a atual exibição na capital alemã não é menos importante que mostras de grande porte. "A vantagem é que filmes em pequenos festivais são muito mais acessíveis para o público do que nos sobrecarregados e enormes festivais internacionais", diz ele.

Entre os outros filmes que integram a mostra berlinense deste ano estão um documentário de três horas sobre o ex-ditador romeno Ceausescu, resultante da edição de mais de cem horas de material de arquivo. E The Green Wave, uma colagem de documentários e filmes de animação sobre a chamada "Revolução Verde" no Irã em 2009.

Em sua quinta edição, o festival vai apresentar ao público berlinense, mais uma vez, uma volta ao mundo cinematográfica, através de 14 filmes diferentes – graças à sofisticada seleção desta mostra pequena e independente. O festival começou no dia 26 de novembro e segue até 4 de dezembro no cinema Babylon, em Berlim.

Autora: Nadine Wojcik (sv)

Revisão: Alexandre Schossler