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Argentina

27 de outubro de 2010

Ex-presidente era o principal consultor da esposa, Cristina Fernández de Kirchner, e, para muitos analistas, o político mais influente do país. Morte lança dúvidas sobre o futuro do governo, avalia especialista.

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Néstor Kirchner sofreu parada cardiorrespiratóriaFoto: picture-alliance/dpa

A morte do ex-presidente Néstor Kirchner abre um período de incertezas para a Argentina, avaliam especialistas que acompanham a política do país. Kirchner morreu de forma súbita nesta quarta-feira (27/10), em El Calafate, na província de Santa Cruz, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele tinha 60 anos.

O ex-presidente era visto por analistas como o político mais influente da Argentina. Sua morte lança dúvidas sobre se a presidente Cristina Fernández de Kirchner poderá seguir governando sem a presença do marido e ex-presidente, e se haverá um retrocesso nos avanços conquistados pela Argentina nos últimos anos.

Para a cientista política Mariana Llanos, do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), de Hamburgo, a morte de Kirchner cria um panorama complicado para a Argentina. "Néstor Kirchner tinha um papel muito relevante como operador político dentro do governo de sua esposa", afirmou à Deutsche Welle. "Todo mundo sabe que ele era como um poder nas sombras."

Forte influência sobre governo da esposa

Segundo Llanos, ele era uma espécie de consultor de primeira ordem e muitas decisões do governo são atribuídas diretamente ao presidente. A morte de Kirchner dá início a um período de incertezas no país sul-americano, avaliou a cientista política.

O economista sênior do Grupo Goldman Sachs Alberto Ramos também vê o início de um período de incertezas no país. "A morte de Kirchner introduz uma significativa incerteza política porque forças políticas pró-governo provavelmente se realinharão significativamente, antecipando as eleições presidenciais do próximo ano", declarou à agência de notícias Reuters.

Kirchner era cotado para disputar a presidência nas eleições de 2011. Ele já não desfrutava mais da popularidade de antes, mas tampouco era um político impopular. As especulações em torno de sua candidatura freavam o avanço de oponentes dentro e fora do Partido Justicialista, uma situação que agora se modifica.

Llanos lembra que vários presidentes caíram durante os anos de democracia. "Sustentar a figura presidencial é algo complicado na Argentina", disse. Na avaliação dela, a figura de Fernández de Kirchner sempre foi mais fraca que a do marido, apesar de este não exercer nenhuma função institucional no governo. Kirchner fora eleito deputado nas eleições de 2009.

A cientista política sublinha ainda o aspecto emocional da morte de Kirchner para a esposa. "Cabe ressaltar que, acima de tudo, é um momento de comoção para a presidente argentina e temos que ver como ela vai se recuperar." O casal exercia um estilo de governo fechado e, para a especialista, seguir com esse estilo não trará benefícios à chefe de governo.

Autores: Cristina Papaleo/Alexandre Schossler
Revisão: Roselaine Wandscheer