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Mídia

3 de outubro de 2010

Mídia alemã volta os olhos para as eleições no Brasil e ressalta a "força interna do gigante até há pouco adormecido". Quaisquer que sejam os resultados nas urnas, país ganha relevância no cenário internacional.

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Plataforma da Petrobras, empresa citada pela imprensa alemãFoto: AP

O diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) lembra em artigo – que salienta um "Brasil que floresce" – as melhores condições em que vivem os brasileiros hoje. O jornal credita os progressos do país em parte ao governo Lula e em parte "à boa conjuntura na China e em outros países emergentes da Ásia". Também a descoberta de enormes reservas de petróleo na costa brasileira são, segundo o diário alemão, responsáveis pelos bons ventos que sopram sobre o país.

O FAZ ressalta ainda que "o desenvolvimento brasileiro baseia sua dinâmica cada vez mais na força interna. A estabilidade, um melhor sistema de crédito e a ascensão social despertaram o enorme mercado interno, com seus quase 200 milhões de habitantes, de seu longo sono de Bela Adormecida".

Em um momento no qual "a confiança nunca foi tão grande" dentro das fronteiras brasileiras, o jornal alemão lembra, contudo, que problemas graves como "as reformas de um sistema tributário ineficiente, a burocracia paralisante e o deficitário sistema de previdência" são pontos a serem tratados pelo próximo governo. "Essas tarefas hercúleas nem mesmo Lula começou", conclui o jornal.

O diário Süddeutsche Zeitung, de Munique, reúne imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma galeria de 17 fotos, relatando sua trajetória como político e citando os altos e baixos do atual governo e o papel do Brasil no cenário político internacional.

2016: entre os cinco mais poderosos

A revista Stern dedica diversas páginas às eleições presidenciais no Brasil sob o título "Um país feliz", ilustrando o texto, entre outros, com uma foto de jovens se divertindo em bares do bairro Vila Madalena, em São Paulo, cuja legenda se refere a "uma juventude mais otimista que em qualquer outro lugar do mundo".

Segundo a revista, "o Estado falido de então se transformou na mais forte das nações emergentes e está a caminho de se tornar uma potência mundial. Os anos de uma hiperinflação de até 3% ao dia e das demissões em massa de mais de mil trabalhadores por hora são agora história. O Brasil, antes tutelado pelo Fundo Monetário Internacional, é hoje um de seus maiores financiadores. E será, tudo indica, já no ano de 2016, uma das cinco nações mais poderosas do mundo".

O semanário Der Spiegel discute as eleições brasileiras sob o título "Luta pela herança de Lula", destacando, entre outros, a trajetória da candidata Marina Silva, de figura política que serviu à propaganda do governo Lula a concorrente no pleito atual. "Quanto mais a imprensa descobre as sujeiras [do atual governo], tanto mais brilha a estrela de Marina Silva. Ela é a darling da mídia, a Madre Teresa da política brasileira. [...] E conta com o apoio de artistas e intelectuais, que consideram chique defender a candidata", avalia o correspondente da revista no Brasil.

País vai "moldar século 21"

O berlinense Der Tagesspiegel também intitula suas reportagens sobre as eleições brasileiras referindo-se ao país como "o gigante que desperta". O jornal afirma que o Brasil "é uma entre as nações que irá moldar o século 21, dos pontos de vista político, cultural e econômico. O país passou de tal forma ileso pela crise financeira global como se pertencesse a outro planeta", analisa o diário, salientando o alto índice das exportações brasileiras e a estabilidade do real.

Para o jornal, a nova ordem mundial "se chama Planeta Lula" e terá os países emergentes do Sul e do Leste, e não mais os ocidentais, dando o tom da geopolítica mundial. "Não é por acaso que o Brasil vai sediar a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016", completa o autor do artigo publicado pelo diário de Berlim.

"Enfim, potência mundial"

Já o Financial Times Deutschland estima, em artigo intitulado "Enfim, potência mundial", que o Brasil ainda esteja operando economicamente abaixo de suas capacidades. "De fato, o país é, com suas admiráveis taxas de crescimento, uma das grandes economias em ascensão do mundo, ao lado da China, Índia, Rússia, ou seja, dos chamados países do Bric, que disputam com os velhos países industrializados o papel de liderança".

O jornal lembra que grupos empresariais brasileiros, como a Inbev, por exemplo, no mercado de bebidas, ascenderam à posição de líderes mundiais e cita ainda a capitalização da Petrobras e os "investidores brasileiros que há pouco compraram a cadeia de fast food Burger King". Mas salienta que o crescimento econômico pode diminuir no próximo ano e ficar bem atrás da China e da Índia.

O jornal econômico recorre às palavras de Roberto Mangabeira Unger para lembrar que "os brasileiros não são de forma alguma otimistas. As notícias eufóricas acabam vindo mais do exterior".

SV/dw
Revisão: Alexandre Schossler