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Uso da energia termossolar passa por forte expansão em todo o mundo

26 de abril de 2011

A energia que vem do sol já esquenta a água em 60 milhões de domícilios em todo o mundo. E ainda tem um grande potencial de crescimento.

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Dois terços de todas as plantas termossolares do mundo estão em funcionamento na ChinaFoto: GREENoneTEC/ESTIF

Quando se fala em energia solar, a maioria das pessoas pensa apenas na obtenção de eletricidade a partir dos raios de sol. Além dessa, existe uma técnica ainda mais importante: a dos coletores termossolares, capazes de aquecer ambientes e principalmente água. "A percepção pública sobre o aquecimento solar é imensamente desproporcional ao seu potencial para economizar energia", lamenta Matthias Fawer, analista de energia do banco suíço Sarasin, que realiza pesquisas no mercado termossolar.

De todos as unidades de aquecimento solar instaladas pelo mundo, 68% estão em funcionamento na China, onde o governo desde cedo incentivou as indústrias a produzirem placas coletoras. O motivo foi puramente econômico: o aquecimento solar é – principalmente para as classes mais pobres – mais barato do que o proveniente de óleo ou gás.

Solarsiedlung Hamburg-Bramfeld
Condomínio solar em Hamburgo: Alemanha é um dos países europeus mais importantes em energia termossolarFoto: Wagner & Co/ESTIF

Dependendo da região, os sistemas de aquecimento solar podem suprir até 60% da energia usada para aquecer água ou ambientes. A técnica é simples: os raios de sol são absorvidos por uma placa coletora de superfície plana ou composta por cilindros em série. Essa placa está conectada a um reservatório térmico de água. Entre ambos os sistemas circula um material condutor de calor, como, por exemplo, água.

Quando a temperatura da água nas placas coletoras supera a do reservatório, um sistema natural de bombeamento é ativado: como a água nos coletores é mais quente – e, portanto, menos densa que a água no reservatório –, ela irá subir até o reservatório, aquecendo-o. Ao final desse processo, a água que veio dos coletores estará de novo mais fria e descerá aos coletores, reiniciando o ciclo.

Em 2008, o mercado termossolar disparou: a alta no preço do petróleo causou um crescimento de 40%. Para os próximos anos é esperado um aumento anual na faixa de 15% a 20%. Além da China, há grandes mercados na Alemanha, na Áustria, na Grécia, na Turquia, no Japão e em Israel – que, há 30 anos, tornou-se o primeiro país a transformar em obrigatórios os sistemas de aquecimento solar em novas construções.

Enorme potencial econômico

A energia solar é responsável pelo aquecimento de água em 60 milhões de domicílios ao redor do planeta. Também por isso os aquecedores solares, tanto para água quanto para ambientes, geram mais energia do que o atual emprego da geotermia e das células fotovoltaicas e as usinas de energia solar somadas: 174 terawatts-hora por ano. A quantia corresponde, por exemplo, a toda demanda energética da Polônia até 2020.

Ao lado da energia eólica, a energia termossolar figura como o principal propulsor para uma mudança na forma de gerar energia. E também para a autonomia energética: de acordo com um estudo do Banco Sarasin, a Europa poderia poupar 30% das suas importações de petróleo do Oriente Médio caso se voltasse à energia termossolar. No entanto, os europeus ainda estão bem longe disso. Por muito tempo, a opção foi deixada de lado até mesmo por países com excelentes níveis de incidência solar, como a Itália ou a Espanha – onde hoje existem leis relacionadas a esse tipo de aquecimento.

Solaranlage in Südspanien Andalusien
Em países como a Espanha, tecnologia começa a receber investimentos maioresFoto: DW / Leidel

Apenas recentemente a técnica foi mencionada na diretriz da União Europeia para energias renováveis, que obrigou os países do bloco a apresentar um plano de implementação nacional. "Esta é uma oportunidade única de estimular uma técnica que ainda carece de uma indústria robusta e de instrumentos de apoio financeiro, como os que existem para a energia fotovoltaica na Alemanha", afirma Bärbel Epp, do Conselho Global de Energia Termossolar em Bruxelas.

O programa alemão de incentivo foi copiado em todo o mundo. Nele, os proprietários de residências recebem dinheiro pela energia que geram com células fotovoltaicas e lançam na rede pública de energia. Para a energia termossolar não há um mecanismo de fomento semelhante.

"O potencial de desenvolvimento ainda é imenso", afirma o analista Matthias Fawer. Mas os sistemas tecnicamente complexos requerem um grupo com alto poder aquisitivo. "Por esse motivo, as condições são particularmente boas em países emergentes, com suas novas classes médias", diz Fawer. O banco Sarasin avalia que novos mercados estão para se desenvolver na Indonésia, no México, na África do Sul e no Brasil. Também promissores são o sul da Europa, os EUA e a Austrália.

Um outro país que desperta expectativas é a Índia. Apesar do apoio do Estado e da existência de compradores em potencial, a energia termossolar ainda não se impôs no país devido aos longos processos de licenciamento e à falta de campanhas esclarecedoras.

Profissionalizar o quanto antes

O essencial, de acordo com Bärbel Epp, é treinar as empresas de instalação e os escritórios de engenharia desde cedo. Um bom exemplo é o México, onde todos os setores interessados foram previamente informados e as camadas pobres da população receberam empréstimos financeiros baratos para a instalação de uma planta termossolar.

O sucesso do método pode ser visto no conjunto habitacional de trabalhadores Los Heroes, no município de Tecámac, na região metropolitana da Cidade do México. Lá, mais de mil domicílios já possuem o sistema de aquecimento solar.

Solarkraftwerk Marstal in Dänemark
Cidade dinamarquesa de Marstal possui campo de painéis coletores de 20.000 metros quadradosFoto: ARCON/ESTIF

Nos Estados Unidos, o estado da Califórina também merece menção quando se fala no assunto: com 380 bilhões de dólares, o governo estadual apoia por mais de oito anos a instalação de sistemas termossolares, boa parte deles em empresas. Trata-se de uma tendência global, aposta Bärbel Epp. "Até o momento, praticamente só se tem prestado atenção ao uso doméstico. O novo foco em grandes instalações e no setor corporativo é bem-vindo – inclusive por motivos climáticos."

Autor: Torsten Schäfer (mdm)
Revisão: Alexandre Schossler