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Literatura alemã

8 de setembro de 2010

Nem todos os autores são nascidos na Alemanha. Muitos romances são histórias pessoais, com um pano de fundo histórico. Peter Wawerzinek é um dos grandes favoritos.

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Seis nomes concorrem ao PrêmioFoto: Nicole Hoehne

A lista dos finalistas ao Prêmio Alemão do Livro deste ano indica uma tendência: o mercado literário alemão está ficando cada vez mais internacional. Os seis nomes foram apresentados nesta terça-feira (07/09) pela Associação do Comércio Livreiro Alemão e o nome do vencedor será conhecido em 4 de outubro, durante a feira do Livro de Frankfurt. O ganhador receberá 25 mil euros.

Foram analisados 148 títulos publicados entre outubro de 2009 e 8 de setembro de 2010. "Nem sempre houve consenso, claro. Os seis finalistas têm estilos literários muito diferentes: poético, cômico, experimental”, justificou Julia Encke, crítica literária que faz parte do corpo de jurados.

Panoramas históricos e do presente

Um dos concorrentes é Jan Faktor. Seu romance leva o leitor a Praga, a terra natal do autor. Sob o longo título Georgs Sorgen um die Vergangenheit oder Im Reich des heiligen Hodensack-Bimbams von Prag, Faktor conta como é crescer sob o socialismo. A obra trabalha com símbolos da estagnação política, e é um retrato da então Tchecoslováquia dos anos de 1950, 1960 e 1970. O livro é, ao mesmo tempo, cômico e triste.

A obra de Thomas Lehr, September. Fata Morgana, é profundamente enraizada no presente. Dois pais e duas filhas; uma história se passa nos Estados, a outra em Bagdá. Não há um ponto de ligação entre as duas famílias, mas, de repente, ambas vivem uma tragédia provocada pela violência. O pai norte-americano perde sua filha no ataque de 11 de setembro, e a filha do iraquiano morre num ataque a bomba em Bagdá. Em seu romance, o autor abdica de pontuação e mescla tradição oriental de narração com perspectivas ocidentais.

Raízes familiares

O romance de Melinda Nadj Abonji, autora suíça com raízes húngaro-sérvias, também aborda os limites culturais e linguísticos. Tauben fliegen auf conta a história de uma família que deixa a região dos Bálcãs e segue para a Suíça, fugindo dos conflitos da ex-Iugoslávia.

Andernorts, de Doron Rabinovici, traz uma narrativa bem-humorada e com profundidade sobre dois candidatos que lutam por uma vaga de professor universitário e que se deparam em meio a um debate acalorado sobre a culpa histórica e a identidade judaica. Rabinovici nasceu em 1961, em Tel Aviv, e viveu sua infância em Viena – atualmente é um dos autores mais bem-sucedidos na Áustria. Como na vida real do escritor, os dois destinos estão presentes no enredo que envolve o personagem do livro.

Aos 30 anos, Judith Zander é a autora mais nova entre os listados, com Dinge, die wir heute sagten. Uma pequena e monótona vila na Alemanha Oriental abre espaço para o conflito de gerações e diferenças pessoais. Uma antiga moradora do povoado volta da Irlanda, com o marido e filho, para enterrar a mãe. O estilo de vida da família mexe com os habitantes.

Autor Schriftsteller Peter Wawerzinek Rabenliebe
Peter WawerzinekFoto: picture-alliance/dpa

Forte candidato

A obra de Peter Wawerzinek seja talvez a mais pessoal da lista deste ano. Rabenliebe é um dos candidatos mais fortes ao Prêmio Alemão do Livro, e já conquistou inclusive o prêmio Ingeborg Bachmann de 2010.

O escritor nasceu em Rostock, no norte da Alemanha, e passou a infância num orfanato da antiga Alemanha comunista – os pais o abandonaram quando fugiram do regime. Anos mais tarde, ele sai em busca da mãe, e o fruto disso é um romance carregado de impressões pessoais.

Tendência

A lista dos finalistas do Prêmio Alemão do Livro é marcada por histórias pessoais sobre desarraigamento e a busca do lar. Jan Faktor, Melinda Nadj Abonji e Doron Rabinovici são três candidatos que nasceram em países onde não se fala alemão, uma prova da diversidade cultural da língua alemã.

Autoras: Aygül Cizmecioglu / Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer