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Afeganistão

30 de julho de 2010

Publicação de documentos secretos no Wikileaks abalou confiança de norte-americanos na política dos EUA para o Afeganistão. Aprovação ao governo Obama tem caído e surge um novo debate sobre uma possível mudança de rumo.

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Aliado de Obama, Kerry insinua mudança de rumoFoto: picture alliance/dpa

A divulgação de documentos secretos do Pentágono pelo Wikileaks abalou a confiança dos norte-americanos na política de Washington em relação ao Afeganistão. Há apenas algumas semanas, a elite política do país apoiava, em grande parte, o presidente e sua estratégia de expansão limitada da guerra, a ser acompanhada por um reforço da reconstrução civil.

O objetivo da Casa Branca é acuar os talibãs tanto de forma militar como política, e negociar uma solução política para o conflito com os chamados islamitas moderados. Mas, após o caso Wikileaks, a aprovação a esta estratégia vem caindo. Esta semana foi possível perceber como o apoio à política de Obama vem se esfacelando em Washington.

O senador John Kerry, candidato presidencial democrata em 2004 e que era tido como um importante aliado de Obama, anunciou a realização de uma audiência sobre as perspectivas de negociações entre Cabul e os talibãs. Quando perguntado sobre o caso Wikileaks, Kerry disse que os documentos levantam sérias questões sobre as perspectivas da política americana atual para o Paquistão e o Afeganistão. Segundo ele, agora deve ser analisado se é necessário mudar o curso.

Gastando bilhões na guerra, sem obter resultados

As dúvidas também estão crescendo no lado republicano, que vinha apoiando a maior parte das decisões de Obama. O influente senador e especialista em política externa Richard Lugar se queixou há poucos dias de que Washington continuaria a "gastar bilhões sem conseguir alcançar um resultado satisfatório".

As últimas sondagens de opinião nos Estados Unidos mostram que tem diminuído continuamente o apoio à guerra no Afeganistão, que devora 100 bilhões de dólares por ano e faz cada vez mais vítimas civis e militares. Uma clara maioria acredita que a guerra já esteja perdida. E o presidente Barack Obama precisa tomar uma posição clara em breve, já que em novembro serão realizadas eleições nos EUA.

General alemão criticou publicação de documentos

O general alemão Josef Blotz, porta-voz da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf, do inglês) criticou o vazamento dos 92 mil documentos, em sua maioria secretos, sobre o conflito no Afeganistão.

Afghanistan Josef Blotz Wikileaks
Blotz (à direita) chamou publicação de 'crime'Foto: AP

"Aproveito para criticar a divulgação desses documentos", afirmou o general Josef Blotz durante uma entrevista coletiva transmitida em vídeo a partir do Afeganistão até o centro de comando de operações das Forças Armadas alemãs, localizado perto da cidade alemã de Potsdam. "Foi extremamente irresponsável e, basicamente, um crime."

O porta-voz das tropas internacionais no Afeganistão não contradisse diretamente declarações militares anteriores, as quais sugeriam que os documentos teriam pouco impacto sobre as operações em curso, pelo fato de serem de sete meses atrás. Mas Blotz disse que as informações podem representar perigo para soldados e civis.

Vazamento pode ameaçar vidas de afegãos

"O material secreto agora disponível ao público em geral pode, realmente, comprometer a vida das nossas tropas da Isaf", alertou Blotz. "Além disso, ele pode pôr em perigo as vidas de muitos afegãos que, de uma forma ou de outra, têm colaborado com as forças da Isaf ou com as forças de segurança afegãs e cujos nomes são mencionados explicitamente nos documentos."

No entanto, o general também insistiu que o valor das informações contidas nos arquivos seria muito limitado, afirmando que a informação divulgada "apenas surpreenderia as pessoas que não leram jornal nos últimos três anos".

Autores: Hardy Graupner / Grahame Lucas (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer