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Receita do 'Hub'

22 de julho de 2010

Se você trabalha em casa e se sente sozinho em frente ao laptop, o 'Hub' pode ser uma boa alternativa. Empreendedores de todas as áreas são bem-vindos, que se beneficiam com rede de contatos e flexibilidade.

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Hub de Londres: mais de 600 membrosFoto: The Hub

Há cinco anos, o primeiro "Hub" europeu abria suas portas na região central de Londres. O objetivo era reunir negócios com ideias semelhantes – principalmente aqueles em fase inicial – e oferecer às pessoas um local para trabalhar. E, mais importante ainda, fazer com que elas se tornassem parte de uma grande rede de contatos.

"O Hub começou para reunir pessoas que têm projetos e que estão tentando mudar o mundo. Isso vale para qualquer um: pequenas instituições de caridade, ONGs, empresas de cunho social, negócios em fase inicial, aspirantes a poetas, políticos, jornalistas, qualquer um que tenha um objetivo social encontrará um lar aqui no Hub", diz Alex Rinsler, diretor de programação da unidade londrina em Islington.

Pagamento e flexibilidade

A ideia é totalmente dedicada à flexibilidade. Isso significa que os membros podem utilizar o espaço quando precisarem e da forma mais lhes for conveniente. As mesas móveis e o formato amplo do escritório permitem que o espaço seja adaptado conforme a demanda do dia.

O pagamento é parecido com um contrato de celular: os membros "compram" por mês uma quantidade de horas para trabalhar no local. Em Londres, o plano básico começa com 10 libras esterlinas por mês e vai até 400 libras para acesso ilimitado.

Quem adere ao Hub pode ainda contar com uma linha completa de serviços, que inclui correio, impressão, depósito, conexão de internet Wi-Fi e banda larga. "O clima foi criado para realmente facilitar a vida das pessoas que estão começando um negócio", diz Alex Rinsler.

Também no Brasil

Perto da agitação da avenida Paulista, o Hub de São Paulo ocupa um antigo galpão de 500 metros quadrados. Fazem parte da comunidade mais de 100 membros, entre executivos, inovadores sociais, líderes comunitários ou do setor público, artistas e profissionais autônomos.

A diária no local custa 40 reais, por 665 mensais o uso é ilimitado. E quase tudo está incluído na oferta: impressão, telefone, espaço para reuniões e workshop são itens cobrados à parte no Hub paulistano. A unidade oferece para empreendedores sociais e iniciantes de negócios de perfil social uma bolsa, que dá até 30% de desconto.

Hub Büro London Schwarzes Brett
Novos membros no Hub: grande lista de contatos disponívelFoto: The Hub

Formação de comunidades

Luke Nicholson tem uma empresa voltada para inovação sustentável e freqüenta o Hub londrino desde o início. Para ele, ter começado seu negócio em um ambiente flexível foi uma forma de evitar conflitos e economizar tempo, além de ter facilitado a estabelecer os contatos necessários.

"Acho que o principal benefício do Hub está ligado ao contato com muita gente diferente, de especialidades distintas, que normalmente você só teria em grandes instituições ou numa grande empresa", diz Nicholson.

Fora do ambiente caseiro

Para muitos membros do Hub de Islington, como o recém-chegado Steve Mustardy, o local se tornou uma alternativa importante para quem trabalhava em casa. "Minha mulher está grávida, o bebê deverá nascer nas próximas semanas, então não vai ter clima de trabalho em casa", diz ele, ao destacar também as vantagens, do ponto de vista psicológico, de separar a vida profissional da vida doméstica.

Além de dividirem o espaço físico, os membros do Hub mantêm contato virtual constante por meio de um serviço de intranet. No caso londrino, são pelo menos 600 empreendedores listados no livro de contatos ao alcance.

"Você pode achar, de fato, um espaço em qualquer lugar. Há uma vontade real, por parte das imobiliárias comerciais, de se envolver em projetos como esse, devido ao alto número de participantes e porque é fashion, bacana... Mas para fazer isso de forma sustentável é necessário, em primeiro lugar, uma comunidade poderosa. E não podemos ditar muito de onde elas vêm", explica Rinsler.

Hub Büro London
Mobilidade: ambiente do escritório é maleávelFoto: The Hub

Futuro brilhante

O Hub londrino começou com estudantes universitários que, há cinco anos, haviam acabado de desenvolver projetos na África. O local nasceu da frustração do grupo com a falta de ambientes de trabalho apropriados.

Hoje, o conceito, mais ampliado, atingiu várias outras vertentes do setor social. Há 3 mil membros espalhados em 20 Hubs de 14 países diferentes, com unidades em cidades como Johanesburgo, Berlim e Estocolmo. Uma vez membro do Hub, é possível trabalhar em qualquer unidade do mundo.

Segundo Alex Rinsler, o sucesso do modelo indica o futuro que vem por aí: "Há uma demanda real por essa forma de trabalho que que temos aqui. Uma forma que responde a grandes mudanças sociais, relacionadas à globalização e talvez ao fim dos caminhos tradicionais de ingresso em grandes multinacionais. Além de ser, talvez, uma reação a essas estruturas também."

O diretor da unidade londrina acredita que o modelo crescerá nos próximos três a cinco anos. Além de o local oferecer um ambiente de trabalho saudável, há também no programa atividades como café-da-manhã, almoços e performances à noite. E quase sempre uma atividade extraordinária para distrair os membros.

A julgar apenas pelo feedback, esse parece ser um modelo de negócios de futuro. "Somente no último ano, recebemos mais de mil consultas sobre como abrir um Hub. Há uma grande demanda de gente querendo trabalhar junto desta forma. Afinal, você se diverte muito mais assim", conclui Rinsler.

Autoras: Sarah Stolarz / Nádia Pontes

Revisão: Soraia Vilela