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Cinco anos depois

10 de maio de 2010

Cinco anos depois, memorial em Berlim que lembra vítimas do Holocausto se incorpora à cultura alemã. A opinião é da jornalista Cornelia Rabbitz, da redação alemã da Deutsche Welle.

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A briga durou muitos anos. Primeiramente, a questão era se a Alemanha precisava de um monumento como este. Depois, como ele deveria ser. E, por fim, se depois da longa disputa, o projeto abstrato do americano Peter Eisenman era mesmo o apropriado: 2.711 estelas de concreto.

"Pesadão demais! Abstrato demais! Um depósito de coroas de flores para cerimônias de homenagem! Um playground para adolescentes aventureiros! Um ponto final de pedra para quem quer esquecer a história" Verdadeiro convite para os neonazistas fazerem suas pichações em plena Berlim!", era o que se dizia.

Agora, em cinco anos de existência, ficou provado que o ceticismo e os medos eram compreensíveis, mas desnecessários.

O memorial para os judeus assassinados na Europa fica perto do Portão de Brandemburgo, é acessível a qualquer hora, não há portões ou cercas, não é preciso pagar taxa de admissão, é um convite aberto a todos. O centro de informação subterrâneo foi incluído mais tarde e completa o monumento abstrato: uma exposição conta a história de sofrimento e dá o nome das vítimas.

Aproximadamente 2 milhões de pessoas já visitaram a exposição, é provável que o número dos que conheceram o monumento de concreto seja muito maior. Os que chegam todos os dias – mesmo que só seja como parte de um programa turístico – dão testemunho desse memorial. Ele é popular e tornou-se parte tanto do cotidiano, como da cultura alemã da memória.

Quem queira saber mais sobre o tema, já está bem servido nas imediações. Por exemplo, na recém reinaugurada exposição Topografia do Terror, que informa de forma impressionante sobre os nazistas e seus crimes. Justamente por suas dimensões e abstração, o Memorial do Holocausto, acrescentou muito ao espaço histórico de Berlim e, ao mesmo tempo, a uma rede nacional de museus e memoriais que se dedicam mais aos destinos pessoais.

E nos cinco anos do monumento, não se pode esquecer que ele não foi imposto aos alemães pelos descendentes das vítimas, nem pela sociedade judaica. Tampouco foi, de início, uma questão de Estado: somente mais tarde o Parlamento e os políticos se envolveram no projeto. A ideia nasceu há 20 anos, a partir da iniciativa civil da jornalista Lea Rosh e do historiador Eberhard Jäckel.

E assim, o monumento é expressão de engajamento dos cidadãos e de consciência histórica, no melhor sentido desses termos. Ele não pode substituir o depoimento vivo de uma testemunha histórica. E tampouco o luto individual das pessoas afetadas. E, acima de tudo, não nos desobriga da necessidade de continuar nos ocupando de temas como nazismo, Holocausto e guerra, nas escolas, na pesquisa e na sociedade. Mas é um exemplo de quão intensivamente a Alemanha tem se ocupado de seu passado nazista – depois de uma demasiadamente longa fase de silêncio e eufemismo.

Autor: Cornelia Rabbitz (NP)
Revisão: Augusto Valente