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Afeganistão

6 de abril de 2010

Hamid Karzai irritou seus aliados ocidentais ao criticá-los abertamente. Washington e Otan temem perder respaldo para operação militar da Isaf no Afeganistão.

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Aliados na mira de KarzaiFoto: AP

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, entrou em rumo de colisão com os aliados do Ocidente. Depois de sofrer pressões deles para que tome providências contra a corrupção no país, chefe de Estado provocou os EUA e a Otan, ameaçando retirar seu apoio às tropas ocidentais que lutam contra os rebeldes talibãs.

A Otan reagiu a Karzai nesta terça-feira (6/4), advertindo-o a não minar o apoio público aos esforços das tropas internacionais no país. "A comunidade internacional, incluindo a Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança), continua a fazer um enorme esforço e sacrifício em prol do povo afegão, a fim de livrar o país do terrorismo ", disse o porta-voz da Otan, James Appathurai. "Esperamos que isso seja reconhecido pelo povo afegão, incluindo os altos escalões", declarou ele em um comunicado.

"Só se vocês estiverem de acordo"

A advertência da Otan foi proferida menos de um dia depois que Karzai ameaçou abertamente resistir aos planos de uma grande ofensiva dos aliados em Kandahar, berço dos talibãs e província fundamental para a estratégia militar da Otan no combate à insurreição que se vem se acirrando no país nos últimos anos.

"Nestes últimos dias, os estrangeiros têm falado em promover uma ofensiva em Kandahar", disse Karzai, durante um encontro com cerca de 1.500 líderes tribais, lançando a seguir uma pergunta retórica aos presentes: "Isso preocupa vocês?", para obter dos líderes tribais como resposta "sim, estamos". "Pois bem, se estão preocupados, não haverá qualquer operação, salvo se vocês estiverem de acordo ", frisou Hamid Karzai.

O chefe de Estado afegão estava acompanhado do comandante das tropas norte-americanas e internacionais estacionadas no Afeganistão, general Stanley McChrystal. O militar ocidental pôde assistir, dessa forma, às críticas do presidente afegão.

Karzai diz que não é marionete

Afghanistan Soldaten des 373 Batalions der Bundeswehr patroullieren in der afghanischen Hauptstadt Kabul
Tropas alemãs no Afeganistão: apoio da população diminuiFoto: AP

Karzai afirmou que o Afeganistão só será apaziguado quando a população chegar à conclusão de que seu governo é independente e "não uma marionete". Ele também acusou o Ocidente de tentar impedir sua reeleição à presidência através de pagamentos de subornos e de ameaças.

A Casa Branca se disse "frustrada" com as repetidas críticas do presidente afegão. Nem um telefonema entre Karzai e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, serviu para amenizar a crise, informou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Entretanto, o presidente americano, Barack Obama, mantém o convite feito a Karzai para uma visita aos Estados Unidos no dia 12 de maio.

A Otan planeja uma grande ofensiva em Kandahar, a fim de tentar uma vitória decisiva contra os talibãs. Para isso, os EUA estão enviando ao Afeganistão um contingente adicional de 30 mil soldados. Segundo analistas, o desempenho dessa investida pode ser decisivo para acabar com os conflitos no país.

Mais civis mortos por engano

Entretanto, mesmo no Afeganistão o apoio às tropas da Otan tem diminuído. Quanto mais civis morrem em ações militares, maior é a rejeição enfrentada pelas tropas ocidentais.

Nesta terça-feira, a Otan admitiu ter matado quatro civis por engano durante um ataque realizado no sul do Afeganistão. Entre as vítimas estavam duas mulheres e uma criança. O ataque visava a atingir militantes talibãs.

O incidente, ocorrido na segunda-feira, se deu logo depois que a Isaf admitiu ter matado três mulheres em um ataque-surpresa mal-sucedido em fevereiro passado. Inicialmente as tropas ocidentais haviam desmentido acusações nesse sentido.

Nesta terça-feira, a Isaf também comunicou que quatro crianças foram feridas durante combates entre tropas da Otan e insurgentes no norte do Afeganistão.

Na sexta-feira passada, tropas alemãs da Isaf balearam por engano cinco soldados afegãos motorizados que não se detiveram para identificação.

MD/afp/rtrs/lusa
Revisão: Simone Lopes