1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

À brasileira

28 de março de 2010

Tecnologia desenvolvida pelo IBGE será usada para contagem da população em Cabo Verde. Além de treinar os agentes cabo-verdianos, o Brasil também emprestou 150 computadores de mão ao país.

https://p.dw.com/p/MgEa
Computador de mão é grande aliado dos recenseadoresFoto: picture-alliance / Sven Simon

Cabo Verde faz os últimos ajustes para enviar seus recenseadores às ruas: pela primeira vez no país africano, a contagem da população será feita por meio de computadores de mãos e com o uso de um questionário mais preciso. A experiência que a ilha africana está prestes a viver, no entanto, tem a marca brasileira.

"Nós transferimos conhecimentos metodológicos e tecnológicos. Também fizemos empréstimo de computadores de mão que serão usados na coleta de dados. E a preparação para o censo de 2010 em Cabo Verde começou há mais dois anos", contou à Deutsche Welle um dos coordenadores brasileiros do projeto, Lafayette Cortes Neto, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cabo Verde, assim como outras 136 nações, fará o censo demográfico entre 2010 e 2011, e a participação brasileira vai ajudar o país africano a recontar seus habitantes – cerca de 500 mil, segundo o último levantamento – com mais agilidade e precisão. Além de treinar os agentes cabo-verdianos, o IBGE também emprestou 150 computadores de mão ao país.

A exportação do know how brasileiro para países da África não é inédita: Moçambique e Angola também já receberam apoio do IBGE, que ampliou as colaborações internacionais em 2003.

O avanço do Brasil no campo da tecnologia empregada no censo demográfico é reconhecido pelas Nações Unidas – e rende ao país convites para colaborar internacionalmente com diversas nações, incluindo as que estão fortalecendo o sistema democrático.

Slum Favela in Sao Paulo Brasilien Flash-Galerie
No Brasil, cerca de 58 milhões de domicílios receberão visita do recenseadorFoto: AP

Do outro lado do Atlântico

E, no Brasil, todos os 58 milhões de domicílios estimados receberão visita de agentes do IBGE. A operação é complexa e gigantesca: "E muito cara, também", ressalta Neto. O censo 2010 deve custar 1,7 bilhão de reais.

A partir de junho estarão nas ruas, para colher os dados, cerca de 192 mil recenseadores – ao todo, são 240 mil pessoas envolvidas, contingente maior do que o Exército brasileiro.

O Instituto Nacional de Estatísticas, criado em 1934, começou a usar os PDA em 2007, num minicenso aplicado no país. "É um sistema tecnológico avançado, que agiliza o processamento das informações e a população brasileira está muito acostumada a essa tecnologia", assegura Lafayette.

Mas o que tornou o Brasil pioneiro e despertou a atenção dos outros países foi a implementação, em todo o território nacional, de um sistema com terminais que fazem download e upload de informações – de qualquer ponto do Brasil é possível enviar dados para a sede da instituição, no Rio de Janeiro.

"Nenhum país tinha feito isso em grande escala, nós fomos os primeiros. O salto tecnológico brasileiro nesse campo é reconhecido internacionalmente, mas nem todos os países usam a mesma tecnologia e, por questões culturais, preferem não abrir mão do papel, do método tradicional", comenta Cortes Neto.

Censo na Alemanha

Deutschland Bundesrat Volkszählung Fragebogen von 1987
Formulário alemão usado no censo de 1987Foto: AP

Ainda neste ano algumas das nações mais populosas do mundo realizarão censos demográficos: China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Paquistão, Indonésia, México, Argentina e Venezuela são alguns exemplos.

Até 2011, aproximadamente 80% da população mundial será recontada – na Europa, a grande maioria dos países realiza o censo a partir do ano que vem.

Na Alemanha, diferentemente do Brasil, a principal fonte de informação para o censo são os cartórios. É deles que vêm o número total de habitantes. O perfil da população é determinado por amostragem.

"Nós não vamos a todos os domicílios, apenas 10% da população recebe a visita de um agente", explica Wolfgang Rieger, do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis).

Quem receber o recenseador poderá escolher entre a forma tradicional ou digital: "O agente dá a opção para a pessoa que receber a visita. Ela pode escolher entre preencher um questionário de papel e receber uma senha para responder as perguntas online", esclarece Rieger.

E as informações coletadas em 2011 podem causar grande surpresa, afinal, o último censo realizado no país foi em 1987, ainda na República Federal da Alemanha. Do lado oriental, a contagem foi feita em 1981.

Contagem pelo correio

Os americanos já começaram o censo: desde o início do mês, cada morador recebe pelo correio um formulário com dez perguntas. Sem qualquer contato pessoal com agentes recenseadores, os cidadãos são orientados a enviar as respostas por correio.

A maioria dos questionários é enviada em inglês, mas, para regiões com grande número de estrangeiros e descendentes, o formulário também segue em espanhol. "É para isso que serve o censo. Um país precisa identificar a sua população para traçar políticas e pensar no futuro", finaliza Lafayette Cortes Neto.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Alexandre Schossler