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Poesia multilíngue

30 de outubro de 2009

Através de parcerias em 41 países, o site Lyrikline oferece ao usuário 5.550 poemas em diversas línguas, além de áudios a serem baixados da internet no idioma original.

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Poemas online: concorrência à tradição do livro?Foto: AP

Christiane Lange, da Literaturwerkstatt (oficina de literatura) de Berlim, está convencida de que poesia é também sonoridade. "Ou seja, não basta ler um poema. Este tem um ritmo, uma respiração. Ao se ouvir uma poesia, principalmente quando lida pelo próprio poeta, a obra ganha uma presença física", analisa Lange. Por isso, no site www.lyrikline.org não se pode apenas ler poemas impressos, mas também ouvi-los em arquivos de áudio. Nos dez anos de existência do site, foram publicados mais de 5.500 poemas.

"Começamos com 16 poetas alemães. Aí o projeto foi crescendo cada vez mais. Hoje, temos parceiros em 41 países", diz Lange. A própria Literaturwerkstatt decide, junto com as organizações parceiras no exterior, quais textos devem ser publicados. A ideia é priorizar qualidade e não quantidade. Para isso, a premissa é evitar a qualquer custo avalanches de textos de má qualidade no site.

Gravações em estúdio

Logo 10 zehn Jahre Lyrikline.org
Comemorações de 10 anos do site

Para muitos escritores, ter um trabalho publicado pelo Lyrikline é uma honra. O berlinense Nico Bleutge, por exemplo, publica no site há seis anos. "Fui abordado depois de ter participado do Concurso Leonce und Lena, um dos mais importantes certames de poesia para autores jovens nos países de língua alemã. A Literaturwerkstatt me convidou para ir até um estúdio depois de uma leitura, para que eu pudesse declamar alguns de meus textos", conta o escritor.

O Lyrikline já publicou dez poemas de Bleutge, todos traduzidos para o inglês, espanhol e russo, mas também para outros idiomas menos populares como o dinamarquês e o persa.

"Há diversos caminhos pelos quais as traduções chegam até nós. Às vezes os próprios autores, interessados na divulgação, simplesmente nos enviam as traduções. Outras nós mesmos encomendamos. A rede de parcerias é também uma rede de tradução, ou seja, todo o mundo se compromete a transpor textos de outros poetas para sua própria língua e vice-versa. Outra possibilidade de chegar às traduções são oficinas que organizamos, nas quais os autores trabalham em duplas uns com os outros, traduzindo suas obras para outros idiomas", conta Lange.

Traduzindo a musicalidade da palavra

Nico Bleutge já participou de duas dessas oficinas, e na ocasião traduziu para o alemão textos do espanhol Vicente Luis Mora. Este, por sua vez, traduziu poemas de Bleutge para sua língua. "Nesse intercâmbio direto, é possível questionar os menores detalhes de conteúdo e ritmo. E aprende-se também muito sobre o próprio texto. É claro que surgem perguntas por parte dos outros poetas que obrigam você a olhar detalhadamente para o que escreveu", conta Bleutge.

Screenshot Lyrikline.org Flash-Galerie
Screenshot do Lyrikonline.orgFoto: Screenshot Lyrikline

Tudo isso reflete na ótima qualidade das traduções. No site Lyirkline, os originais e as respectivas traduções aparecem em janelas separadas, uma ao lado da outra, tornando assim mais fácil a comparação entre os dois textos. Além disso, o site oferece uma máquina de busca e informações biográficas sobre os autores. Isso faz com que textos que normalmente só seriam lidos por poucas pessoas sejam divulgados internacionalmente.

"Essa é uma sensação muito agradável. Recebemos retorno dos leitores às vezes pessoalmente, às vezes por e-mail. E a maioria não lê apenas os poemas, mas ouve também os áudios, criando, desta forma, uma proximidade maior entre nós, autores, e os leitores", acentua Bleutge.

O Lyrikline serve tanto para pesquisas específicas quanto para uma mera navegação em momentos de lazer. Christiane Lange, por exemplo, costuma ouvir poesias em idiomas que ela nem compreende. "É maravilhoso, como um concerto. Recomendo a todo mundo quebrar a rotina do dia-a-dia, deixando-se levar pela musicalidade da palavra", diz ela.

Autor: Oliver Kranz (sv)
Revisão: Augusto Valente