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Charité 300 anos

13 de outubro de 2009

Para o neurologista Karl Max Einhäupl, diretor-executivo de um dos maiores hospitais universitários da Europa, no futuro haverá medicamentos específicos para cada pessoa. Charité de Berlim inicia celebrações de 300 anos.

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Hospital Charité de Berlim já ganhou sete Prêmios NobelFoto: AP

O Hospital Charité de Berlim comemora 300 anos em 2010. Em 1710, o rei Frederico 1° da Prússia inaugurou o hospital que deveria servir de asilo para doentes infectados com a peste, caso a epidemia que se alastrava pela Europa chegasse a Berlim.

Posteriormente, cientistas como Robert Koch, Paul Ehrlich e Rudolf Virchow trouxeram fama mundial ao Charité. Sete prêmios Nobel já foram recebidos pelos pesquisadores da casa.

Nesta quarta-feira (14/10), o Hospital Charité de Berlim inicia as comemorações de seus 300 anos com um congresso que tratará do tema "A Medicina do Futuro". Segundo o Charité, é o mais importante encontro mundial de pesquisadores, cientistas, políticos e agentes do sistema de saúde.

Em entrevista à Deutsche Welle, o professor Karl Max Einhäupl, diretor-executivo do Charité - Universitätsmedizin Berlin (Hospital Universitário Charité de Berlim), falou sobre a medicina do futuro e sobre o papel que o Charité exercerá.

Karl M. Einhäupl
Einhäupl dirige CharitéFoto: DW

Deutsche Welle: O Charité é composto por 107 clínicas e institutos. Ele é clínica, universidade e centro de pesquisa. Em qual dessas áreas está o ponto forte do Charité?

Karl Max Einhäupl: O Charité tem a pretensão de ser bom nas três áreas. Acreditamos, todavia, que temos uma tarefa principal: a pesquisa. E nesse ponto achamos que conseguimos chegar ao topo.

O Charité conseguiu obter sete Prêmios Nobel. Como o senhor pretende fazer jus à reputação dos anos anteriores?

Eu tenho que admitir que não será possível, nos próximos anos, trazer um Prêmio Nobel. Mas não devemos esquecer que, no decorrer dos últimos 17 anos, o Charité conseguiu se tornar novamente o número 1 na Alemanha, segundo as avaliações dos tradicionais indicadores de ciência. Se continuarmos nesse caminho, conseguiremos um dia estar novamente na entrega de um Prêmio Nobel em Estocolmo.

Qual o seu maior desejo em relação ao Charité?

O desejo mais urgente é conseguir motivar principalmente cientistas jovens a continuar trabalhando aqui e que eles se conscientizem que estão numa instituição de excelência. A partir daí, eles podem criar forças para continuar sua tarefa com sucesso, mesmo sob as difíceis condições de trabalho que enfrentamos.

É possível tornar a medicina acessível para todos?

Sim, mas será cada vez mais difícil, porque os progressos da medicina avançam rapidamente e seu custo é sempre maior. De fato, pensar sobre isso será obrigação para os estabelecimentos de pesquisa: como tornar a medicina acessível – não somente neste país, mas também em países que não têm força econômica igual à nossa.

O senhor não é somente chefe do Charité, mas também um neurologista experiente. Em sua opinião, como deve ser o futuro da medicina?

Eu espero que a medicina do futuro contribua – como ela também o fez no passado – para que as pessoas atinjam a longevidade com saúde. Todos nós envelhecemos, mas isso deve acontecer com saúde. Eu acredito que vamos conseguir desenvolver, certamente, medicamentos específicos para um indivíduo.

A meta é a medicina personalizada, porque os genes de uma pessoa são extremamente diferentes em comparação com os de outra pessoa. E, no futuro, provavelmente, vamos conseguir oferecer às pessoas medicamentos individualizados.

Ou seja, eu disponibilizo meu perfil genético e o senhor desenvolve um medicamento?

Se deseja colocar as coisas de forma tão simples, essa é certamente a explicação que expressa substancialmente a nossa visão.

Por que leva tanto tempo para que a pesquisa se torne medicamento, ou seja, para que um desenvolvimento científico seja lançado no mercado?

Isso tem a ver certamente com o fato de a pesquisa fundamental, geralmente, ser realizada em animais, principalmente em camundongos ou ratos. E o rato e o camundongo são algo diferente do homem. Quando testamos um medicamento num animal, então temos um paciente bastante homogêneo.

Neste experimento, todos os animais são parecidos ou semelhantes. Os seres humanos são altamente diferenciados. Apesar de portarmos o mesmo número de genes, cerca de 30 mil, reagimos de forma completamente diferente a medicamentos e a agentes patogênicos em comparação com os animais. E saber de tudo isso leva muitos anos.

Qual doença poderá ser controlada num futuro próximo?

Acho que o controle total de uma doença não é possível. Mas estou convencido da importância de deter o avanço principalmente das doenças degenerativas – o mal de Alzheimer é o melhor exemplo. Hoje, temos grande conhecimento sobre os mecanismos desse mal, mas ainda não encontramos os medicamentos e as medidas necessárias que nos permitam fazer parar essa doença.

Autora: Daniela Levy

Revisão: Alexandre Schossler