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Alemanha

30 de agosto de 2009

O enfraquecimento nas urnas da conservadora CDU, partido da premiê Angela Merkel, leva social-democratas a festejar resultados de eleições. Mas pleito estadual pode não refletir tendência nacional, alertam analistas.

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Votação na Turíngia, um dos três estados alemães que foram às urnasFoto: AP

Mesmo que as três eleições estaduais ocorridas na Alemanha neste domingo (30/08) não sejam exatamente uma prévia das eleições parlamentares a serem realizadas no próximo 27 de setembro, o Partido Social Democrata (SPD) não poupou esforços em demonstrar que festeja os resultados do pleito. Embora não tenha subido muito na preferência dos eleitores, o partido considera as três eleições estaduais uma vitória, devido às perdas sofridas pelos adversários políticos da CDU (União Democrata Cristã).

"Este foi um bom domingo para o SPD, com perdas dramáticas para a CDU. A certeza é a de que não se quer, neste país, uma coligação entre democrata-cristãos e liberais", comemorou, efusivo, Frank-Walter Steinmeier, ministro das Relações Exteriores e candidato social-democrata ao posto de chanceler federal.

Vitória simbólica

Steinmeier und Müntefering Wahlkampf
Os social-democratas Franz Müntefering (esq.) e Frank-Walter SteinmeierFoto: AP

Para os correligionários do ministro, no entanto, o entusiasmo com os resultados nas urnas pode parecer um pouco exagerado, já que essa tendência positiva não está tão clara após o pleito nos três estados (todos governados até hoje pela CDU). Na Saxônia, por exemplo, o SPD ficou apenas no nível dos liberal-democratas, partido minoritário no cenário político alemão.

Já na Turíngia e no Sarre, o SPD poderá desbancar os atuais governadores democrata-cristãos. No entanto, o preço pago para isso terá que ser possivelmente uma aliança com verdes e A Esquerda, que só será definida e selada nas próximas semanas. Isso porque social-democratas e verdes, sozinhos, não deverão conseguir a maioria suficiente para governar esses estados.

Para o cientista político Heinrich Oberreuter, os resultados nos três estados são, de qualquer forma, um sinal de que "as árvores de democrata-cristãos e liberais não crescem até o céu". Ou seja, mesmo que os resultados concretos não sejam extraordinários para os social-democratas, "do ponto de vista simbólico, eles estão numa situação mais fácil", analisa Oberreuter.

Preocupação-mor

Deutschland Europa Bundestag Angela Merkel Begleitgesetz zum Lissabonvertrag
A premiê Angela Merkel: perdas dos democrata-cristãos nos três estados terão que ser digeridasFoto: AP

Diante disso, uma das maiores preocupações dos correligionários da premiê Merkel é alertar os parceiros da atual coalizão para os riscos de um governo formado por SPD, Verdes e Esquerda.

O presidente do SPD, Franz Müntefering, por sua vez, continua excluindo terminantemente a possibilidade de selar alianças com A Esquerda, facção que congrega políticos remanescentes do antigo partido único da ex-Alemanha Oriental, de regime comunista. "Em nível federal, é absolutamente claro que não vai haver nenhuma cooperação com A Esquerda", afirmou Müntefering neste domingo à emissora de televisão ARD.

Para Merkel, não há dúvidas de que as eleições nestes três estados foram "incômodas". De fato, vencedores foram os partidos minoritários (hoje na oposição à grande coalizão de governo), que se firmam cada vez mais no cenário político nacional.

Os liberais chegaram a duplicar seu número de votos em determinadas em regiões, A Esquerda registrou crescimento considerável e os verdes se empolgam com a possibilidade de serem a terceira maior força política do país nas próximas eleições. "A luta pelo terceiro lugar vai agora para a reta final", celebrou neste domingo Cem Özdemir, um dos presidentes do partido, em Saarbrücke, capital do Sarre.

Já os extremistas de direita do NPD não conseguirão assentos nas Assembleias Legislativas do Sarre e da Turíngia, mas continuarão presentes na Saxônia, onde ultrapassaram a marca de 5% dos votos.

Sistema dos cinco

Landtagswahl im Saarland
Simpatizantes da CDU lamentam resultados no SarreFoto: AP

Apesar das celebrações de um lado e dos lamentos de outro, analistas políticos afirmam que as eleições estaduais não são um teste real para o pleito nacional de 27 de setembro próximo. Com base em eleições anteriores no país, pesquisadores apontam um comportamento tradicionalmente diferenciado do eleitor nas eleições estaduais e nacionais.

Mesmo assim, os resultados deste domingo devem certamente dar o tom aos próximos dias de campanha eleitoral na Alemanha. Principalmente no que diz respeito à consolidação do "sistema de cinco partidos": ao lado de CDU e SPD, torna-se cada vez mais forte a presença de Liberais, verdes e A Esquerda no cenário político do país.

Neste contexto, o pleito nos três estados reacendeu também a discussão sobre a possibilidade de uma "aliança vermelha-vermelha-verde" para o governo federal, usada para designar uma coligação entre SPD, A Esquerda e Partido Verde.

A mera ideia de que isso possa acontecer em nível estadual no Sarre e na Turíngia, "embora um pouco surpreendente, é com certeza um ponto de exclamação também para Berlim", analisa Oberreuter. "O país não pode ignorar mais essa discussão", completa o cientista político.

SV/ap/dpa/afp