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Otimismo cauteloso

30 de julho de 2009

Na qualidade de "campeã mundial de exportação", a Alemanha depende da situação econômica internacional. Apesar dos fortes efeitos da crise financeira sobre a economia, um cauteloso otimismo se reestabelece no país.

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Foto: Statistisches Bundesamt

O fundo do poço parece já estar superado; agora, pouco a pouco, as coisas só podem melhorar – opinam os analistas econômicos da Alemanha. A crise financeira global deixou marcas inegáveis na conjuntura da "campeã mundial de exportação" e, até recentemente, os prognósticos eram de um desempenho econômico 6% inferior ao de 2008.

Porém, no meio tempo volta a reinar no país um otimismo cauteloso. Isso mostram, por exemplo, as declarações do presidente da Federação da Indústria Química alemã (VCI), Ulrich Lehner. "Nos últimos meses a produção se estabilizou. Há muitos indícios de que, após a abrupta quebra no fim do ano passado, a indústria química tenha ultrapassado o ponto crítico da recessão."

E, no entanto, o setor mantém atualmente seus 430 mil empregados em condições quase precárias. No primeiro semestre de 2009, a produção caiu 15,5%, as exportações, 12%. A indústria é uma das quatro mais importantes do país, ao lado da automobilística, elétrica e de máquinas.

Cautela

Outros setores compartilham as esperanças de Lehner. Mas cautela também é aconselhável. O conglomerado de software SAP reduziu suas previsões de faturamento, reconhecendo que só manterá seus lucros poupando, e não mais através do crescimento.

O Deutsche Bank também reservou, em seu mais recente balanço trimestral, 1 bilhão de euros para créditos passíveis de se tornarem "podres", sete vezes mais do que no ano anterior.

O grupo automotivo Daimler registrou um prejuízo bilionário no segundo trimestre de 2009. No entanto, pelo menos na bolsa de valores, o fato parece não ter incomodado ninguém. Segundo Chris-Oliver Schickentanz, estrategista de ações para clientes particulares do Commerzbank, a Daimler não é um caso isolado.

Expectativas piores do que a realidade

Trata-se, antes, de um fenômeno típico dessa temporada: os números negativos dominam o noticiário, criando expectativas tão sombrias que, em muitos casos, a realidade não é tão má quanto se temia. Um fato que Schickentanz interpreta como "um recuo da dinâmica decrescente". "E esse é um passo na direção certa, sinal de que a situação está melhorando."

O Deutsche Bundesbank, o banco central alemão, igualmente registrou uma reversão da tendência recessiva no segundo semestre de 2009. Tanto que, descontados todos os fatores periódicos e sazonais, os resultados do período em questão deverão ser apenas ligeiramente inferiores aos do semestre anterior.

Mercado de trabalho

Desse modo, economistas como Michael Heise, da seguradora Allianz, já se permitem corrigir de seis para quatro pontos percentuais negativos as expectativas de desempenho econômico no ano em curso.

Ainda assim, -4% bastam para consumir as reservas de encomendas em diversos setores da economia. O setor de fabricação de máquinas, por exemplo, está utilizando apenas 72% de seu potencial, um "ponto baixo histórico". Em consequência, entre 25 mil e 50 mil de seus atuais 975 mil postos de trabalho deverão ser cortados ao longo do ano.

Isso lembra um detalhe preocupante: embora o pior já tenha passado em alguns dos setores econômicos, a crise ainda não chegou ao mercado de trabalho. Este será o desafio da economia alemã no último trimestre do ano, quando o outono chegar à Europa.

Autor: Michael Braun
Revisão:Simone Lopes