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Washington pressiona

11 de maio de 2009

Tanto os EUA como a Rússia querem dar novo impulso ao processo de paz no Oriente Médio. Resta saber o que acham disso o governo recém-eleito de Israel e os líderes palestinos.

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Faixa de Gaza: divergências quanto à retomada do processo de pazFoto: AP

O premiê isralense Benjamin Netahyahu assinalou recentemente a urgência de um processo de paz para o Oriente Médio. "Estamos preparados. Quanto mais cedo, melhor." Essas palavras são uma surpresa, sobretudo vindas da boca de um político que no passado sabotou iniciativas pela paz e há algumas semanas vem encabeçando uma coalizão de direita da qual – segundo declarações próprias – se pode esperar tudo, menos o empenho pelo processo de paz.

Mas os sinais de Washington são claros. Assim como Barack Obama está ousando um recomeço em quase todos os âmbitos significativos, ao que tudo indica ele também quer substituir o apoio incondicional e irrefletido de seu antecessor a Israel por uma linha mais clara, cuja meta é reimpulsionar o processo de paz.

Israel tenta manter proximidade dos EUA

Essa posição alarmou Israel e está sendo debatida, com sérias divergências, entre Jerusalém e Washington. É urgente que Israel tome uma atitude. O presidente Shimon Peres foi o primeiro a visitar Washington e assegurar que a amizade entre os EUA e Israel é inabalável.

Italien Israel Außenminister Avigdor Lieberman in Rom bei Franco Frattini
Avigdor Lieberman, ministro israelense do ExteriorFoto: AP

Peres também declarou que Netanyahu deverá executar a difícil tarefa de manter a coalizão unida, afirmando que o premiê israelense está, sim, comprometido com a paz. Durante sua recente viagem à Europa, o controverso ministro israelense do Exterior, Avigdor Libermann, também destacou a importância de uma solução abrangente para a situação no Oriente Médio, ressalvando no entanto que o atual governo ainda não teve tempo para tal: "Não se pode esperar que um governo esteja pronto com todos os planos após cinco semanas".

Aumenta pressão por consenso de dois Estados

Até agora, era justamente isso que parecia diferente: Netanyahu e Lieberman deixaram claro, diversas vezes, que talvez estivessem dispostos a negociar com os sírios, mas não com os palestinos. Além disso, rejeitaram o consenso internacional de que a paz deveria ser restabelecida na base de dois Estados: Israel e Palestina.

Em Washington, isso gerou consternação e levou o governo norte-americano a cogitar eventuais sanções. As primeiras advertências a Israel foram amenas, mas claras. Durante uma assembléia do Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (Aipac), o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, fez um apelo preciso: "Não construam novas colônias, desativem as bases exteriores existentes, permitam liberdade de trânsito aos palestinos, seu acesso a chances econômicas e uma maior responsabilidade pela segurança".

Jerusalém dificulta negociações

Jerusalém está longe de tais concessões. Foram criados até novos obstáculos para dificultar que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, retorne às negociações. A condição agora é a de que ele reconheça Israel expressamente como "Estado judeu". Abbas se irritou com a exigência, pois sabe muito bem que uma declaração como essa tornaria insolúvel a disputa com o Hamas.

Mahmoud Abbas in Paris
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade PalestinaFoto: AP

"Que Estado judeu? Denominanos esse Estado Israel. Pode-se dar o nome que se quiser a ele, mas isso não aceito e digo em alto e bom som. É estranho que isso tenha sido postulado em Annapolis e que tenhamos discutido longamente a respeito. Já esclareci que não é minha tarefa definir esse Estado. [...] Para mim, existe um Estado de Israel – dentro das fronteiras de 1967. Nenhum centímetro a mais e nenhum a menos. E além disso não aceito mais nada", declarou Abbas.

Agora, Washington quer dialogar isoladamente com os principais envolvidos. Espera-se um discurso mais claro por parte dos EUA nas próximas semanas. Em Israel, muitos associam isso à nova estratégia de Obama para o Irã e descobrem uma repentina proximidade da Europa, menos flexível nesse ponto.

Os simpatizantes de Netanyahu nos EUA começaram a relativizar a dureza de sua postura, argumentando que se trata de um "capital de negociação", do qual ele ainda há de abrir mão. Embora não haja nenhuma confirmação nesse sentido, Netanyahu aceita de bom grado esse apoio, tendo assegurado – durante sua visita a Washington – que ainda guarda alguns trunfos na manga: "Acredito que, com a cooperação do presidente Obama e do presidente Abbas, nós, céticos, poderemos punir mentiras e surpreender o mundo".

Autor: Peter Philipp

Revisão: Soraia Vilela