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Nudez em museu de Hamburgo

Augusto Valente1 de fevereiro de 2002

O objeto de "Nackt" é o corpo humano. Além de um panorama sociocultural, a mostra do Museu de Artes e Ofícios é um prazer para os olhos, com 250 objetos que vão desde a arte egípcia à fotografia contemporânea.

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"Garota Amarrada", de Nobuyoshi Araki, integra a exposiçãoFoto: mkg-hamburg

O poder do corpo nu. Quem assistiu a Coração valente lembra como, no auge da batalha, os escoceses levantam as saias e enfrentam as lanças dos ingleses de traseiro à mostra, num inconfundível gesto de provocação e, no caso, anúncio da vitória eminente. Ficção? Bem, pelo menos sabe-se com certeza que os guerreiros celtas venceram muitas guerras trajando apenas pintura corporal e algumas jóias: só de vê-los, os inimigos morriam de medo.

O Museu de Artes e Ofícios de Hamburgo apresenta, a partir deste 1º de fevereiro até 28 de abril, uma mostra com tema inusitado: Nackt – a estética da nudez. Reunindo um total de 250 objetos, tanto do amplo acervo do museu como emprestados, ela dá uma visão panorâmica de 2500 anos de história da cultura, exemplificados pela encenação da nudez.

As mil faces do nu –

O âmbito da exposição abarca desde preciosidades da arte erótica oriental e obras-primas do barroco a escandalosos cartazes de propaganda (entre estes, uma galeria de nus frontais que a Benetton jamais chegou a colocar em circulação). Nackt traz uma série de subtítulos, no mínimo, intrigantes: Sex sells, Igreja: moral e estética, Violência: vítimas e agressores, guerra e luta, assassinato, estupro e humilhação, Homem, mulher, etc., Masculinidade: de exibição de força a objeto de prazer.

A divisão intitulada Decoração revela o corpo feminino como motivo quase abstrato e, contudo, sensual. Em Utopia: corpo e visão de mundo, uma foto de Diane Arbus nos confronta com um casal de nudistas, harmonizando liberdade e a perpetuação dos papéis burgueses (numa sala de estar perfeitamente "normal", ele sentado de pernas abertas, ela unindo os joelhos com pudor). Fronteiras nos leva desde o Egito antigo à Paris art nouveau de Alfons Mucha, num passeio entre arte e pornografia.

Enfim, a nudez parece mesmo revelar bem mais do que a roupa oculta. A exposição em Hamburgo prova como, ao longo dos séculos, ela tem representado, sucessiva ou simultaneamente: quebra de tabu, visualização de utopias, provocação, estudo de anatomia, explicitação dos papéis sexuais, exploração e, last but not least, estímulo sexual.