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Menos emissões

4 de abril de 2009

Tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) promete reduzir em até 70% emissões de usinas a carvão. Grandes operadoras de energia apostam nela. Ambientalistas criticam aprovação de projeto de lei.

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Tanque de armazenamento de CO2 integra projeto europeu que testa bombeamento dos gases emitidos por usinas a carvãoFoto: AP

O governo alemão se empenha para manter as usinas a carvão mineral do país, reduzindo o dano ambiental causado pelas emissões de dióxido de carbono (CO2). Nesta quarta-feira (01/04), foi aprovado pelo gabinete de governo em Berlim o projeto da chamada lei CCS (Carbon Capture and Storage – captura e armazenamento de carbono).

Trata-se de uma nova técnica que permitiria isolar o gás corresponsável pelo efeito estufa, comprimi-lo e transportá-lo por canalizações até depósitos subterrâneos. A CCS reduziria, assim, as atuais emissões de CO2 – na Alemanha, 350 milhões de toneladas por ano – em até 70%.

O projeto da lei CCS prevê um prazo de dez anos para que o método seja experimentado, até sua implementação em nível comercial.

Apoio das operadoras

Deutschland Klima CO2 Speicherung Pilotprojekt Ketzin
Perfurações para projeto piloto de transporte do gás foram iniciadas em 2007 em KetzinFoto: AP

Segundo o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, a nova lei concederia às operadoras de energia elétrica garantias para o planejamento e investimento em fábricas que serviriam de pesquisa e como modelo para prosseguir o projeto.

As operadoras RWE, Vattenfall e E.on veem grandes chances na legislação, já havendo anunciado a construção, até 2015, de três usinas piloto: em Hürth (Renânia do Norte-Vestfália), Jänschwalde (Brandemburgo) e Wilhelmshaven (Baixa Saxônia), cada uma com capacidade de 400 a 500 megawatts.

A Confederação da Indústria Alemã (BDI) disse esperar que o projeto seja aprovado ainda antes das eleições gerais no país, em 27 de setembro próximo.

Harmonia entre economia e meio ambiente

Gabriel observou que "as usinas de carvão só têm futuro se se tornarem menos prejudiciais para o clima". O ministro da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, vê também perspectivas de fortalecimento do papel da Alemanha na tecnologia ambiental.

Durante semanas, os ministros debateram os detalhes do projeto. Agora, ambos asseguraram que o processo de armazenamento não encarecerá a energia no país, já que os preços dependem da cotação dos certificados de emissão de dióxido de carbono.

Para cada país, a União Europeia fixa um limite máximo para as emissões das usinas de carvão; quanto mais elevadas elas forem, mais caros se tornam os certificados. No interesse do clima, os projetos existentes para o emprego da energia geotérmica tampouco serão prejudicados, assegurou Gabriel.

Ceticismo dos ambientalistas

Porém os ambientalistas fazem sérias ressalvas à lei CCS. Uma delas é sobre a responsabilidade pela segurança dos depósitos subterrâneos a longo prazo. A lei prevê que, durante até 80 anos, essa obrigação caberia às operadoras dos depósitos.

Após esse período, o risco passaria aos estados federados. Como garantia, porém, as operadoras depositariam uma taxa, cujo valor ainda não foi fixado. As associações ambientais temem que o gás não possa ser armazenado hermeticamente durante um longo período, o que poderia trazer consequências desastrosas.

As entidades ambientalistas Agência Ambiental Alemã (DUH) e Bund criticam a insistência no carvão mineral, retardando a adoção de energias renováveis. Além disso, o governo estaria colocando os custos e os riscos nas mãos do contribuinte, e não na dos fornecedores, alegam.

Este ponto de vista é partilhado pelo partido A Esquerda. Representantes do Partido Verde se declararam céticos de que "a CCS jamais venha a acontecer". Segundo a agência de notícias GLP, a Alemanha pretenderia manter-se um "país do carvão", enquanto a UE classifica a CCS expressamente como "tecnologia de transição".

AV/RW/ap/dpa/glp