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Relações econômicas

22 de março de 2009

Em época de crise, o mundo olha para a China com esperança. Apesar da baixa nas exportações, o país espera um crescimento superior a 6% em 2009. Um abrangente pacote conjuntural pode ajudar médios empresários alemães.

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China aposta em energias renováveisFoto: AP

A crise também atingiu o elevado crescimento econômico do grande país asiático. O próprio governo em Pequim prevê que a economia chinesa crescerá "apenas" 8% no ano corrente; já os especialistas prognosticam um índice de somente 4% a 6%. Mesmo assim, esses são números com que os europeus e americanos não contam nem em sonho.

A pergunta que os empresários alemães se colocam não é se seria o caso de fazer negócios na China, mas sim como fazê-los. Manfred Rothgänger, diretor da Câmara de Comércio e Indústria (AHK) China-Alemanha em Xangai, está convencido de que os empresários alemães têm amplas possibilidades de participar do crescimento chinês, sobretudo em decorrência do programa conjuntural.

Rompendo a dependência das exportações

O rápido crescimento da China desde o final dos anos 1990 só foi possível graças às exportações. Agora que o comércio global desacelerou, a dependência das exportações se tornou um problema. Nos principais mercados para onde escoam os produtos chineses – União Europeia e Estados Unidos –, os consumidores têm que economizar. E isso afetou gravemente a economia do país asiático.

Com um programa conjuntural que envolve verbas de quase 470 bilhões de euros, os governantes pretendem ampliar a infraestrutura, ajudar os exportadores e fomentar a demanda. Isso também pode beneficiar empresários alemães de vários setores, conforme avalia a AHK de Xangai.

Smog in China Peking 2007
Dez por cento das verbas vão para proteção ambientalFoto: picture-alliance/ dpa

A chance é maior nos casos em que nenhuma empresa chinesa dispuser das tecnologias necessárias. Segundo Rothgänger, "isso inclui todos os setores afetados por medidas de infraestrutura, como – por exemplo – a construção de estradas e de aeroportos, mas também a medicina e setores com alta demanda, como os de eficiência energética e tecnologia ambiental".

O boom do setor de energia eólica prossegue. Um a cada três aerogeradores construídos no mundo é instalado na China. E nada deverá deter esse crescimento, considerando que o oeste do país, com suas planícies ventosas, ainda foi pouco explorado. Até 2010, a China pretende elevar para 10% a cota de energias renováveis para abastecimento de eletricidade; até 2015, a meta é de aumentá-la para 15%.

É justamente nesse setor que existe demanda para o know-how de empresas alemãs, afirma Gisbert Schulze, diretor do grupo SSB, uma empresa alemã que vende motores para pás de rotor de aerogeradores. Schulze considera satisfatória a quantidade de encomendas, mas também observa uma certa desaceleração no setor: "Acreditamos que 2009 será um ano relativamente incerto, mas também esperamos que 2010 traga o crescimento prognosticado".

Investimentos dentro e fora do país

Ao contrário dos EUA, a China não tem 10 trilhões de dólares de dívidas, mas sim reservas de divisas de aproximadamente 2 trilhões de dólares. Ou seja, o país dispõe de recursos financeiros para investir. A tendência é que se invista cada vez mais no exterior.

As crescentes atividades da elite empresarial chinesa fora do país também abrem novos campos de negócios para empresários alemães, conforme avalia Hans-Christian Ueberschaer, consultor de altos executivos na escolha dos aviões apropriados para as empresas: "A China está assegurando recursos em todo o mundo – minérios na Austrália ou metais na África, América Latina e Ásia. Os executivos têm que estar preparados para chegar rapidamente a essas fontes de matéria-prima e é nisso que podemos ajudá-los".

Mas os investimentos chineses não são destinados apenas ao exterior, cada vez mais fluem dentro do próprio país – para o desenvolvimento de novos produtos, por exemplo. Quanto mais dinheiro os chineses gastam em inovação, mais sofrem ao ver seus produtos serem copiados por conterrâneos.

Solaranlage in China
Meta de chegar a uma cota de 15% de energias renováveis até 2015Foto: picture-alliance / dpa

Por isso, aumenta na China o interesse pela proteção contra o roubo de ideias. Já existe uma legislação nesse sentido, embora em muitos casos ela só fique no papel, segundo confirma Rothgänger: "A China é grande. Ainda não existe a possibilidade de controlar direito".

Crise aproxima países

Melhorar a proteção dos direitos de propriedade intelectual certamente teria um impacto positivo sobre as relações sino-alemãs. Entre a China e a Alemanha, o diálogo político chegou a ser suspenso no último trimestre de 2007. A razão disso foi o encontro da chanceler federal alemã, Angela Merkel, com o líder religioso dos tibetanos, Dalai Lama. As relações econômicas também foram afetadas por essa ocorrência.

No entanto, diante da recessão econômica, os países tendem a se aproximar, apesar das divergências políticas, conforme ressalta Ueberschaer: "Justamente agora, numa época de crise, os interesses comuns levam a uma ação conjunta, e isso fortalece muito a base de confiança".

Em épocas nas quais os bancos não emprestam mais dinheiro entre si, confiança passa a valer ouro no mundo dos negócios.

Autora: Nina Haase
Revisão: Alexandre Schossler