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Lá onde é mais barato

26 de março de 2009

Na União Europeia, cadeias de lojas vivem da produção de roupas na Ásia e em países vizinhos do bloco, como a Moldávia, onde a mão-de-obra é mais barata. Isso permite baixar os preços para o consumidor.

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China é o maior exportador de roupas para a União EuropeiaFoto: dpa - Bildfunk

As roupas que os europeus vestem vêm principalmente de países com mão-de-obra barata. De acordo com o Departamento de Estatísticas da União Europeia, Eurostat, o valor total de roupas importadas em 2007 foi de quase 60 bilhões de euros, sendo que 38% das mercadorias vieram da China, 15% da Turquia e 8% de Bangladesh. Na Alemanha, 90% das roupas provêm do exterior.

Segundo dados da organização europeia da indústria têxtil e de vestuário Euratex, os consumidores europeus gastam, em média, 700 euros por ano em roupas. Porém, por trás dessa média se ocultam muitas diferenças. Os italianos, por exemplo, chegam a desembolsar mil euros por ano e os poloneses, apenas 100 euros.

Novos centros da indústria têxtil

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Galeria em Milão: italianos gastam mil euros por ano em roupasFoto: picture-alliance / KPA

Embora a maioria dos produtos venha da Ásia, países vizinhos da União Europeia exportam cada vez mais para o bloco. Na Macedônia, por exemplo, os produtos têxteis representam 75% das exportações. Deste valor, mais da metade vai para estabelecimentos na Alemanha.

As empresas têxteis da Macedônia se concentram, principalmente, em Stip, no leste do país. A cidade é conhecida como um centro da produção têxtil desde a época em que a região pertencia à Iugoslávia, mas atualmente o seu mercado está voltado quase exclusivamente para a União Europeia. O principal diferencial das fábricas locais é a entrega a curto prazo, vantajosa para grandes cadeias, como a C&A.

O diretor de uma das firmas de logística da cidade, Trajan Angelov, diz que eles organizam o transporte dos produtos em várias etapas da produção. "Devemos organizar a distribuição do tecido de fabricantes, por exemplo, da Turquia, Espanha, Índia, Itália, China até a Macedônia e, depois, para as fábricas que produzem as roupas", explica. A empresa também se encarrega de buscar as peças prontas, submetê-las a triagem e etiquetá-las, para que possam ser enviadas à Alemanha.

Quanto às condições de trabalho, Vanco Bogdov, proprietário de uma confecção de Stip, afirma que os funcionários têm contrato. Ele explica que não há produtividade sem contrato de trabalho.

Vendas em alta, preços em baixa

Enquanto a produção de roupas aumenta, os preços de venda estão baixando na União Europeia, principalmente no Reino Unido, onde diminuíram mais de 50% entre 1999 e 2007, segundo dados da Euratex. A brusca redução de preços se deve, acima de tudo, ao processo de concentração no comércio de roupas.

Deutschland Einzelhandel C&A Geschäft in Frankfurt
C&A é um dos estabelecimentos que importam da MacedôniaFoto: AP

Nesse processo, grandes cadeias, shopping centers e lojas baratas passaram a dar tônica. Eles compram quantidades enormes de mercadoria no exterior e as vendem a preços baixos. Por isso, na Alemanha, o número de pequenas confecções diminuiu aproximadamente 30% nos últimos dez anos.

Rapidez, preços baixos e nenhum risco logístico: essas são as tendências do mercado europeu de roupas. Dependendo da rapidez com que uma moda passa, pode ser que novas mercadorias sejam encomendadas da noite para o dia.

Atualmente, as roupas praticamente não são feitas para atravessar gerações. Não é raro as peças serem descartadas logo após a passagem de uma estação. Na Alemanha, por exemplo, cerca de 700 mil toneladas de roupas são jogadas fora por ano.

Autor: Thomas Franke
Revisão: Simone Lopes