1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Conferência no Egito

Agências (sm)2 de março de 2009

Para reconstruir a Faixa de Gaza, o que não falta é dinheiro, mas sim um contexto político que possibilite a distribuição dos recursos. Países doadores, reunidos no Egito, apostam em conciliação entre Fatah e Hamas.

https://p.dw.com/p/H4JU
Mais de quatro mil casas destruídas em Gaza, 11 mil danificadasFoto: picture alliance / landov

Mais de 70 países prometeram uma ajuda financeira de quase 3,6 bilhões de euros para a reconstrução da Faixa de Gaza, durante um encontro realizado na localidade egípcia de Sharm el Sheikh, nesta segunda-feira (02/03).

Os países do Golfo prometeram aos palestinos 1,3 bilhão de euros, quantia a ser distribuída ao longo de cinco anos. Os Estados Unidos liberaram 714 milhões de euros, dos quais um terço será destinado à Faixa de Gaza. O restante deverá ajudar a autoridade palestina a promover reformas econômicas e equilibrar o déficit orçamentário.

A Comissão Europeia vai doar 436 milhões de euros para a reconstrução de Gaza e para as reformas planejadas pelo governo palestino. A Alemanha, por sua vez, assegurou uma ajuda de 150 milhões de euros.

Como administrar a ajuda internacional

No encontro, o lado palestino foi representado pelo presidente Mahmud Abbas. O Hamas, agrupamento radical islâmico que controla a Faixa de Gaza, não foi convidado à conferência, mas esteve no centro das discussões em Sharm el Sheikh.

Um grande impasse a ser superado é a administração das ajudas financeiras concedidas. Os países do Ocidente se recusam a negociar diretamente com o Hamas. O governo palestino sob Abbas, por sua vez, conta com o apoio da comunidade internacional, mas é sediado na Cisjordânia, mantendo reduzida influência sobre a Faixa de Gaza.

A maioria dos países da União Europeia, que se manteve distante do Hamas desde a sua ascensão ao poder, em 2006, espera agora que o Fatah, partido de Abbas, e o Hamas componham o mais rápido possível um governo comum. Segundo a agência de notícias dpa, os Estados Unidos não excluíram essa opção, desde que o Hamas se contente em enviar políticos mais moderados para um eventual gabinete de governo com o Fatah.

Reconstrução depende de solução política

Um outro problema dos países doadores é garantir a chegada da ajuda internacional ao destino certo. Nações do Golfo, entre as quais a Arábia Saudita, Catar e o Kuwait, anunciaram a criação de um escritório comum em Gaza, com a meta de inspecionar a reconstrução.

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, exigiu que a ajuda internacional chegue às mãos dos necessitados em Gaza, de forma contínua e irrestrita. Ele também alertou sobre a necessidade de conciliar a abertura controlada das fronteiras de Gaza com um combate eficiente ao tráfico de armas. Steinmeier também defende a formação de um governo comum entre Fatah e Hamas.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, advertiu que a ajuda à Faixa de Gaza não poderá chegar às mãos do Hamas. Assim como Steinmeier, Clinton considera que uma paz duradoura só pode ser assegurada pela coexistência de dois Estados, um israelense e um palestino.

Abertura imediata das fronteiras de Gaza

Na declaração final da conferência, os 75 países participantes exigiram uma "abertura imediata, total e incondicional de todas as passagens de fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza". A comissária europeia do Exterior, Benita Ferrero-Waldner, considera essa uma das reivindicações mais importantes da conferência.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, também acha inaceitável que Israel imponha a libertação de soldados israelenses como condição para a suspensão do bloqueio da fronteira de Gaza.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defende a criação de um cronograma, a fim de que se prepare até o fim do ano um acordo para a criação de um Estado palestino democrático e moderno, ao lado de Israel.