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Bento 16 revolta judeus

Agências (as)25 de janeiro de 2009

Anulação da excomunhão de um bispo que nega a ocorrência do Holocausto prejudica as relações entre judeus e católicos, afirmam representantes judaicos.

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Papa Bento 16 no Vaticano

A anulação da excomunhão de quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio 10, anunciada neste sábado (24/01) pelo papa Bento 16, causou protestos de representantes judaicos.

O motivo é que um dos religiosos reintegrados à Igreja Católica é o bispo britânico Richard Williamson, conhecido por negar publicamente a ocorrência do Holocausto. Ele é alvo de investigação na Alemanha, onde negar o Holocausto é crime.

A promotoria pública de Regensburg abriu inquérito esta semana porque o religioso negou a existência de câmeras de gás nos campos de concentração e a morte de 6 milhões de judeus durante uma visita ao seminário da fraternidade na localidade alemã de Zaitzkofen. A entrevista foi exibida pela televisão sueca.

Os outros três membros da congregação reabilitados por Bento 16 são o hispano-argentino Alfonso de Galarreta, o suíço Bernard Fellay e o francês Bernard Tissier de Mallerais. Todos haviam sido excomungados em 1988, após terem sido ordenados bispos pelo fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio 10, Marcel Lefebvre, sem autorização do Vaticano.

Aproximação entre judeus e católicos

Organizações judaicas criticaram a decisão do Papa afirmando que Williamson é uma pessoa claramente antissemita e a que a anulação da excomunhão contamina toda a Igreja. O presidente dos rabinos italianos, Giuseppe Laras, se mostrou decepcionado e disse que a decisão não auxilia na aproximação entre judeus e católicos.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, rejeitou as críticas afirmando que a anulação de excomunhão é um gesto de paz, que tem apenas o objetivo de reintegrar os seguidores da Fraternidade São Pio 10. Ele disse que o Vaticano não compartilha das afirmações de Williamson sobre o Holocausto.

O motivo para a separação da Fraternidade Sacerdotal São Pio 10 do Vaticano, em 1988, foi a rejeição por Lefebvre e seu seguidores das reformas introduzidas pelo Concílio Vaticano 2º. Eles criticam, por exemplo, a aproximação com o judaísmo e com outras igrejas cristãs. Lefebvre morreu em 1991 sem se reconciliar com a Igreja Católica.